Almas Nómadas

12 - Prisão

A Prisão RAFT situava-se no meio do oceano, um bunker subaquático destinado a conter os criminosos mais perigosos e lunáticos.

- Pareces demasiado confortável com esta situação. – Sam andava de um lado para o outro no seu minúsculo espaço e volta e meia observava Ray na cela em frente à sua.

A parede frontal era toda em vidro e a disposição em círculo permitia a Ray ter visão direta para Sam, Scott e Clint. Wanda encontrava-se no espaço ao lado do seu, num local onde, como o dela, estava equipado com um sistema de desativação de capacidades, tal como a pulseira metálica a que estava habituada a usar.

- Sinto-me em casa. – Ela estava sentada em cima da cama, costas encostadas à parede, pernas à chinês e braços esticados apoiados nos joelhos. Wanda soltou uma gargalhada abafada.

- Casa? – Scott mostrou-se confuso. – Como é que alguém se pode sentir em casa num espaço destes?

- Tens razão, este colchão é melhor. – A sua voz não revelava qualquer sentimento pelo que era difícil para os homens saber se estava a falar a sério ou não.

- Também eras colocada numa máquina de crio-congelamento? – Sam parou em frente ao vidro.

- Não. – Ray olhou através da sua cela e reparou que os três homens a encaravam. – Eu não tinha esse tipo de controlo mental. – Viu a próxima pergunta no olhar escuro do Falcão e respondeu antes que esta fosse feita. – Nem me apagavam a memória.

- Mas não era assim que a Hydra conseguia o controlo dos seus Soldados de Inverno? – Clint entrou na conversa.

- Dos que foram criados através do soro...sim.

- Usaram o cetro contigo? Como fizeram com a Wanda? – Clint continuava a perguntar.

- Não, o cetro foi uma descoberta recente. – Interrompeu Sam. – Segundo os registos que o Tony conseguiu retirar de Sokovia ela já usa estas capacidades há muitos anos. Relembra-me novamente a tua idade.

- 73.

- 73? Espera...o quê? – Scott agitou-se na sua cela. – Como é que pareces ter menos de 30?

Ray levantou-se e abanou as pernas desentorpecendo-as. Encolheu os ombros perante a pergunta.

- Steve disse-me que foste tu que rebentaste com o último esconderijo da Hydra na Bulgária. Estiveste 73 anos ao serviço deles, nunca foste colocada a dormir nem mexeram com o teu cérebro. – Sam cruzou os braços. – Se sempre foste capaz de mandar bases pelo ar, porque que é que só agora o fizeste?

- Vá lá Sam, tu sabes a resposta a isso. – A voz de Wanda soava baixa. – Qual foi a única variante nestes anos todos?

Sam franziu uma sobrancelha perante a pergunta.

- Bucky. – Ela acabou por responder à sua própria pergunta. – Pela primeira vez a Hydra não tinha o Bucky debaixo do seu controlo.

- Mas ele já andava desaparecido depois da queda dos helicarriers em Nova York. A explosão foi pouco depois de Sokovia, passado um ano.

- Sabes o que aprendes quando trabalhas a tua vida inteira para uma organização habituada a infiltrar-se e a destruir os seus inimigos a partir do interior? Paciência e sentido de oportunidade. – Ray interrompeu o raciocínio de Sam. – Antes de agir tinha que ter a certeza que a Hydra acreditava que o Soldado de Inverno estava morto e que voltavam a confiar em mim para outra missão. Não podes fazer muito quando passas um ano trancado numa coisa destas. – Abriu os braços de maneira a indicar a cela. – Ao atacarem a Base de Pesquisa em Sokovia deram-lhes um motivo para me libertarem na Bulgária.