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Meredith

Acordei com o sol na minha cara. Me remexi sentindo um peso contra meu corpo, sobressaltei no lugar me virando para a pessoal. Suspirei aliviado ao ver o Wright. Voltei a dormir sem me importar, seu braço apertou minha cintura me trazendo mais para perto.

Fechei os olhos sonolenta. Já estava quase dormindo quando arregalei as pálpebras — estavamos praticamente nus, e eu não me lembrava de nada. Sentei na cama sacudindo seu corpo com urgência.

— Ben Wright, eu exijo que acorde! — Como resposta ele me puxou e tapou minha boca. Me debate indignada.

Minha cabeça doeu com o esforço, então desiste. Esperando pela sua boa vontade. Analisei sua tentativa de tentar dormir e seu peito nú, enquanto eu usava sua camisa.

Morde sua mão livrando minha boca:
— Idiota!

— Você não sabe o quanto eu adoro acordar com os seus xingamentos e mordidas... — Ironizou ficando de barriga para cima. — Mas nos momentos e lugares certos!

Ignorei seu comentário sentado com as pernas encolhidas.

— A gente transou? — Foi direto ao ponto. Meu peito inflou ao pensar na possibilidade. — Não precisa entrar em detalhes, só usamos preservativo...

— Não! — Respondeu ofendido. Às vezes esqueço que ele é um good boy. — Até parece que você não me conhece, não sou assim, um filho da puta mimado que espera a mina está drogada para levar ela pra cama — brandou ficando de pé, apenas de bermuda. — Ainda mais com você, não preciso disso para ficar com ninguém, se eu quiser jogo na cara da pessoal em qualquer hora e lugar!

Engoli em seco. Só fiquei sem rumo ao acordar em uma cama que não é a minha com a camisa dele. Mas sei que o Ben não agiria assim.

— Tudo bem. — Murmurei dando de ombros. — Só não entendo porque estou com sua camisa. — Apontei para mim e para ele.

Com a postura mais relaxada. Ele voltou a sentar, coçando a nuca e prendendo o riso. Franzi a testa, confusa.

— Meredith, você vomitou no seu vestido, tirou a roupa no carro enquanto eu dirigia e me fez tirar a camisa, porque ficou com frio — seu relato me fez arregalar ainda mais os olhos.

— Eu nunca faria isso! — Pôs a mão no peito ofendida.

— Mas fez! — Retrucou empurrando meu joelho com o seu.

Tem uma pequena probabilidade dele estar coberto de razão e isso me irrita. Toquei meus lábios lembrando perfeitamente do beijo e de como estava sóbria o bastante para concordar.

— Ainda estamos jogando — sorri com presunção, afastado a ideia de ser legal. — Meu desafio será ao nível do seu, espero que perda! — Morde o lábio me aproximando para provocar.

— E eu espero que no inferno tenha lugar suficiente para dois de uma vez... — Se inclinou apoiando a mão no travesseiro afundando o tecido. — Sabe por quê? — Murmurou com a boca entreaberta. — Porque apesar de me odiar, ainda me deseja, e não adianta negar.

— Como pode ter tanta certeza? — Minha expressão se contorceu em em uma careta.

— Porque um demônio reconhecê o outro — e se levantou como se não tivesse dito nada, indo para o banheiro.

( ... )

Para mim ignorar e seguir como se nada pudesse me afetar é a melhor decisão, sempre. Ben me fez o favor de me trazer à escola e sinceramente: nós estamos andando muito juntos, o que assusta bastante gente. De manhã antes de vir meu celular toco — com uma das piores ligações possíveis, a da minha mãe, então eu ignorei porque não temos nada para falar.

Ela começou a ligar de novo. Esperei que o Wright saísse do automóvel, ou que o telefone me desse uma trégua.

— Não vai atender? — Fechei os olhos pela seriedade da sua pergunta.

Respirei fundo e desliguei o aparelho.

— Não... — Minha voz tremeu, enquanto cravei as unhas na palma da mão.

Ela sempre faz isso comigo, ela sempre me deixa assim. E ela nunca se importá.

— Pode rir, eu sei que é patético, e nem mesmo cheguei a falar com ela! — Disparei amarga.

O Wright estreito os olhos pegando a minha mão:
— Você é Meredith Stone, e chorar não faz o seu estilo, por deus não comece agora porque sua mãe é uma vaca!

Quem ri sou eu. Ele tem o poder de me distrair dos meus problemas. Mas vamos pelo começo: quem é a minha mãe? Porque ela me afeta tanto? E como uma simples ligação me deixa tão perturbada? Ela se chama Emma Stone, uma grande executiva que largou as filhas com a irmã para se dedicar “mais ao trabalho” e não ter “empecilhos”. Todo ano a Emma faz duas ligações, uma no início do ano e outra no fim, a minha irmã não sabe disso e mesmo se soubesse não mudaria as coisas. É torturante atender e ouvir a voz da secretária, falando as mesmas coisas com as mesmas desculpas esfarrapadas.

— Vamos? Temos aula — pisquei afastando as lágrimas. A verdade é que eu não queria ir, não hoje.

Ben suspirou profundamente.

— Ok, tudo bem, não precisamos ir a aula! — Franzi a testa. Antes que pudesse questionar ele completo. — Posso ser certinho e nunca faltar, ter notas boas, e ser incrível...

Interrompe ele revirando os olhos:
— Já intende senhor demais!

— Onde quer ir? — Pensei por um tempo me dando conta que desafia-lo seria uma boa distração.

Peguei meu batom vermelho guardando o celular na bolsa no processo. Passei a sentir seu olhar apavorado.

— Eu dirijo! — Anuncie fazendo ficar zangado.

— Mas o carro é meu e... — Protestos parecendo uma criança.

Cortei sua fala:
— Não ligo, sério, não me importa, agora me dá a chave.

Ele apertou o volante deixando seu cabelo loiro cair no rosto, e engole em seco nervosa em como isso mexeu comigo.

— Vamos logo, desse jeito vou acabar indo embora sozinha — e uma hora ou outra iria falar com a minha mãe por falta de opção, já que ela liga durante o dia todo até atender.

— Eu odeio você! — Seu revirar de olhos me dizia que na verdade ele só estava frustrado.

Eu odeio você, esse costumava ser o nosso eu te amo, não tem graça ser meloso se podemos ser sinceros quando não gostamos de algo, e mesmo assim expressamos um sentido escondido.

— Eu também, docinho! — Sua risada espontânea me fez rir também. — Agora, me dê a chave.

Nunca duvide!Onde histórias criam vida. Descubra agora