26. Feelings and Dragons Parte X

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Alexy bufou, entediado, e debruçando-se sobre a mesa, alcançou os dados de metal, os atirando para cima do tabuleiro. A força do seu lance, conjugada com a falta de jeito e com a ausência de sobriedade, fez com que, no processo, um deles caísse para debaixo da mesa.

Instantaneamente, me curvei sobre os meus joelhos, pronta para alcançar o dado perdido. Mas Armin teve a mesma ideia, e no momento que nos inclinamos, as nossas cabeças bateram.

Afastamo-nos rapidamente, de mão na testa, massageando o local dolorido, mas ainda assim, não deixamos de rir. Parecíamos idiotas, agachados, nos encarando com um sorriso bobo. Porque é que eu tinha tanta vontade de o beijar ali mesmo? Ele acariciou os meus cabelos, depositando carinhosamente um beijo onde me tinha magoado, e antes de regressar ao seu lugar, sussurrou: "Quem me dera que tivéssemos chocado de maneira diferente".

Rastejei para debaixo da mesa, tateando as fibras vermelhas - da cor do meu rosto - até encontrar o dado. O segurei firmemente, e ao puxá-lo para perto de mim, li o número em voz alta: três.

- Com mais dez, dá treze! Treze! Número ímpar! - O garoto de cabelos azuis estava animado, feliz por ser vítima do seu respectivo jogo. Ele não tinha medo de ser si próprio, de revelar segredos, de fazer desafios. Corajoso. - Vou escolher um de vocês aleatoriamente para ser mais interessante! - Fechou os olhos, rodou o corpo e com o dedo indicador, percorreu o grupo. Finalmente, parou na Priya, e ao se encararem, acenou com a cabeça. - Eu quero desafio.

- Alguém está ansioso! - A morena protestou, porém, com um tom leve e divertido na sua voz. Deixou-se matutar durante uns segundos antes de continuar. - Eu te desafio beber um shot do umbigo do Morgan! Isto é trivial nas festas americanas! Que saudades das frat parties!

Um sorriso se formou no rosto do rapaz, malicioso, e, os seus olhos púrpura, refletiam luxúria. Havia algo fascinante em beber álcool do corpo de outras pessoas, algo erótico, íntimo.

O seu namorado consentiu com a cabeça, levantando a camiseta lentamente, do abdómen até ao peito, sem quebrar o contacto visual. Calor. Parecia que a temperatura da sala tinha aumentado.

Alexy levou algum tempo a escolher o álcool, regressando da cozinha de mãos cheias e com mais desejo no seu olhar. Sal. Limão. Tequila. Simples, mas cuidadosamente selecionado.

Posicionando-se entre os joelhos do parceiro, colocou uma fatia de limão entre os seus lábios, fazendo com que este estremecesse ao sentir a acidez do fruto. Deslizando, colocou um pouco de sal nos abdominais, e, na abertura do umbigo, derramou a bebida até transbordar ligeiramente.

A sua língua, quente, dançou sensualmente pelo corpo de Morgan: primeiro, lambeu o sal, permitindo que este se dissolvesse com a sua saliva, e, de seguida, com um mão apoiada na poltrona e a outra na anca do garoto, aspirou o cocktail em segundos. Por fim, com a própria boca, tirou a fatia de limão, espremendo o suco com os dentes antes de beijar intensamente o seu namorado, permitindo que este sentisse o sabor do próprio corpo na sua língua.

Clamores de aprovação e assobios soavam pelo cómodo, no entanto, absorvidos um no outro, os rapazes ignoravam o que acontecia ao seu redor. Ignoravam os olhares, ignoravam as vozes, ignoravam os comentários, ignoravam o som. O mundo, agora, era apenas eles os dois.

Ao quebrarem o beijo, o moreno se recompôs, limpando o torso com um lenço umedecido que Ambre lhe havia estendido. Ainda abstraído, embriagado pela paixão e intensidade do momento, pegou nos dados e vagarosamente, os atirou para cima do tabuleiro.

- Seis. - Enunciou, quase num sussurro. - Vou avançar no mapa, certo?

- Certo. - Armin assentiu, debruçando-se ligeiramente sobre a mesa. - Depois da Chani cair para as trevas, todos vocês avançaram para a sala seguinte. - Com o indicador, traçou o caminho, avançando pelos corredores até chegar ao destino. - Já perceberam que afinal não é tão simples assim alcançar o tesouro. Morgan, você tem que escolher entre dois caminhos: esquerda ou direita?

Meus últimos sete dias com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora