Thanos. Olhos castanhos com uma nuvem laranja a redemoinhar. A luva com as pedras. Um clarão ofuscante. Rhodes. Peter. Pepper...Pepper... As lágrimas que lhe caiam pelo rosto. Dor. Muita dor.
Dor que agora não sentia. Felizmente a dor física tinha desaparecido, mas de cada vez que se lembrava das lágrimas de Rhodes, de Peter, e de Pepper...Pepper...o seu coração apertava-se.
O corpo estava pesado. Como se um elefante estivesse sentado em cima do seu peito. Mas aquele peso que ali sentia podia ser apenas o seu coração a gritar pela dor que viu naqueles rostos. Porque não tinha ele pensado em Pepper antes de cometer a loucura de estalar os dedos com as pedras do infinito? Pepper... Outra vez quela dor no seu peito, a apertar.
Quando pensava que essa dor não poderia piorar a sua mente foi invadida pelo rosto da sua filha de 5 anos. Morgan! Ela iria crescer sem pai. Sendo tão jovem quanto tempo demoraria até que a cara do seu pai se começasse a desvanecer da sua mente, até não ter qualquer memória sua além de fotografias e todos os momentos que passaram juntos serem apenas as histórias contadas pelos mais velhos?
Sem sentidos. Num corpo que não respondia. Atormentado pelas memórias dos que mais amava e desiludira. Este era sem dúvida o seu inferno. Com esse pensamento caiu novamente no vazio.
Algo o trouxe de volta. Desta vez não eram memórias, disso Tony tinha a certeza. Era algo que o seu cérebro tinha a certeza reconhecer. Tentou a todo o custo manter a sua atenção no que o tinha "despertado". Um dos sentidos estava a querer apurar-se...audição. Sim...o seu cérebro estabeleceu a relação. Estava a ouvir vozes. Abafadas e indistintas, mas sem dúvida vozes. Abafadas como...se as tivesse a ouvir debaixo de água. Mal esta clareza o assaltou sentiu primeiro na ponta dos seus dedos. Água. Depois nos braços, tronco, pernas e por fim no seu rosto. Ele estava submerso em água. Mas conseguia respirar, embora não tivesse nada no rosto. O que queria dizer que o seu nariz e boca estavam fora da água.
O seu primeiro instinto foi levantar-se com rapidez. Sair de onde quer que estivesse, no entanto, o seu corpo não lhe respondia como ele queria. O elefante ainda se encontrava com uma pata no seu peito. Começou por tentar mexer os dedos das mãos. Funcionam. Ótimo. Aos poucos começou a emergir a cabeça da água até os seus ouvidos se conseguirem focar no que ouvia.
- ...arrancar-te a pele e saborear cada tendão e pedaço de músculo ser-te arrancado dos ossos... - Uma voz grave, quase fantasmagórica, proferia aquelas palavras como que se de uma promessa se tratasse.
- Oh, pelos Deuses! – Uma voz feminina, enfadada, cortou a voz masculina. – Não te cansas de repetir sempre a mesma coisa, todo o dia?
- Irás pagar pelo...
- Pelo que fiz. Sim eu sei! – O tom feminino era arrastado, aborrecido. – Sou uma desertora. Atraiçoei a minha organização. Não mereço o ar que respiro. Hail Hydra. Blá blá blá. – O reconhecimento tomou conta de Tony. Era Ray quem falava. E enquanto ela falava, a outra voz masculina continuava a fazer promessas de morte e sofrimento. – Podes calar-te um bocadinho? Estás a dar-me uma dor de cabeça!
- Vocês os dois é que estão a dar uma dor de cabeça ao morto. – A voz de Tony cortou a discussão.
Os seus olhos demoraram um pouco a ajustar-se à luminosidade, mas quando o fizeram confirmou o que tinha sentido antes. Estava sentado no que parecia ser uma poça de água rasa, rodeado por areias desérticas e dunas. O céu acima da sua cabeça tinha um tom de roxo escuro por viver num constante eclipse solar, muitas nuvens pretas, e a única coisa que destoava em toda a paisagem era uma grande rocha, com vários metros de altura, e duas torres de pedra no alto.
O seu fato tinha sido substituído por umas calças de fato de treino pretas e camisola leve de manga comprida da mesma cor.
Ray estava sentada perto da borda da água, as vestes semelhantes às suas, de lado para Tony e de costas para a grande rocha que se encontrava ao longe. O rosto virado na sua direção.
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Almas Nómadas
Fanfic«James...Bucky! Ray encarava as mais altas patentes governamentais Americanas que aguardavam a sua resposta. Os pequenos movimentos corporais nas cadeiras, os dedos das mãos que agitavam as canetas ou batiam suavemente contra o tampo da imensa mesa...