Cap. 22 - UM AVÔ

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- Eu não sabia que você era lésbica, minha filha. Quando você estava na sexta série na escola, você vivia desenhando pênis nos seus cadernos. Você me enganou. Eu pensava que era disso que você gostava.

- Mãe, eu não quero falar de...

- Para de fugir, Paula. Para!

E como Paula não estava acostumada a ver sua mãe falando alto e séria daquele jeito, ela até mudou a sua postura agora, passou a encará-la com total atenção.

- Minha filha, ouve porque é uma velha senhora que está te dizendo que avida é muito curta. Para de fugir, de se esconder. Não é como se agente estive ainda em 1960 quando ser lésbica significava ser afastada totalmente do resto da sociedade. Hoje em dia ser lésbica, ser gay, é normal.

- As pessoas da comunidade gay continuam sofrendo, mãe.

- Mas antes as pessoas eram assassinadas só por ser gay.

-Pessoas continuam sendo assassinadas hoje só por ser gay. - Paula rebateu.

- Bem, mas é diferente. As coisas mudaram sim. Existe algum nível de aceitação. E aceitação mais importante você já tem, que é aminha.

- Jura, mãe? - e os olhos de Paula se encheram de lágrimas no instante em que ela perguntou.

- É claro, minha filha. Mas e essa sua chefe? A Clarinha é lésbica também.?

- Eu acho que não.

- Assim, só por curiosidade... Não era menos complicado se você tivesse se apaixonado por uma mulher que é lésbica também?

- E quem é que consegue mandar no próprio coração, mãe?

Paula então abraçou a mãe. Sentiu o conforto do seu abraço igualzinho quando ela era criança. Era uma sensação única de segurança que fazia parecer com que tudo daria certo.

 Era uma sensação única de segurança que fazia parecer com que tudo daria certo

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Paula

Em outro ponto da cidade, quem também conversava era Deivridi e Paulo. No apartamento de Deivridi, Pablo deitava sobre o peitoral dele no sofá e Deivridi tocava o curativo em seus pulsos.

- Ainda dói? - Deivridi perguntou.

- Não.

- Doeu muito no momento em que você cortou?

- Eu não lembro. A tristeza me adormeceu.

- Você já tinha feito isso antes?

- O quê? Tentar tirar a minha própria vida porque eu não posso ter o homem que eu amo? Deivridi, eu nunca amei ninguém como eu amo você. - ele respondeu e começou a acariciar a coxa dele.

- Você só tem 19 anos. Já teve outros namorados antes?

- Vários.

- Vários? Uau. A sua geração realmente é bem mais rápida nesse departamento do que a minha.

Quando Corações Pegam Fogo (NOVELA +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora