14. Walking Evil Parte II

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"A porta fechou por trás de nós, trancando, e dando início ao relógio digital que marcava sessenta minutos certos. Os números emanavam uma luz vermelha, e por alguns segundos era a única iluminação que tínhamos naquele quarto, até que, gradualmente, as lâmpadas se ligavam mas ainda assim mantendo o ambiente sombrio e misterioso. O cenário era como se fosse um cómodo real, um pequeno escritório bastante minimalista: o foco era na secretária metálica onde repousava um computador portátil aberto, um abajur e alguns cadernos. Ali, tínhamos tudo o que precisávamos para escapar.

Para vencermos a escape room, tínhamos que conseguir desbloquear o computador, que pertencia a um dos hackers de um grupo que pretendia destruir toda a economia do mundo com apenas um vírus, grupo esse chamado de FSOCIETY e conseguir parar o plano deles antes que fosse tarde demais. Apesar do Armin saber programação e hackear, o jogo foi feito de uma forma mais simples de perceber para os leigos, ou seja, eu, com pistas escondidas para formar passwords e liberar ficheiros à medida que explorávamos. Começamos, eu me sentei no tampo da escrivaninha enquanto o garoto se sentou na cadeira giratória com um ar pensativo e analisando todos os botões antes de, por fim, ligar o aparelho no botão principal. A tradicional tela azul de login do windows apareceu, com o utilizador ELLIOT, e como era de esperar pedindo uma palavra passe que não sabíamos ainda qual era. Peguei num dos cadernos, e comecei a folhear ferozmente, procurando por informações, no entanto, aquele estava vazio, por isso peguei noutro e ao abri-lo caiu um post-it com o número 01101100 01110101 01111010. O que significava?

- Código Binário. - O gamer afirmou confiante, se levantando do seu assento entusiasmado com a descoberta da primeira dica. Ele se aproximou de mim, e pegou no bloco de notas de onde o pequeno pedaço de papel tinha caído. - Deve ter aqui alguma tabela para descodificar.

Ele tinha razão, escritas à mão estavam as letras do alfabeto e os padrões numéricos correspondentes, e após compararmos os códigos, em poucos minutos tínhamos a resposta: luz. Inicialmente pensamos que isso seria a chave para entrarmos no sistema, mas no momento em que o meu olhar se cruzou com o pequeno candeeiro, eu o agarrei e comecei freneticamente a o virar procurando por outra nota. Não ia ser tão óbvio, claro, se não, haveria a chance de alguém encontrar por acaso sem recurso à primeira pista. Luz, Luz, Luz, Luz. Luz? Um pouco receosa, desenrosquei a lâmpada, e bem no fundo dela estava um código escrito como se fosse uma referência de fábrica Er1hfpLB-xvsV3LmU9WaNw. Era aquilo?

- Meu deus, se isto fosse de um hacker a sério ele era bem idiota. Isto é texto criptografado para password. - Ele digitou o código na caixinha, e depois de confirmar que estava todo certo, apertou a tecla do enter. - E... entramos!

A rodinha do mouse começou a girar enquanto o fundo do ecrã carregava ao mesmo tempo inúmeras pastas com acesso restrito. Na barra de tarefas, alguns aplicativos com ícones que eu nunca tinha visto antes me chamaram a atenção, me fazendo sair de cima do tampo da secretária e me posicionar por detrás de Armin, para ver melhor o que pretendia fazer. Repousei a minha cabeça no seu ombro, deixando os meus cabelos longos caírem no seu peito e fazendo com que ele brincasse com as pontas à medida que investigava o ambiente de trabalho. Sem que eu estivesse à espera, virou o seu rosto para mim, e me deu um beijo suave na bochecha, me fazendo reclamar com ele, brincando.

- Ei! Temos que nos focar! - Eu me afastei, mas agarrou no meu pulso, me impedindo de fugir. Tirou a outra mão do teclado e as bateu no seu colo, me convidando a me sentar nas suas pernas. Eu apontei para as câmaras de segurança que nos observavam pelo canto do quarto, mas ele apenas ignorou, e voltou a me chamar. - Você sabe que eles estão nos vendo!

Meus últimos sete dias com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora