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Meredith

Fechei a porta do armário e o atrito do metal fez um barulho mais do que familiar. Meus olhos felinos encaram o rapaz ao meu lado, Brendon me olha com expectativa, enquanto eu apenas esperei ele dizer algo — o mesmo também se tornou capitão do time de lacrosse a uns meses.

— Iai, Meredith — me comprimento-o de forma gentil. — Eu queria saber se... Você não quer sair qualquer dia desses? — Repuxo o canto da boca, nervoso.

Brendon era um cara legal e gentil. Só precisei de dois minutos para enterder que ele é bom demais para alguém como eu. Não que eu fosse uma pessoa ruim, mas sou desapega quando o assunto é garotos.

— Se você não sabe, eu mesma posso ter a honra de te contar — começo com um gosto metálico na minha boca. — Não sou garota para você, merece alguém melhor do que eu! — Anúncio amarga.

— Eu não deveria decidir isso? — Pergunta ainda com um sorriso brincalhão no rosto.

— Não dessa vez, eu não costumo cometer o mesmo erro duas vezes — seu sorriso morri, então eu lhe dei às costas.

Foi em direção à escadaria observando atenta a cada movido do garoto sentada ao pé da escada, com um caderno no colo. Apertei os livros contra o peito. Meu salto batia firme no chão conforme me aproximei, um sorrizinho foi crescendo nos seus lábios rosados.

Botei um pé no primeiro degrau no qual ele está sentado. Me inclinei apenas o bastante para ver um belo desenho sendo projetado na folha, uma garota de costas.

— Você ainda desenha… — Soa como uma pergunta.

— E você ainda é intrometida! — O garoto bronzeado forço um sorriso, era tudo que eu tinha dele, sorrisos falsos e um jogo idiota. — O que quer, Stone? — Fecho o caderno colocando o lápis entre uma orelha.

— Começo o nosso jogo, e agora, vou terminar! — Afirmei demonstrando toda a minha confiança. — Sem contar que é a minha vez — estalei a língua no céu da boca.

Ben engoli em seco me encarando. Daria uma fortuna pelos pensamentos dele, principalmente aqueles que são comigo: Sujos e devassos, eu poderia jurar.

— O que tenho que fazer? — Pergunto sem enrolação, murchando um pouco da minha animação.

Criamos esse jogo quando crianças, chamamos de: “Eu duvido”. Fazemos uma série de apostas até um de nós desistir. Levávamos muito a sério, mas não jogamos desdos 13 anos.

— Vai ver... — Cântaro-lei maléfica.

( ... )

Uma bolinha de papel foi atirada em cima da minha mesa. Olhei para o lado vendo o Wright indicando o papel amassado. Desamassei o mesmo lendo as letras terrivelmente perfeitas do Ben; "qual é a draga do desafio???"

Revirei os olhos. Escrevi em baixo, "Três interrogações? Que exagero!". Amassei e lancei a bolinha na mesa dele. Soltei uma risada meio escandalosa da cara de bunda que ele fez.

A professora picarera chamando minha atenção. Me voltei para o grande quatro de um verde escuro. Ela parecia empenhada em ter a atenção de todos, até falar mais alto do que o comum ela falo.

Recebi uma mensagem e espiei para saber quem era, só a Carol mandando vídeos de gatinhos fofos de novo, me contive prá não revirar os olhos. Pode jurar que escutei a professora perguntar algo como, “qual a importância da química para a vida humana?”

— Alguém sabe a resposta? — Botei o celular virado na mesa rápido ao ouvir ela questionar.

Todos permaneceram calados. As provas de fim de ano logo estariam aí e me surpreendi com a tamanha burrice desse povo, após a professora explicar cinco vezes seguidas sobre a mesma coisa.

Levantei o braço, e ela arqueo uma sobrancelha:
— Meredith? — Pergunto chocada.

— Posso ir no banheiro? — Pede alisando uma mecha de cabelo escuro.

— Pode... — Assenti em um resmungo.

— Ah e, um mundo sem a Ciência Química seria um mundo sem materiais sintéticos, e isso significa sem telefones, sem computadores e sem cinema, ou seja, precisamos da química — responde sua pergunta anterior com ar soberbo.

Olhares surpresos vieram em minha direção. Por prestar atenção na aula, talvez.

— O que disse? — Estreito os olhos colocando os óculos.

Me levantei sorrindo com ironia:
— Exatamente o que ouviu, e eu estou certa, correto?

— Sim, sim, está certa... — Ela parece surpresa com sua própria afirmação.

— Posso ir? — Apontei para porta.

— Ao banheiro? Claro, sim, vá quantas vezes quiser! — Anúncio sorrindo para mim.

Sorri de volta, meio assustada, essa é a professora mais triste que já vi, nunca sequer a vi sorrir de verdade. Não como agora. Saindo do lugar andando até a porta para ir ao banheiro. Ben me observo intensamente, um olhar completamente lascivo. Lhe vi uma última vez antes de sair da sala, pisquei para o mesmo.

[ ... ]

Esperei pelo Ben, sentada no capô do seu carro. Me espreguiçei resmungando comigo mesma de uma dor nas costas, fiz um lembrete mental de melhorar a postura.

— Você vai com o Wright? — Carol me fita, desconfiada.
— Por favor me diga que não é por conta daquele jogo! — Arregalo os olhos com a possibilidade.

— Sempre é por causa daquele jogo — sai como um resmungo.

Uma parte minha está animada com a possibilidade de fazer o Wright, passar todo tipo de vergonha.

— Só espero que não se torne pessoal — ela começa com aquela mania de roer as unhas, que me irrita.

— Pode ir parando — aponto para sua mão.

Carol pragueja, mas esconde às mãos nos bolsos. Me apoiei melhor, esticando as costas. A loira procura as chaves do seu carro.

— Já vou, se cuida e juízo. — Foi se afastando na direção do veículo, ainda me olhando.

— Sim, senhora! — Bate continência, fazendo posse de guarda.

Foi ela saindo e o Ben chegando. Umedeci os lábios mordendo o lábio inferior.

— Aquela resposta foi bem inteli... — Se calo assim que vê a minha expressão de alegria.

— Não, não, não e não! — Ri alto, enquanto ele se aproxima.

Um largo sorriso de satisfação preenche meus lábios pintados de vermelho vivo.

— Ainda nem falei nada — abre as mãos, umedecendo a boca mais uma vez.

— Não! — Nego ele passando a mão no cabelo curto e loiro, enfatizando a palavra. — Sem chances, não tem a menor possibilidade de…

Nunca duvide!Onde histórias criam vida. Descubra agora