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Ben

— Eu duvido que diga — aproximei o rosto do dela. — Diga que me odeia!

Queria ouvir da sua boca, só assim poderia saber se está tudo bem, mas ela abaixou o rosto e escondeu o braço atrás do corpo. O reflexo do espelho me mostrou uma coisa que eu não queria que fosse verdade, as marcas de unha e o seu braço vermelho.

— Odeio… — sussurro. — Odeio tanto que nem consigo respirar quando você está perto, tanto que quero te bater sem motivo, tanto que isso me deixa irritada! — Seus olhos acinzentados me encaram e eles são a coisa mais linda do mundo.

Suspirei aliviado, não sei o que faria se ela ficasse em silêncio. Quero destruí-la, ela não chora desde a quinta série, não quero ela triste ou chorando, me odeio por não poder fazer nada.

— Pode me dar um tapa!

— Por que isso do nada? — Sua expressão de confusão é tão fofa.

Aproximei meu rosto ainda mais do seu:
— Porque eu vou te beijar agora, e não sinto muito!

Avancei na sua boca como um animal enjaulado, que finalmente pode sair. Puxei suas colchas para colocar seu corpo no meu, tudo que quero sentir é ela. Meredith tem um poder sobre mim que nem mesmo eu entendo. Ela ainda está sentada na pia, ficando da minha altura.

Seus lábios são como eu me lembrava, macios e viciantes. Movo minha boca com desespero, toco a base da sua coluna lhe fazendo empinar a bunda. Sua língua briga com a minha e ela não tenta me afastar. Suas mãos tocam o meu cabelo, ou o que restou dele.

Não queria parar, mas ela está sem fôlego. Desci minha boca pelo seu pescoço beijando com urgência.

— Vou matar aquele filho da puta — resmunguei. — Aposto que ele finge ser legal, mas é do tipo que bate em mulher.

Ela segurou meu rosto me fazendo focar no seus olhos:
— Quebre o nariz dele!

Sorri. Meredith não é do tipo que deixa as coisas pra lá, ela é vingativa e eu gosto disso.

— Posso te beijar de novo? — Foi sua vez de sorrir.

— Agora você pede? — Levando uma sobrancelha. — Pensei que fosse um bom garoto!

— Eu sou um bom garoto!

Ela ri, me dando um selinho. No entanto, me afasta apontando para saída, pisquei confuso.

— Então, seja um bom garoto e me deixe sozinha — ela não me deixou falar. — O sinal do intervalo já tocou, apenas saia, estou bem.

— Você sabe que eu vou esperar na porta! — Retruquei, não deixaria ela sozinha hoje, nem ferrando.

[ … ]

Ela me ignorou. Foram às 4 horas e 59 minutos mais demorados de toda a minha vida, achei que fosse perder a cabeça. Nada me preocupa mais do que ela, se ela estiver bem, eu também estarei. Até o tal garoto que machucou ela fica em segundo lugar na lista de prioridades.

Porque ela é meu problema número 1.

Dei tempo para ela, ser ignorado pela Meredith é pior do que levar um tiro. Estacionei o carro, indo apressado na direção da casa com varanda. Quase tropecei nos meus próprios pés.

Respirei fundo e toquei a campainha. Os passos do outro lado me deram alguma esperança. Mas não é ela quem abre a porta.

Sua irmã aparece, irritada e chateada:
— Ben?

— Ela está? — Vou direto ao ponto.

— A Meredith se trancou no quarto, não sei o que deu nela… — passei pela Carol, entretanto sem ser convidado.

O corredor dos quartos é estreito. Cheguei à última porta, bate na madeira, o silêncio é mais desagradável do que achei que fosse. Esperei juntando a paciência que não tenho mais. Uma parte bem pequena quer deixá-la ficar sozinha, mas a maior parte de mim quer que ela fique sozinha do meu lado.

Bate apressado:
— Meredith, por favor!

Minha respiração está desregular, a falta de resposta me deixa ansioso. Tento pensar positivo, tento pensar que ela não faria nada de mal consigo mesma, tento não pensar na sua mãe ser o principal motivo.

— Abra a porta pra mim…

— Qual é a senha? — Seu tom é baixo, mas é o bastante para me fazer inclinar a cabeça e apoiar as mãos nas laterais do encosto da porta, suspirei soltando o ar que prende quando ela falou.

— E se eu não souber? — Indaguei apenas para ela ouvir.

Sua irmã está um pouco afastada, me observando.

— Não merece entrar!

Sorri comigo mesmo:
— Nunca duvide!

A porta foi aberta devagar. Empurrei a madeira, fechando a porta com força, passei a chave e coloquei no bolso. Meredith parecia tão pequena de moletom, ela puxou o tecido para baixo se afastando.

Foi a primeira vez que lhe vi com vergonha de verdade. Umedece os lábios, respirei fundo tentei me concentrar no que vim fazer.

— Você está bem? — Ela negou. Cheguei mais perto, abrindo os braços. — Quer um abraço?

Meredith pulou em cima de mim, me fazendo inclinar a cabeça quando envolveu seus braços no meu pescoço me puxando para baixo. Apertei seu corpo contra o meu, quero que ela entenda que eu estou aqui assim como ela estava quando eu precisei.

— Você trouxe aquilo?

Nunca duvide!Onde histórias criam vida. Descubra agora