Ela não sabia o que lhe despertara do sonho bom, era um barulho distante, más agradável de se ouvir, um balbuciar também a voz de um adulto e por último um " acorde Alice, por favor! eu não sei mais o que fazer a Tico e Teco.Elas precisam de você!"Depois sentiu um toque cálido a lhe formigar os lábios, em seguida sentiu um calor e o mesmo toque em sua direita.
Abriu os olhos e viu a cabeleira loura do marido curvada sobre sua barriga, más não lhe tocou.- Bernado - a cabeça se ergueu e um par de olhos azuis como o mar lhe sorriam - Quem é Tico e Teco?
Ele pareceu levemente constrangido com a pergunta, beijou suas mãos novamente e apertou um botão que ficava a cima da sua cabeceira.
A claridade incomodava seus olhos, boca seca e sua garganta estava dolorida.
Bernado- Você voltou
Alice o olhou, com olheiras e a barba por fazer e decidiu que nunca o vira mais lindo, que o seu marido era a visão mais linda que ela.Piscou ao sentir incômodo
- Você está bem?Sente algo?
- Sede.
O médico entrou acompanhado da enfermeira, Bernado se afastou da cama dando espaço para os exames que o profissional informou que eram de praxe em casos de pós coma.
- Alice é normal sua garganta está com a sensação de ardência, más você precisa ir com calma.Primeiro irei umedecer uma gaze na água e vou levar aos seus lábios para hidrata - los.O incômodo irá se amenizar
De repente um choro fraco e sofrido obrigou a enfermeira parar o procedimento de hidrata-la.
Bernado se aproximou passando a mão na testa em busca de febre.- Alice o que foi? Sente dor?
Ela lhe lançou um olhar tão dolorido enquanto levava a mão que estava sem a hidratação venosa ao ventre agora liso novamente, e ele compreendeu.Se aproximando novamente limpou as lágrimas dela com os polegares
- Elas estão bem Alice, estão em casa esperando você.
- Como?Eu senti o tiro, vi o sangue... por favor, não brinque comigo.
- Calma!A Tico e Teco nasceram bem e saudáveis, estão em casa com a Olga só não se assuste com o concerto que elas fazem quando acordam com fome ou a fralda suja!Veja!
Ele lhe mostrava um vídeo no celular de duas bebê idênticas e vestidas de forma igual más de cores diferentes.Faziam sons infantis enquanto uma voz masculina alertava a mais peralta para não puxar a chupeta da irmã.
- São lindas... - deslizando o dedo sob a tela ela parecia toca-las. - Elas...
- Saudáveis e muito geniosas!A Olga está cuidando delas.
- Tico e Teco?Você teve coragem de batizar nossas filhas com nomes de esquilos?
- Eu não sabia como chama-las, o codinome bebê um e dois não as agradou e acredite, os esquilos são anjinhos perto das duas.
- Buscar nomes nunca lhe passou pela cabeça, né? - de repente ficou séria e o encarou - Quanto tempo Bernado?
-Quarenta e cinco dias, cinco horas e vinte seis minutos.
- Você contou...
Ele se aproximou beijando os olhos da esposa e todo o rosto em seguida.
- Cada minuto!Elas ficaram na unidade neo por dois dias apenas. - segurando o rosto da esposa beijou os labios - Me perdoe por não estar lá para proteger vocês...
- Não foi sua culpa!
Um pigarro forçado da enfermeira veio lembrar a ambos de que não estavam sozinhos.
Ela observou as olheiras no rosto do marido e constatou o óbvio, ele não contratara babá para as filhas, ele mesmo estava cuidando das gêmeas.Ao contrário do que ele falava, ele respeitou a decisão dela.Emocionada levou a mão que estava sobre o ventre ao rosto dele.
- Obrigada por cuidar delas.
Ele nada falou.Beijou a Palma da mão da esposa.
O médico recomendou repouso e a alta no dia seguinte se tudo corresse bem.Bernado perguntou se ela poderia amamentar as filhas e ele respondeu que os remédios que Alice tomou durante o coma já não estavam no seu organismo, más ele enviaria a obstetra que acompanhou o parto para uma consulta mais detalhada.
Uma jovem enfermeira entrou no quarto empurrando uma cadeira de rodas comunicando que Alice precisava banhar-se.Bernado lhe consultou com os olhos se ela queria sua ajuda, ela ficou constrangida e ele entendeu que naquele momento ela queria privacidade.
Esperou no quarto.
Precisava avisar Olga, que estava acompanhada de Matilda Schneider.
As duas senhoras receberam a notícia com júbilo, comunicariam ao outros.Bernado esperava a esposa voltar para o quarto com certa impaciência.Alice sorriu ao voltar e flagar o marido andando de um lado para o outro do quarto.
- Bernado?
Ele veio ao seu encontro.
- Sim.
- Já posso ve-las?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lado a Lado
ChickLitUma mulher; um homem; Um encontro inesperado! Ela negra, brasileira e desempregada; Ele branco, alemão e herdeiro do ramo tecnológico; Ela tem sérios problemas em confiar no sexo oposto; Ele um workaholic, machista e racista que enxerga as mulher...