66.

8 0 0
                                    

          Em Nevada, Sam era entrevistado novamente, percebendo as mesmas perguntas, três, quatro vezes e respondendo da mesma forma, enquanto ouvia os brados furiosos daqueles que um dia confiaram a ele seu dinheiro no Hit Bank.

“LADRÃO! LADRÃO! QUERO MEU DINHEIRO!!!”

          Ao final da primeira parte do interrogatório ficou fitando aqueles por quem ele sentia tanto desdém.
          - Bom, então...
          Sam olhou Paul, tão familiarizado com os policiais, aquelas armas, aqueles computadores... sentiu raiva! Como fora ser tão estúpido e mau ao se deixar ser traído daquele jeito? E agora ele estava preso e sua filha desaparecida.
          - Por favor... – disse, tirando-os de suas conversas em código – vão me deixar aqui enquanto conversam?
          Estava decidido. Como havia definido por Walmar, ele deveria retornar para sua cela.
          - ... quando eles chegarem. Nosso fator surpresa. – ele ouviu algo e o movimento nos corredores do prédio onde estava. Ouviu o irreconhecível barulho das hélices de um helicóptero se aproximando... parou... reduziu as rotações e então ouviu que alguém descia.
          Outros agentes adentrando ... passos e vozes que... pelo amor de Deus... não lhe eram estranho.
          - ...por aqui. Agora vamos dar uma surpresa nesses imbecis. – dizia Walmar passando à frente da cela dele, outros passos aproximando-se junto, saltos de sapatos femininos, o macio dos barulhos dos tênis e sapatos masculinos, acompanhando outras vozes.
          Ele aproximou-se da grade. Não podia acreditar: Sheril, Sally, Roger, Court!
          - ...uma reunião para saber o que vocês desenvolveram...
          Eles também!!
          - ...o pânico da família... - dizia Roger, balançando a cabeça. – Nossos parentes mais próximos já estão sabendo de tudo.
          - Toda aquela gente? - Walmar perguntou enfurecendo-se – Vocês deixaram toda aquela gente saber que trabalham comigo?
          - Ah não! Foi só os nossos mais próximos. Os filhos acabaram ficando sabendo...
          Os filhos... pelo amor de Deus... ele não os via há tempos mas sabia muito bem de quem falavam... aqueles novos amigos da filha! Conhecidos dele desde dos tempos de Camille.
          - Está bem. - disse a contragosto -  Vamos contar com a ajuda de todas as forças armadas do país e os policiais de todos os lugares em que estiverem.  O que vocês têm em mente?
          - Nosso objetivo é pegar o Marco o contrabandista de exército e a Andie, certo? - lembrou Court.
          - Exatamente! Estou louca para saber quem é o infeliz americano que anda se aliando aos terroristas por alguns poucos mi...
          - Tenho uma ideia... - Paulo levantou a mão e todos fitaram. As ideias dele eram sempre muito bem planejadas.
 

* * *

          Samuel não entendeu quando foi chamado novamente em sua cela para uma reunião especial.
          - Pelo amor de Deus são duas da manhã... - ele olhou seu relógio, o único objeto de valor que ainda possuía.
          - Que droga homem! Você quer ou não pegar a sua filha de volta? O policial perguntou algemando-o.
          - Lógico que quero. - era o que Samuel mais desejava no mundo.
O homem sorriu e deu uns tapinhas em suas costas.
          - Que bom.
          Horas depois, a polícia informava que Samuel Foster havia  fugido.


