17. Feelings and Dragons Parte I

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Na manhã seguinte, acordei com a vibração do meu celular, tremendo por baixo da almofada. Sem abrir os olhos, e ainda sonolenta, apalpei o lençol procurando pelo maldito aparelho e carreguei no botão lateral, rejeitando a ligação. Como um filme em pausa, as imagens do meu sonho regressaram à minha cabeça - dragões, masmorras e outros temas aleatórios -, no entanto, cessaram permanentemente quando, uns segundos depois, voltou a chamar.

Desta vez, me levantei, convencida que, quem quer que fosse a pessoa a me ligar, era apenas um vendedor de pacotes de televisão. Eu nem sequer tenho uma televisão no quarto! Levei o telemóvel à orelha, sem nem checar o ecrã, e atendi.

- Não, eu não estou interessada em subscrever ao seu serviço. - Proclamei, pronta para desligar novamente sem nem sequer ouvir uma resposta. Só queria voltar a dormir e esperar para que o despertador me acordasse. No entanto, ao escutar uma risada do outro lado da linha, finalmente confirmei que quem estava me telefonando era Armin. - Meu deus, me desculpa! Eu não estava à espera que fosse você.

- Até fiquei desiludido com essa rejeição, pensei que você estava pronta para pagar o Armin Premium. - Zombou, me fazendo sorrir também com a ideia idiota. Imagina gastar dinheiro num aplicativo do Armin a dizer fatos gamers diariamente. - Eu sei que é cedo, mas, lembra do uniforme que deixou no carro? Eu tenho-o aqui comigo.

- Sim! Obrigada! - Exclamei. Ainda bem que ele tinha se lembrado, porque era bem provável que eu só pensasse no avental quando a Clemence me fuzilasse ao chegar ao café. - Eu só trabalho depois do almoço, por isso não tenho muita pressa.

- Eu precisava de o deixar algures em breve. Os meus pais querem fazer um almoço de família... Daqueles sérios, sabe? Conhecer o Morgan, estar com os filhos e falar da vida. Coisas de pais. - Respondeu, um pouco angustiado. Afinal, esse tipo de atividade não era bem a sua praia. De certo que, se pudesse, tinha ficado a dormir até tarde para depois passar o resto do dia a jogar videogame. - Enfim, posso deixar no café a caminho para o restaurante. Acho que não é muito longe.

- Na verdade, você pode passar por aqui? Agora já acordei e não estou com vontade nenhuma de trabalhar no TCC, por isso, se quiser fazer tempo até ao almoço... - Sugeri, sem sequer pensar. Quando finalmente me apercebi que tinha acabado de o convidar até ao meu quarto, corei. Porque é que as minhas bochechas estavam queimando? O Nathaniel já esteve ali comigo mais do que uma vez e eu nunca agi assim. Porque é que com o gamer era diferente? - É que, eu queria evitar perguntas da minha chefe, e aproveitava um pouco de companhia.

- Daqui a vinte minutos está bem para você? - Ele concordou, e eu confirmei o horário. Vinte minutos, e eu nem sequer tinha tomado um duche ou arrumado o meu quarto. - Até daqui a pouco.

Com o pouco tempo que me restava, tentei dar um jeito na bagunça do dormitório. Primeiro abri as cortinas para entrar alguma luz, o dia estava bom e o sol brilhava no alto, fazendo entrar um calor gostoso pela janela. Agora, com iluminação, conseguia perceber o estado daquele cômodo, a ausência de Yellen deixava-me mais desleixada. Enrolei numa bola as meias e roupas sujas espalhadas pelo chão, as atirando para o cesto no banheiro e anotando mentalmente que tinha que ir à lavandaria em breve, talvez no fim da semana. Organizei os livros, arranjei os lençóis, e coloquei o Snorlax gigante em cima da cama, a ocupando por completo.

Quando terminei as arrumações, ouvi o toque das notificações. Tinha recebido uma mensagem, provavelmente do garoto.

Armin (online): Hey, já estou no campus. Qual é o número do quarto?

Ella (online): Aff, tinha esquecido desse detalhe. É o 719.

Armin (online): A caminho!

Meus últimos sete dias com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora