6. O Universo dos Super-Heróis Parte I

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Lysandre não estava muito diferente da época da escola, mas tal como todos nós, havia mudado bastante. A sua pele parecia um pouco mais escura, talvez devido ao sol que apanhava enquanto trabalhava, e os seus cabelos estavam mais longos, mantendo as mechas platinadas mas exibindo uma raiz natural. Ao contrário das vistosas vestes vitorianas, agora vestia umas calças com suspensórios cruzados nas costas e uma camisa mais simples com babados no peito. Ainda assim, não perdia a essência e o estilo clássico que o tornavam tão diferente dos outros garotos.

Rosalya estava tão surpresa quanto nós, e, ao largar Leigh, correu para abraçar o cunhado, emocionada. Com o que havia ocorrido nestes últimos meses, de certo ela estava com saudades do seu Lys-fofo e de estar junto dele. Após nos cumprimentarmos, nós os cinco nos sentamos na mesa para finalmente saborear o lanche que havíamos preparado. Ao morder o cupcake, senti como se estivesse comendo uma nuvem doce e cheia de calorias, e me deliciei com cada pedaço enquanto o meu subconsciente imaginava, preocupado, todo o exercício extra que ia ter que fazer na academia da Kim.

- Viver na fazenda é tipo Stardew Valley? - Armin perguntou enquanto servia um copo de limonada. Todos os outros se olharam confusos, mas eu rapidamente expliquei que se tratava de um jogo de simulação sobre agricultura. O garoto tomou a palavra, me corrigindo e acrescentando alguns detalhes sobre a gameplay e determinadas mecânicas do jogo, que ninguém parecia interessado em saber.

- Isso parece mais divertido que a realidade. Honestamente, é bem cansativo. - Desabafou. Naquele momento, notei o seu rosto a se entristecer, os seus olhos fitavam o chão, como se estivesse com vergonha do que acabara de dizer. Me lembrei do dia em que nos encontramos na praia, no meu primeiro ano na Sweet Amoris, em que ele confessou que preferia a cidade e revelou um pouco da sua infância, com nostalgia. Devia ser difícil para ele tomar a fazenda dos pais, sozinho. - Para além de ser bem solitário, eu não tenho tempo para fazer o que gosto.

- É por isso que eu tanto insisti para você vir até à cidade, e ainda assim você só aceitou ficar dois dias. A cada ligação, ou sempre que te vamos visitar, eu noto que você se está sentindo cada vez mais deprimido ali. - Leigh afirmou, colocando a mão no ombro do irmão. Rosa, subitamente, se levantou da cadeira, fazendo com que esta tombasse por cima do tapete, e abraçou os dois, enquanto soluçava.

Armin e eu olhámos um para o outro, como se estivéssemos comunicando telepaticamente, e percebemos que talvez fosse uma boa altura para deixar os três a sós. Ele se propôs a me acompanhar até ao campus, já que poderia apanhar o ônibus na paragem ao lado, e eu aceitei, feliz. Andámos calmamente lado a lado, pelas ruas da cidade, conversando e rindo sobre inúmeros assuntos. O vento estava começando a ficar mais forte, o que fazia com que o meu cabelo ficasse bagunçado no meu rosto, preso na minha boca e me impedindo de ver o chão, me deixando irritada por não ter algo para o prender. Ao reparar nas minhas tentativas falhadas de me arrumar, ele riu, e soltou o cabelo para me emprestar o seu elástico. Aceitei e agradeci, prendendo os meus fios num rabo de cavalo um pouco desajeitado.

- Você fica bonita assim. - O seu elogio me fez corar, e eu rapidamente olhei para o outro lado para ele não notar as minhas bochechas rosadas. Balbuciei um "obrigada", e tentei mudar de assunto, falando dos cupcakes e do lanche na casa da Rosalya. Honestamente, gostava de lhe ter respondido algo como "você também fica bem bonito com o cabelo assim", mas sempre que pensava nisso as palavras não queriam sair da minha boca.

- Bom, agora temos que fazer o restante da lista. - Conclui, tirando o papel cuidadosamente dobrado do bolso das minhas calças. - Ir a uma exposição.

"Após muita insistência minha, o meu pai acabou concordando em nos levar até à cidade vizinha. Para além da pressão da minha mãe, a culpa que sentia por me fazer separar dos meus amigos e namorado, também ajudou na sua decisão, pois apesar de tudo, era a minha última semana com eles. Armin e eu estávamos no banco de trás, jogando Super Mario Bros, cada um na sua Nintendo. Algumas vezes notei Papai nos olhando pelo espelho, provavelmente receando que estivéssemos nos pegando bem no seu carro, mas nós os dois estávamos mais preocupados em ganhar.

Meus últimos sete dias com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora