Haechan, que antes estava sentado na ponta da cama, se sentou no meio dela e olhou ao redor. O lugar era simples, um quarto normal como qualquer outro. A jaqueta que usava emanava perfume masculino juntamente com o cheiro de jujubas, estranhou é claro, Mark Lee não tinha cara de quem gostava de coisas doces.
Sim, ele o conhecia. Todos conheciam o filho de sangue ruim do chefe Wei. Aquele que não tinha piedade, aquele que não se importava com nada e nem ninguém. Mark era a própria morte para quem trabalhava no ramo da máfia.
Estava com medo? Sim. Mas ali era muito melhor do que estar com o nojento do Hei, aquele que simplesmente lhe entregou de bandeja para selar a "paz", se sentia como um objeto.
– Por que você esta chorando? – Se assustou quando ouviu uma voz baixa de criança.
Ergueu o olhar e encontrou uma garotinha de cabelos medianos e escuros. Ela vestia um macacão rosa juntamente com uma blusa amarela de mangas compridas, com listras horizontais cor marrom. Suas meias tinham desenhos de cupcakes coloridos e no seu cabelo presilhas de jujubas. Haechan enfim descobriu de onde vinha o cheiro doce que emanava de Mark.
– Qual é o seu nome? – Ela indagou novamente com um sorriso adorável.
– H-Haechan. – Cobriu mais o corpo com a jaqueta.
– Legal, H-Haechan. – Riu brincalhona. – Meu nome é Meirin, mas você pode me chamar de MeiMei ou só Mei. – Deu de ombros e se aproximou do moreno. – Não precisa chorar, ok? Mark oppa vai cuidar de você. – Meirin levou a mãozinha até o rosto gelado do novo convidado e secou suas lágrimas.
A garotinha sorriu mais uma vez transmitindo uma paz à Haechan que há muito tempo não sentia. Criança inocente, Meirin era uma criança adorável aos olhos dele.
– Essa não... – A menina se virou e checou a porta quando ouviu passos se aproximando. – Eles estão vindo.
– Q-Quem? Quem esta vindo? – Prendeu a respiração quando a menina voltou o olhar para si.
– Não fique triste, certo? Ele vai cuidar de você agora. – Meirin levou a mão até o bolsinho do macacão e retirou um saquinho de bolinhas de chocolate. Entregou o saquinho na mão do moreno que examinou o que lhe foi dado com um sorriso simples no rosto.
– Mei! O que eu disse sobre invadir o meu quarto?! – Mark ditou assim que abriu a porta e encontrou a mais nova com um sorriso travesso no rosto.
– Meirin! – Haechan observou que ele estava acompanhado de uma moça, não parecia ser tão velha, provavelmente na casa dos trinta. – Sinto muito, senhor Lee. – Ela se desculpou vendo a filha correr pelo corredor enquanto ria.
– Está tudo bem. – Mark sorriu e voltou o olhar para o garoto que engoliu em seco. – É ele.
– Oh, sim. – Kim se aproximou e examinou o rapaz bonito que tremia na cama. – Coitadinho, deve estar morrendo de frio. – Juntou as mãos no peito. – Vou preparar um banho quente para o senhor. – A mulher estendeu a mão e sorriu de forma protetora. – Tudo bem, pode confiar em nós.
Haechan encarou a mulher e logo em seguida Mark que apenas concordou com a cabeça.
...
Foi levado para o quarto ao lado, onde tomou um banho quente na banheira e vestiu roupas confortáveis, mesmo que essas fossem grandes para si. Pelo cheiro e o modelo era óbvio que elas pertenciam à Mark.
– Aqui será o seu quarto. – Kim abriu a porta e encarou Haechan com um sorriso adorável.
Pelo tempo em que passou com ela descobriu que a mulher tinha um grande coração de mãe, aquele que mesmo não conhecendo a pessoa vai te tratar com carinho e respeito pois o amor é o mais importante. Descobriu que Meirin é a sua filha e que ambas moravam na mansão Wei desde o nascimento da pequena. Ela não entrou em detalhes mas pelo jeito não foi nada fácil antes de ser acolhida pelo senhor Wei e sua família.
Kim era uma mulher bonita, seus cabelos escuros e medianos ficavam presos em um coque perfeito. O rosto delicado mantinha uma maquiagem leve e discreta. Haechan adorava os olhos da mulher, que eram mais falantes que a própria Kim.
Quando seu banho foi finalizado ambos desceram até o alojamento dos funcionários. Haechan ficaria no quarto ao lado de Kim e Meirin.
– É confortável. – Ditou de forma baixa. – Para uma pessoa como eu, que nunca tive um. – Olhou ao redor.
Era simples. Havia uma cama de casal, um guarda-roupa pequeno, uma cômoda e uma porta onde daria para o pequeno e simples banheiro. Diferente dos cômodos na parte de cima, tudo era simples mas ainda o bastante.
– Não conheci Hei, mas já ouvi muitas coisas sobre ele. – Kim comentou também examinando o quarto.
– É...tudo de ruim que te contaram é verdade. – Brincou.
– O senhor...– Haechan se virou para a mulher que já o encarava.
– Ele me criou. – Sorriu simples. – Desde que me entendo por gente eu moro naquela casa. – Caminhou até a cama e se sentou.
– Eu sinto muito. – A mais velha soltou um suspiro. – Bom, irei deixá-lo sozinho agora. Tenho uma pestinha para banhar. – Sorriu. – Boa noite.
– Boa noite.
...
– Aonde a senhora pensa que vai? – Mark questionou com os braços cruzados assim que viu Meirin na frente da porta onde Haechan fora acomodado.
– Hm. – A pequena mordeu o lábio inferior e encarou o mais velho. – Fiz chocolate quente para ele. – Ergueu o copo mostrando o líquido juntamente com alguns marshmallows e granulado.
– Ele vai morrer de diabete se tomar isso. – Riu descruzando os braços. – Mei, não quero que fique sozinha com ele, não sei se ainda confio... – Meirin depositou um biquinho adorável nos lábios pensando no que foi dito.
– Mas oppa, eu confio nele. – Resmungou baixinho vendo Mark se aproximar. – Ele estava chorando...achei que isso o ajudaria. – Explicou examinando o copo.
O maior sorriu com a inocência da pequena. Meirin era adorável. Levou uma mão até os fios bagunçados e acariciou assistindo a mesma sorrir sabendo que Mark estaria ali para protegê-la caso algo acontecesse.
– Certo. – Suspirou abrindo a porta.
Assim que adentrou o quarto, juntamente com a mais nova, viu o garoto já sentado na cama observando eles. A garotinha sorriu animada e se aproximou do moreno erguendo o copo com o líquido quente.
– Eu fiz para você, talvez se sinta melhor. – Comentou fazendo Haechan pegar o copo e examinar o conteúdo.
– Obrigado. – O mais velho sorriu.
– Meirin, já pode ir. – Mark disse, chamando a atenção dos outros dois. – Preciso conversar com o Haechan.
– Coisa de adulto? – A menor questionou vendo o outro assentir. – Ok, boa noite então H-Haechan. – Brincou enquanto se afastava. – Boa noite oppa.
– Boa noite. – Mark e Haechan disseram juntos fazendo a menina rir.
...
– O que vai acontecer comigo? – Questionou em um tom baixo.
Mark o examinou. Ele era bonito, frágil, delicado. Aqueles olhos redondos brilhavam em sua direção enquanto seu peito descia e subia por conta do nervosismo. Sua pele era morena, linda. Seus cabelos castanhos estavam um pouco secos porém combinavam muito com o garoto. Mark se sentia preso, sentia como se já o conhecia.
– Nada. – Respondeu. – Você irá trabalhar aqui juntamente com Kim. Vai ajudar a cuidar do meu pai e da casa. – Cruzou os braços.
– Então...– Encarou o chão. – Eu não vou ser seu objeto sexual? – Voltou a observar Mark.
– Você não é um objeto. – Semicerrou os olhos. – Ou é?
– Não! – Respondeu de forma firme.
– Ótimo. – Deu as costas. – O pessoal da casa acorda cedo, então durma cedo. – Abriu a porta. – Nos vemos amanhã de manhã.
Assim que Mark saiu e fechou a porta Haechan soltou todo o ar. Ele não era um objeto, agora era livre para viver como uma pessoa normal.
Ou quase.
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𝚋𝚊𝚍 𝚋𝚕𝚘𝚘𝚍
FanfictionMark Lee, filho da máfia, é conhecido como sangue ruim por vários motivos, mas um deles é por seu passado obscuro. Assim que Haechan, um garoto da noite, entra em sua vida as coisas passam a mudar e Mark se vê disposto a mostrar que aquele apelido n...