*  *  *

          Depois de dormir por horas e chorar por outro esse desespero, Andie decidiu que iria para parar com aquilo e atacar com palavras que era a única coisa que ela tinha no momento.
           Com os olhos inchados e vermelhos, ficou pensando em sua situação. O que será que ia, realmente, acontecer com ela? Seria realmente o que Umah disse? E Lion... o que estaria pensando de seu desaparecimento? Será que alguém sentira falta dela?
           E sua família... será que todos iriam ajudá-la? Deus! Será que a sua vida estava para mudar novamente?
Foi quando a porta do quarto se abriu e a madrasta entrou, dessa vez acompanhada por um homem alto, cabelos grisalhos... deveria ter uns cinquenta e poucos anos, e se vestia como seu pai antigamente. Tinha o mesmo ar de superioridade que ele tivera um dia!
           - Andie,  querida... Vim trazer seu novo amante! - disse ela com um sorriso malicioso.
           A jovem engoliu em seco quando eu percebeu o olhar observador do homem a medindo de forma indecente! Sentiu pânico e em seguida um ódio tremendo dele.
          - Quem sabe quando eu estiver morta! - ela pulou da cama escapuliu para um canto do quarto pronta para atacar.
          - Olha só como ela fica linda quando está nervosa!
          Um homem aproximou-se lentamente e Andie sentiu suas pernas bambearem.
          - Você é linda... gostosa... – Marco sorriu ironicamente descendo as mãos pelo pescoço da jovem que sentiu pânico crescer a cada segundo.
          - E o senhor fede! Antes de fazer qualquer coisa comigo, eu me mato! Que nojo de vocês... - tentou esquivar-se quando ele estendeu a mão para tocar seu rosto... deu mais um passo para trás e encontrou a parede. Não havia mais saída.
           Marco deu uma risada sarcástica e então Andie cuspiu em sua face.
           - Seu nojento, não se iluda! – Ela tinha que falar algo rapidamente para não sofrer o tipo de violência que ele prometia.
           - Querida... não xingue o Marco! Ele é nosso salvador! Lembre-se que vai salvar as nossas vidas da miséria que o seu pai nos meteu... – Uma limpou o rosto de Marco com o dedo envolto em lenço.
           - Assim como ele salvou toda a geração de bandidos do mundo não é? Não seja ridícula! – Andie olhou para ele percebeu que esse fechou a feição antes relaxada. Não sabia que ele pensava em sua filha Vanda, morta pelo FBI naquela tarde.
           - Não tenho que dizer mais nada. - Marco baixou a mão para longe de Andie - Vamos. Mais tarde conversamos. - disse olhando para a menina.
          - Cuidado para essa vaca não te trair como trair meu pai, que ela dizia amar. O Cole, seu próprio irmão, também foi uma vítima dela!
          Então, quando eles se foram ela explodiu em lágrimas de novo, na cama.
 

*  *  *

           Os primeiros raios do dia chegaram, e com ele a notícia da fuga de Samuel Foster da cadeia, o que gerou raiva e comoção em todos das famílias do lado de Camille, Gustave e os demais envolvidos naquela história.
           Samuel, por sua vez estava aproveitando. Usando vestes simples, sujas e esfarrapadas e que lembravam um dos milhares de andarilhos da cidade, se misturou, usando em seu benefício a invisibilidade dos homens com as mesmas características que ele tinha agora.
          Caminhando pela calçada, entrou no hospital interestadual de Nevada. A confusão ali enorme, como devia ser um, tudo por causa da estadia de Cole. Teve sua presença igonarada quando entrou no banheiro e depois de lá saiu um homem bem vestido usando roupa e bata de médico, combinando muito mais com o relógio Rolex que ele usava.
           Passou por um balcão e então pegou uma prancheta.
           - Está na hora dos exames do senhor Singer. Pode me dizer como ele está evoluindo?
           Sem olhar para mais um daqueles milhares de médicos que via todos os dias, a enfermeira tirou um papel da prancheta e colocou em cima do balcão.
           - Aqui, doutor... ele está no quarto cinco, no primeiro andar.
           Então, lá se foi o "médico". Não havia policiais na porta no quarto de modo que ele entrou sem problemas, encontrando o ex genro acordado e olhando para o teto a, feição perdida.
           Assim que o viu arregalou os olhos preocupado olhando para a porta.
           - Senhor Singer... - ele disse entrando e fechando a porta atrás de si.
           - Samuel... - ele cochichou - o que está fazendo aqui? Eu fiquei sabendo que você fugiu...
           O ex banqueiro arquejou as sobrancelhas ponto.
           - Por pouco tempo. Vim para que me diga qual é o número do pai da sua amiga Vanda...
           Cole fez uma careta de dor e raiva.
            - Aquela infeliz traiu até a mim. Samuel eu queria que me perdoasse por tudo o que fiz para você... e com Camille. Ela...
           Samuel raspou a garganta e levantou a mão.
           - Isso agora não é importante! Qual é o telefone do Marco? – Samuel repetiu a pergunta.
           Cole disse e então no insrante em que uma enfermeira entrou ele saiu, abandonando o hospital um homem com um esfregão, outra imagem ignorada por todos os que entravam e saíam dali.

MarquesasOnde histórias criam vida. Descubra agora