5. Passado

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Mark e Haechan saíram da loja com várias sacolas. O mais velho estava satisfeito com as compras, agora Haechan teria roupas confortáveis e do seu tamanho.

O mais novo estava começando a estranhar o comportamento de Mark. Ele não parecia nada com o que diziam, mas também, sabia poucas coisas sobre o mais velho. Como por exemplo, ele foi adotado por Wei quando tinha apenas quatorze anos, chamam ele de sangue ruim por esse motivo e por ser extremamente frio com seus inimigos.

– Vamos parar aqui. – O maior o chamou tomando sua atenção.

Salão de beleza? Mark só podia estar brincando. O encarou vendo que ele parecia extremamente sério com aquilo. Por um momento, se sentiu horrendo, geralmente os caras gostavam da sua aparência e agora, o seu chefe queria que ele mudasse.

– Por que? – Franziu o cenho, não deixando de se sentir ofendido.

– As pessoas da mansão Wei devem estar sempre arrumadas. – Abriu a porta. – E você esta horrível. – Apontou para dentro do local indicando que Haechan entrasse.

– Ah, nossa. Que gentil, senhor Lee. – Resmungou entrando no salão.

Quando o mais baixo passou por si, não deixou de sorrir com a reação. Haechan era fofo.

...

– Uma hidratação de urgência...– O cabeleireiro ditou examinando o moreno. – Que tal uma cor mais clara? 

Penteou com os dedos os fios bagunçados encarando a figura de Mark pelo espelho. O mais velho estava sentado em uma cadeira acolchoada, seus braços estavam cruzados e ele mantinha um sorriso quase visível nos lábios. Bom, alguém estava se divertindo com aquilo.

– O que você quer fazer, hein? – Haechan resmungou chamando a atenção do homem.

– Meu amorzinho, eu vou mudar você! – Estalou os dedos.

...

Olhando melhor agora, até que ele estava gostando do que via no espelho. O homem que trabalhou em seus fios até que fez um bom trabalho. Seus cabelos agora estavam macios, cheirosos, desembaraçados e dourados.

– E então? – Se colocou atrás do garoto com um sorriso convencido. – Bem melhor, não é?

Haechan encarou o cabeleireiro e deu de ombros, o que faz o homem encarar Mark totalmente ofendido.

– Diga a ele que gostou. – Mark disse, observando Haechan pelo espelho.

Por um momento quis dizer não, mas sua vida estava em jogo. Mark era seu chefe, um mafioso perigoso e é claro, mais forte que si. Revirou os olhos e ficou de frente para o homem que esperava a resposta ansiosamente.

– Eu gostei. – Riu quando o maior começou a bater palmas com um sorriso enorme e satisfeito no rosto.

...

Estava se sentindo estranho. No momento em que entrou no shopping todos passavam por si e nem ao menos o olhavam nos olhos. Agora, mulheres e homens o observavam enquanto andava ao lado de Mark. Era óbvio, estava andando com o mafioso mais temido, cheio de sacolas de marcas caras e além do seu novo visual.

– Que cara é essa? – Ouviu a voz rouca do maior.

– Muita gente me olhando, não gosto de chamar atenção. – Respondeu de forma baixa.

– Então, todas as vezes em que você saia não chamava a atenção de ninguém? – Indagou.

– Eu nunca sai da mansão. – Deu de ombros. – Espera, o que quer dizer com isso? – Franziu o cenho.

– Você é bonito, se eu visse você andando por aí eu o olharia. – Respondeu encarando as orbes do mais novo.

Haechan corou com aquilo. Primeiro ele o chama de horrível e depois o elogia, com aqueles olhos redondos direcionados aos seus. Com aqueles lábios minimamente curvados para cima. Mark Lee era ridículo e ao mesmo tempo, ah...

– Vamos comer. – Desviou sua atenção indo direto para a praça de alimentação, deixando Haechan pensativo para trás.

...

– Então, você nunca saiu da mansão Hei. – Voltou ao assunto, assim que se sentaram em uma mesa, à espera de seus pedidos.

Haechan ficou impressionado assim que o mais velho o questionou sobre o que gostaria de almoçar. Ficou mais impressionado ainda quando ele fez os pedidos juntos e se sentou na mesma mesa que ele. Mark já não o olhava nos olhos, estava sempre atento ao seu redor e, até aquele momento, não havia dito nada.

– Sim. – O encarou. – É a primeira vez que estou saindo. Nasci e cresci lá, juntamente com as prostitutas e os garotos da noite. – Mark finalmente o encarou, mas seu olhar era neutro.

– Sua mãe era prostituta? – Indagou.

– Sim, ela era. Minha mãe saiu de Jeju e veio para o centro à procura de um emprego. Ela era muito nova e sem experiência nenhuma, meus avós a expulsaram de casa, não sei porque, a única coisa que sei é que eles não tinham uma boa relação. Ela não conseguiu nada e então optou pela prostituição, o que lhe deu bastante dinheiro. – Cruzou os braços.

– E como ela conheceu o Hei? Você disse que nasceu na mansão. – Apoiou os cotovelos na mesa, concentrado no rapaz.

– Juntamente com a prostituição veio o uso de drogas. Ela começou a dever para o Hei, e quando ele foi cobrar descobriu o que ela fazia e então pediu para que ela trabalhasse na sua mansão para pagar o que devia. – Mark suspirou, a mansão Hei era definitivamente um puteiro.

– Foi ai que ela engravidou. – Tirou sua própria conclusão vendo Haechan concordar.

– Ela gostou de lá. Tinha aonde dormir, comida e diversão...– Riu sem graça. – Mas então, eu vim. Ela me amou desde o final da sua vida. – Coçou a garganta afastando a tristeza. – Acabaram me colocando como garoto da noite. Eu não tenho mãe, não sei quem é o meu pai, eu estou sozinho...– Observou as próprias mãos, que tinham marcas de todas as vezes que tentou lutar por liberdade.

Mark continuou o observando, sem demonstrar nenhuma reação. As pessoas tinham razão, Mark era frio. Mas não é como se ele esperasse algum suporte ou empatia de um mafioso que só recebeu ele em sua casa por causa de um acordo de paz entre gangues.

– Mas a minha história não é a única naquela casa. – Continuou. – Tem muitas outras crianças, muitas...Jaemin...– Suspirou deixando seu olhar cair para a mesa. – E então...eu me abri, quero saber de você agora...– Voltou a observar o maior. – Você foi adotado pelo senhor Wei...

No momento, Mark desviou o olhar para o painel onde marcava sua senha, indicando que seus pedidos estavam prontos. Encarou Haechan por alguns segundos e então se levantou, sem dizer nada.

– Por favor! Por favor, não faça isso! – Os olhos da mulher cresceram assim que viu a arma ser apontada para si. – Não...Mark!

Não gostava de falar sobre seu passado, não gostava nem ao menos de lembrá-lo. E Haechan? Era só um empregado, não tinha nada a ver consigo.

...

A refeição foi em um completo silêncio. Haechan respeitou a decisão do mais velho em não responder, quem ele era afinal? Como se pudesse resolver alguma coisa do passado do maior.

...

O silêncio no carro foi o maior incômodo. Na praça de alimentação tinha pessoas, então não estava completamente desconfortável. Mas dentro daquele automóvel, que cheirava a doce e cigarro, era insuportável. Até seus pés estavam inquietos, a curiosidade e modo como se sentia ansioso o matava.

Não via a hora de chegar na mansão e correr para o seu quarto.

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