15. Walking Evil Parte III

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- Hey! - Chamei pelo seu nome, alto, de forma a conseguir com que me escutasse no meio de todo o barulho que nos envolvia. Tinha atingido o objetivo, atrair a sua atenção, o que fez com que, ao me notar, quase de imediato parasse de conversar com Leigh (na realidade, estava sendo mais um monólogo do que um diálogo) antes de dar uma corridinha para o meu lado. - Vamos?

- Você sempre me escolhe para fazer parte da sua party. Estava demorando para me convidar. - O garoto me provocou, inclinando-se um pouco e bagunçando os meus cabelos, piscando para mim mostrando o seu lado mais carismático. Se a vida real fosse como um videogame, no momento em que ele abriu um sorriso perfeito, tinha acabado de atingir o nível máximo de charme. Todavia, eu não me deixei enfraquecer. - Assim fico me sentido o Charmander! E eu não podia me sentir mais lisonjeado em saber que sou o seu starter favorito.

- Não te queria desapontar, mas eu escolho sempre o Bulbasaur. - Retorqui, colocando as mãos nos quadris e mostrando a língua, o desafiando. Por cima do seu ombro, consegui observar Rosalya e Alexy se afastando um pouco dos outros, segredando como se estivessem planeando algo.

Apesar da minha intuição me dizer (ou, personificando, berrando e esperneando) que estavam conspirando contra mim, eu ignorei o pressentimento, tinha que deixar de ser paranóica. - Ou o Squirtle, são mais bonitinhos.

- Ella, aí está você! - Cínica, a garota interrompeu, nos abordando com um sorriso assustadoramente forçado. À sua frente, estava Hyun, sendo arrastado involuntariamente, preso pelas garras de Rosa, que cravavam no seu braço, deixando vincos no tecido, delimitando onde os dedos apertavam. O meu colega de trabalho parecia em pânico, tentando sinalizar desesperadamente um pedido de ajuda, tal como fazíamos no café quando algum cliente se estava tornando rude ou quando a Clemence nos carregava de tarefas. Mas desta vez, eu não tinha como o salvar. - E se você o acompanhasse?

- Er... - A esse ponto, ela estava praticamente o jogando para cima de mim, e parecia rejeitar uma resposta negativa. Num ápice, como se estivesse cansada de esperar, o libertou, fazendo com que o desgraçado se desequilibrasse, tropeçando nos próprios pés e quase caísse sobre Armin (que já não estava muito feliz). Não tive coragem de contestar, nem sequer consegui a questionar, e mesmo se pretendesse, no pouco tempo em que tentava ajudar o rapaz desamparado, ela já havia desaparecido no mar de pessoas junto do namorado.

- Eu não sei o que foi isto, mas... - O asiático estava envergonhado, coçando a nuca um pouco sem graça. Ele se sentou nas tábuas de madeira, e eu o imitei, soltando um suspiro prolongado enquanto descansava a cabeça nos meus joelhos. - Não vou mentir, eu realmente estava considerando te convidar para irmos até ao stand de dardos, mas eu não precisava de um empurrão tão grande para o fazer.

Pelo nariz, riu, como se estivesse troçando de si mesmo por não ter sido capaz de o fazer sozinho. Mas eventualmente, oficializou a pergunta: "Vamos até lá? Eu realmente gostava de estar com você fora de um cenário em que estamos de avental e a tresandar a café." Progressivamente a minha perna esquerda começou a tremer, primeiro de forma controlada, mas depois, tão rápido que já não tinha como esconder. O meu coração estava batendo como um tambor, de tal maneira intenso que quase conseguia ouvir o sangue que fluía pelos meus tímpanos. Segundos pareceram horas, e a ansiedade tomava conta de mim, eu queria dizer-lhe que não, mas sem o magoar.

- Eu ia com o Armin. - Confessei, de uma forma mais abrupta do que eu estava planeando. A sua reação era o esperado, com os olhos amendoados a entristecerem com as minhas palavras, e o sorriso a desaparecer instantaneamente do seu rosto. Acho que, de relance, notei uma pequena curvatura nos lábios do gamer, junto de um aceno de aprovação, como se estivesse orgulhoso pela minha resposta. E então, eu vacilei, e ao invés de apenas me desculpar, eu disse: - Mas podemos ir os três.

Meus últimos sete dias com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora