Almas Nómadas

24 - Endgame

- Adorava poder trocar de lugar contigo, Bruce. Infelizmente eu faço as pedras funcionarem, mas elas não funcionam comigo. – Ray estava em frente a um Bruce Banner verde, uma mistura perfeita entre um dos homens mais inteligentes à face da terra e do ser grande e estúpido que adorava destruir coisas. Ainda segurava a pedra da Alma na mão.

- Vamos a isso.

Enquanto Tony dava instruções para que Banner se lembrasse de todas as pessoas que tinham desaparecido às mãos de Thanos, para os trazer de volta diretamente para aquele dia, sem alterar nada dos últimos cinco anos, os restantes protegiam-se nos seus fatos e atrás do que pudessem usar como escudo. Ray colocou a pedra da Alma no seu lugar da luva metálica, juntamente com as restantes e recuou para junto de Steve, colocando-se ao seu lado, atrás do seu escudo.

Friday ativou a segurança de todo o local, que foi prontamente isolado. Todas as portas e janelas blindadas, o edifício pronto para conter no seu interior a energia que seria utilizada com a ativação das pedras.

Bruce cruzou o seu olhar com Ray.

- Pronto? – Perguntou ela.

- Toda a gente volta para casa. – Foi a sua resposta de confirmação.

Raios de energia, de todas as cores das pedras começaram a percorrer o seu braço acima, deixando Banner com um joelho no chão enquanto tentava suportar as dores. O seu fato começou a queimar junto à luva, tal era a violência das radiações.

Steve olhou para Ray. Os olhos castanhos refletiam as cores das pedras, como se a energia também passasse por ela. Gotas de suor formavam-se na sua testa. Mas Ray não tirou os olhos de Bruce.

- Tira-a. – Gritou Thor. – Tira-a.

- Não, espera. – Interrompeu Rogers fazendo sinal a Thor para que não se aproximasse. – Bruce, estás bem?

Banner continuava a contorcer-se com dores enquanto os raios continuavam a subir pelo braço até ao pescoço, deixando marcas visíveis de queimaduras na pele.

- Fala comigo, Banner. – Pediu Stark.

- Estou bem. – Conseguiu ele responder, com a respiração entrecortada. – Estou bem.

- Agora, Bruce. – A voz de Ray era baixa, mas urgente. Ele concentrou-se em tentar mexer a luva. – Fá-lo agora! – Uma gota escorreu da sua testa até ao queixo e pingou para o chão. O corpo de Ray tremeu ligeiramente.

Num último esforço de dor Banner levantou a mão enluvada e conseguiu estalar os dedos. Assim que o fez a luva metálica soltou-se da sua mão, caindo no chão, juntamente com o corpo verde do cientista. O seu corpo deitava fumo das queimaduras do braço direito. Todos se acercaram dele, avaliando o seu estado. Ray limpou as gotas de suor da sua testa e ajoelhou-se no chão.

A sua visão estava turva, os ouvidos entupidos. Conseguia aperceber-se das vozes e dos movimentos à sua volta, mas não as registava. Fechou os olhos e concentrou-se em regularizar a respiração. Nunca se tinha sentido assim. Pensou em quando o Thanos utilizou as pedras em Wakanda e como a energia libertada percorria o seu corpo e lhe dava mais forças, mas desta vez a energia que percorreu o seu corpo esgotou-a.

Um míssil atingiu o Complexo perto da sala onde estavam e Ray foi atirada para o lado, contra uma parede enquanto escombros do edifício caiam à sua volta. Conseguiu criar uma barreira protetora em redor do seu corpo, mas com a sua energia quase drenada essa barreira mais parecia um cobertor fofo, não a protegendo completamente dos detritos que caiam sobre o seu corpo. Sons de várias explosões ecoavam nos seus ouvidos, mas não havia nada que ela pudesse fazer a não ser enroscar-se sobre si mesma e tentar com todas as forças manter o escudo protetor. O chão onde se encontrava inclinou-se quando uma parte da sala cedeu e o corpo de Ray foi atirado para o seu interior.