13 - Julgamento

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A notícia de que o FBI tinha capturado uma assassina de uma organização terrorista fazia o cabeçalho de todos os jornais do Mundo. O julgamento pelos seus crimes começaria hoje e seria transmitido em direto por um canal de notícias, não havia data para terminar, mas todos sabiam que o Governo não iria querer prolongar esta fachada durante muito tempo, a sentença estava definida. Não era por acaso que todo o processo tivesse sido transferido para o estado de Flórida, onde a pena de morte era permitida.

A sala era grande e já se encontrava repleta de jornalistas, uns apenas com papel e caneta ou tablets, outros munidos de camaras fotográficas. As camaras de filmar estavam montadas em pontos estratégicos de maneira a captar todas as reações dos envolvidos.

Uma imensa mesa de madeira maciça em formato de meia lua ocupava grande parte do palco central. As camaras já estavam a gravar quando as entidades que iriam proceder à realização do julgamento entraram e se sentaram nos seus respetivos lugares. Ao centro da mesa, no lugar de destaque o Juiz Dume Solarin, um homem perto dos seus 60 anos, alto e encorpado de raça negra, tinha um semblante fechado e uma voz grave e forte. À sua direita encontrava-se o Secretário de Estado Thaddeus Ross e à direita deste o Diretor do FBI James McNeill. À esquerda do Juiz estava uma mulher na casa dos 50 anos, elegante, vestida com um fato creme, Emily Temple era uma psicóloga especialista em estudos comportamentais de presidiários de alto risco, e à sua esquerda o Coronel James Rhodes na qualidade de representante das Forças Armadas Americanas.

Pouco tempo depois uma porta da sala, contrária ao local onde se encontravam os presentes, abriu-se e apareceu Ray seguida por dois polícias equipados com capacete, colete à prova de balas e as mãos pousadas nos coldres das pistolas. Ela vestia um macacão cor de laranja garrido, umas sapatilhas de pano rasas sem atacadores, estava restringida por um colete de forças preto e tinha ao pescoço um dispositivo que mais parecia uma continuação de uma alça do seu colete, com uma luz vermelha fixa a indicar que estava ativo. Os pés arrastavam-se no chão devido às algemas colocadas nos seus tornozelos que lhe encurtavam os passos, os ombros pendiam ligeiramente para a frente acompanhando a cabeça caída. Foi conduzida pelos dois polícias até à mesa e cadeira que lhe eram destinadas. Antes de se sentar estes retiraram-lhe o colete de forças, prenderam as mãos nas algemas que estavam ligadas à mesa e que se conectavam às dos seus tornozelos, tornando impossível para Ray colocar-se em pé.

Um homem de meia idade aproximou-se e começou a ligar uns fios ao seu corpo, passou uma fivela à volta do seu peito e outra na zona das costelas, rodeou o braço esquerdo com uma cinta larga e colocou nos dedos indicador e médio da mão direita uns velcros parecidos com pensos rápidos, tudo isto a ligava a um detetor de mentiras. Ray forçou-se por não cruzar o olhar com o técnico, ele já estava demasiado nervoso por ter que se aproximar dela. Sentiu o seu alívio quando regressou à pequena mesa onde tinha o aparelho e o ligou indicando para o Juiz que tudo estava operacional.

- Boa tarde Senhores e Senhoras. Vamos dar início a este julgamento que opõe o FBI a Ray. – A voz grave do Juiz Solarin preencheu a sala. – Foi-me informado que a arguida prescindiu de advogado. – Ray nem sequer tinha sido consultada acerca desse assunto, mas quem seria o advogado que a quereria defender? – Para efeitos de validação do polígrafo pedia à arguida que respondesse apenas com sim ou não às seguintes perguntas. A cor do seu fato é laranja?

Pela primeira vez desde que tinha chegado àquela sala Ray levantou o olhar do chão e endireitou a cabeça e ombros. Os seus olhos estavam marcados com profundas olheiras, o que não era de estranhar visto que em dois dias apenas tinha dormido pouco mais de uma hora e meia.

- S...i... - A sua voz falhou por não a usar desde a última vez que estivera na Prisão RAFT. Aclarou-a antes de voltar a responder. – Sim.

- O seu cabelo é loiro?

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