MeredithCovarde.
Eu sou uma covarde.
Me encaro no espelho, meus olhos acinzentados são frios, mas minhas emoções confusas. Ainda não acredito que dormimos juntos, mesmo sabendo do jeito meloso do Ben. Foi uma sorte que a tia Vivian tinha platão noturna no hospital, e a Carol foi para uma festa do pijama ontem.Ressalto os meus lábios quando pinto de vermelho com o batom e o gloss transparente. Paro, surpresa, estou passando um batom que sai facilmente. Mas sempre procuro novas formas de irritar o Wright. É minha missão de vida acabar com a paz dele.
— O que está acontecendo comigo? Eu perdoei ele? — Neguei, incrédula comigo em todos os aspectos. — Impossível!
Peguei a mochila depois que terminei de me arrumar. Hoje tem aula. Estou evitando a Carol, mas não sei até quando isso vai funcionar. Expulsei o Ben, de madrugada antes delas chegarem. Não quero lidar com perguntas.
Apareci na sala de estar. Carol está amarrando o cadarço do sapato e a nossa tia está entanto pela porta dos fundos.
— Cheguei meninas, já tomaram café da manhã?
Esperei, com a expressão séria:
— Carol, você pode ir na frente? Tenho algo para falar com a tia.— Eu sei, sei sobre o que quer falar! — Se levanto cruzando os braços. A garota é mais alta que eu, seus cabelos castanhos, ela parece mais com a nossa mãe do que eu.
— Sabe? — Levantei uma sobrancelha sugestiva. — Se sabe, então não se importa que eu fale na sua frente que a sua mãe perfeita é uma vaca. O suborno que a Emma me mando ontem para compensar a falta de tempo para estar aqui, já caiu na conta!
Ela está em choque. Porque eu decidi jogar a merda no ventilador. Carol pode ser alta, mas ela ainda é a irmã mais nova. Ela nunca teve que lidar com nada disso.
— O que? Ela nunca faria isso…
Tia Viviam veio apressada para tentar explicar:
— Querida…— Tia, fala que não é verdade. — Pediu nervosa.
Revirei os olhos. Não há como negar a verdade.
— Na sua festa de 5 anos, quando o palhaço te assustou, quem estava lá para te abraçar? Quando você caiu do balanço, na quarta série, quem estava lá quando você chorou? Quando você terminou o seu primeiro namoro, quem estava lá? — Listei, gesticulando para o nada. — Eu, eu estava lá. Ela nunca esteve aqui, a Emma não tem tempo para nós!
Tia Viviam veio me abraçar quando percebeu meu tom de voz mudar, deixei algumas lágrimas escaparem:
— Shi…, tudo bem, eu estou aqui.— Tia…
— Eu sei, querida.
A nossa tia é a mulher mais corajosa que eu conheço. E da mesma forma que eu cuidei da Carol. Ela cuidou de nós duas, não apenas de uma. Quando sua irmã quis abandonar as filhas pelo trabalho, a tia Vivian cuido para que não faltasse nada.
Ela foi mais mãe para nós, do que a nossa própria mãe.
A escolha de esconder da Carol a ausência dela. Foi escolha minha. Não que ela não notasse, mas em todas as ligações e presentes vindos do correio eu fingia que eram feitos diretamente por aquela mulher. Nunca quis julgar as escolhas dela. Mas ela simplesmente ignoro a nossa existência, como se dar atenção para as filhas fosse horrível.
— Por que a mamãe faria isso? — Nos viramos, analisando sua tristeza. Eu sabia a resposta, mas não tinha coragem de falar em voz alta. Sou uma covarde.
"Porque ela não ama a gente!"
( … )
Naquela manhã, não fui para escola como achei que iria. Nem a Carol, ela ainda está em negação. Me senti como se tivesse tirado um peso do peito, como se fosse uma idiota por não ter feito isso antes.
Deixei a mochila no sofá. Sai antes que acabe brigando com alguma delas, não quero brigar, não agora. Andei a passos apressados pela calçada. Fingir que estava tudo bem, nem sei por quanto tempo conseguiria fazer isso.
Um bolo se formo na minha garganta, então soube que mesmo que lhe odiasse por toda minha vida nada mudaria. E essa nem é a pior parte. Parei de andar quando cheguei a uma lojinha de conveniência. Entrei no lugar, comprei uma bebida com álcool.
Sentei no banco debaixo de uma árvore, perto do estacionamento do lugar. Abri a latinha, dei um grande gole, desceu queimando quebrando o incômodo na minha garganta.
— Droga! — Abaixei a cabeça resmungando. Suspirei, peguei o telefone depois de alguns goles na bebida.
Um pouco bêbada, apertei no telefone na parte de cima do Whatsapp, o número foi escolhido de forma proposital.
"Ben…"
"Meredith? O que aconteceu? Por que não veio para a escola?"
"Eu só… Desculpa, eu sempre estrago tudo, né? Agora até a minha irmã não quer mais falar comigo!"
"Não fala assim. Isso não é verdade"
"É claro que é. Só queria que a minha mãe gostasse de mim…"
"Onde você tá?"
"Não, eu não posso dizer, você vai… vai vir atrás de mim. Tá tudo bem, vai ficar tudo bem. Não quero que você me veja chorando, eu fico feia"
"Meredith, por favor."
"Ben?"
"Sim."
"Eu odeio você!"
Acabei revelando o endereço. Desligue largando o aparelho ao meu lado. Limpei as lágrimas com o torço da mão borrando o meu rímel. Só queria ouvir a voz dele. Estou um pouco emotiva e não costumo ser assim.
— Você não é assim, Meredith! — Falei comigo mesma. — Você não chora, você fica com raiva.
Passai minha vida toda sentido raiva dela. Agora, só quero chorar, e essa é a parte que eu odeio da história. Ri sem humor, continuei rindo em desespero e nervosismo.
Quando o garoto loiro ando até mim, meu riso se transformo em um choro compulsivo. Não tive mais controle de nada. Ele abriu os braços com uma expressão gentil, pule nele afundando o rosto no seu peito.
— A minha mãe não me ama!
— Vai ficar tudo bem. Você pode chorar no meu peito o dia todo, se quiser.
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Nunca duvide!
RomanceSinopse: Nunca, nunca na sua vida duvide de Meredith Stone! Competitiva séria um grande eufemismo para defini-la. Alguém que não mede esforços para cumprir uma aposta custe o que custar. Tudo começo quando Courtney deu a maior festa de todos os temp...