23 - Destruir / Recuperar

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O sol naquele planeta era quente e acolhedor. O ar estava preenchido de aromas de plantas e sons de pássaros. Água de várias cascatas caía das diversas montanhas que rodeavam o vale.

Ray estava sentada no chão, num terreno de plantações que se destinavam à alimentação, com os braços para trás a suportar o peso do corpo e a cara virada para o céu enquanto aproveitava o calor do sol a beijar-lhe a pele.

- Não te chamei aqui para umas férias.

A voz grave não a assustou.

- Pois não. – Replicou ela ainda de olhos fechados. – Eu sei precisamente porque me chamaste aqui.

Um corpo pesado caminhou para o sítio onde ela se encontrava, quando tapou a luz do sol Ray abriu os olhos.

- Porquê, Thanos? – A voz de Ray era dura. – Porque é que queres destruir as pedras?

- O seu propósito foi cumprido.

- Foi? – Ray levantou-se. – Era o propósito das pedras semearem a morte por toda a Galáxia?

- Achas que se outro ser tivesse reunido as pedras não as iria utilizar para matar? – As palavras de Thanos eram duras, no entanto a sua voz mantinha-se suave. Todo ele estava calmo. – Achas que há força maior que o instinto de sobrevivência, Ray? Qualquer um que conseguisse reunir tal poder uma das primeiras coisas que faria era eliminar ameaças. Até mesmo os teus adorados humanos o fariam, ou achas que se o Stark conseguisse deitar a mão a estas pedras não iria construir uma proteção à volta da terra, eliminando assim todos os que atentassem contra ela?

- Isso seria uma medida para proteger todos os habitantes da Terra, não para matar.

- Ah sim. Esse seria o primeiro passo, até ele achar que isso não era o suficiente e seria mais eficiente eliminar o perigo antes dele atacar.

A Hydra tinha pensado nisso, Pierce tinha criado o Projeto Insight com esse mesmo objetivo. Mas Stark não era Pierce, nem os Vingadores eram a Hydra. No entanto eram todos humanos, e Ray tinha sentido na pele a crueldade do que eram capazes quando se sentiam ameaçados. Deixaram-na passar fome para que não tivesse forças para atacar, instigaram tantas vezes o medo através da dor para que ela não se virasse contra eles. As próprias guerras entre os seus povos. Sim, os humanos podiam ser cruéis, mas não todos, e Ray não queria acreditar que eles tivessem a crueldade para eliminar povos inteiros de vários planetas.

- Enquanto as pedras existirem vão continuar a ser uma tentação. – Thanos prosseguiu quando Ray não reagiu. – Será melhor que desapareçam.

- Porquê a Terra? Eliminar todos os humanos? – A sua voz era baixa, contendo mágoa.

Thanos lançou um olhar para o planeta que tinha criado com as pedras. Tinha algumas semelhanças com a Terra.

- Sempre pensei que os humanos eram um povo de terceira. Fracos e sem qualquer poder de ataque. A única coisa boa que tinham era o planeta agradável onde habitavam. Mas quando a palavra Vingadores começou a ser falada em alguns locais da Galáxia e os meus filhos começaram a morrer às mãos deles percebi que me tinha enganado a seu respeito. – Thanos fez uma pausa. – Há algo naquele planeta e no seu povo que nos deixa rendidos, e as pedras estavam a escolher a Terra para se estabelecerem. Espaço, mente e tempo estiveram na Terra ao mesmo tempo. Nunca antes tinha acontecido. Já para não falar de ti. De toda a Galáxia para onde a pedra da alma te poderia enviar foi para a Terra que o fez. Aquele pequeno planeta e o seu povo tornaram-se uma ameaça para todos. Tinham que ser eliminados. E teria tido sucesso se não fosse o teu ato de rebeldia.

- O quê? – Ray pestanejou sem compreender.

- Não sei como conseguiste escapar ao meu controlo...

«James» pensou ela, relembrando o abraço.

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