6 - Bucky?

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A sala reservada às forças STRIKE dentro do edifício da SHIELD estava num reboliço desde que tinham descoberto que Steve Rogers tinha capturado Jasper Sitwell quando este saía de um almoço com outro membro da Hydra. Rumlow observava os seus agentes a fazerem meticulosamente o seu trabalho, recolhiam informações nos computadores e câmaras de vigilância pública em várias televisões para descobrirem o paradeiro dos fugitivos, mas o seu olhar voltava sempre para a mesma pessoa. Numa vestimenta de preto integral com botas de combate, calças largas com bolsos laterais seguras por um cinto, uma t-shirt com o emblema da SHIELD na manga esquerda e o cabelo castanho ondulado apanhado num rabo de cavalo que saía de um boné com a palava STRIKE estava Ray. Encostada a uma parede no fundo da sala, de braços cruzados e a pala baixa a projetar sombra sobre os seus olhos castanhos, perscrutava à distância os movimentos e informações recolhidas pelos agentes. Os seus colegas pareciam não dar pela sua presença, no entanto sempre que cruzavam o seu caminho todos se desviavam ligeiramente, quase de uma forma inconsciente. O pequeno aparelho que emitia uma luz vermelha intermitente, colocado no seu pulso esquerdo, uma adaptação mais discreta da coleira, trazia uma sensação de segurança à sala, Ray não poderia usar qualquer capacidade. Ray não sabia o que a incomodava mais, essa sensação de castração ou o facto de as ordens terem ditado que ela se separasse do Soldado de Inverno.

Os seus olhares cruzaram-se e Rumlow sentiu como se o seu estômago tivesse subido à garganta. Sempre que encontrava aquele olhar cor de chocolate o seu corpo reagia involuntariamente, queria cruzar a distância que os separava, retirar aquele boné que encobria a beleza da sua cara, colar o corpo esguio e feminino ao seu e provar aqueles lábios cheios com a sua boca, ter a certeza que sabiam tão bem quanto pareciam.

- Encontraram-nos! – A voz de um agente puxou-o para o presente. – Dentro de um veículo de passageiros na circular interna da cidade, dirigem-se para norte. – Mais um momento de pausa enquanto ouvia através de um auricular. – O outro activo está a controlar a situação...Sitwell eliminado.

- Muito bem pessoal, dirijam-se para os veículos. – Rumlow começou a orientar os seus agentes.

Ray ia sentada impacientemente no banco atrás do condutor do jipe preto fosco, Rollins ia a conduzir e no lugar de passageiro Brock Rumlow. O som da sirene informava os condutores para se desviarem e cederem passagem ao comboio de jipes e motas pretas da STRIKE.

- Quando chegarmos ao destino não podes dar nas vistas, estaremos num local público e há muitos olhos civis. – Brock tinha o tronco virado para trás de maneira a poder olhar diretamente para Ray enquanto falava.

- Não o poderia nem que quisesse. – Ela agitou o seu pulso esquerdo no ar mostrando a peça metálica que ainda piscava. – Talvez me possas emprestar uma arma. Afinal, uma agente sem arma seria estranho. – Os cantos dos seus lábios subiram num sorriso sem dentes e os dele fizeram o mesmo. Rumlow levou a mão a um coldre colocado na perna esquerda e retirou-o, entregando-o à mulher. Recebeu um olhar duvidoso de Rollins.

- É apenas para proteção. – O que queria dizer que só poderia usar se o inimigo disparasse primeiro. – Depois quero-a de volta. – O seu sorriso abriu-se e viu Ray apertar as fivelas em volta da sua coxa.

O automóvel onde seguiam parou e ela espreitou entre os bancos frontais, pelo vidro da frente, o trânsito estava parado e não havia muito espaço para que os carros se desviassem de maneira a dar passagem à STRIKE. Ignorando o conselho de Rumlow ela levou a mão ao puxador da porta e abriu-a começando a correr pelo meio do trânsito mal os seus pés tocaram no chão. Ainda lhe pareceu ter ouvido Brock chamar o seu nome, mas Ray só pensava numa pessoa, James. Não conseguia correr tão rápido quanto o seu amigo, ainda assim era mais rápida do que qualquer humano, algumas cabeças viravam na sua direção enquanto ela passava agilmente por entre os carros, o chapéu que tinha enterrado na cabeça eventualmente acabou por se soltar, não tinha a máscara preta consigo, não queria saber.

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