𝚋𝚊𝚍 𝚋𝚕𝚘𝚘𝚍

9. Homem ou Mulher

Se Mark dissesse que dormiu tranquilamente na noite passada, ele estaria mentindo. Seus olhos mal se fecharam. Sua mente trabalhou incansavelmente pensando em Haechan, repassando o seu olhar como se fosse um filme antigo. Fazendo esboços de seus lábios bonitos, esculpindo seu corpo. Aquilo era pura tortura para Mark, que só queria descansar e se esquecer do ocorrido na cabine da roda gigante.

E pensando nisso, foi assim que ele chegou no prédio velho que costumava passar um tempo para esquecer dos seus problemas. Na frente da porta de madeira branca e velha, deu três batidas e depois de alguns minutos de espera, ela foi aberta revelando a garota loira de olhos azuis.

– Mark? – A menor ergueu as sobrancelhas surpresa em ver o mais velho ali.

Sem perder tempo atacou os lábios doces e macios da garota que retribuiu na mesma hora. Minutos depois estavam no quarto, Mark por cima e ela por baixo, sem roupas. Mesmo que estivesse sendo agraciado pelos mais doces gemidos, pelos sons mais provocantes e pelos toques mais ardentes, ele não conseguia deixar de pensar no garoto. Depois que tudo terminou se sentou na cama e acendeu o cigarro, encarando a parede branca em sua frente.

– O que aconteceu? – A loira indagou.

Mark virou o rosto e a observou. Alice estava deitada, com o lençol cobrindo seu corpo nu e recém descansado. Suas bochechas estavam vermelhas e alguns fios dourados estavam grudados em sua testa. Seus olhos, de cor tão especial, eram direcionados as costas nuas e arranhados do mais velho que soprava a fumaça.

Ele e Alice se conheceram em uma festa, muito novos ainda. A garota trabalhava como stripper e desde o momento em que botou seus olhos em Mark não o deixou mais ir. Acabou sendo demitida um tempo depois, e como precisava comer acabou entrando na prostituição. Não costumava abrir exceções, mas com aquele garoto de olhos redondos era diferente. Mark era o único que podia entrar em sua casa e usá-la como bem entendesse. Mas apesar de ter um carinho enorme pela garota e adorar passar algumas de suas noites com ela, seus sentimentos eram outros. Apenas via Alice como uma garota que podia confiar, como alguém que poderia ajudar ele independente do momento.

– Por que acha que aconteceu alguma coisa? – Respondeu com outra pergunta, sua voz rouca fez com que a pele da menor erriçasse.

– Você está quieto. – Se sentou na cama. – E sempre avisa antes de vir pra cá.

Mark riu baixo, sentindo a loira abraçar a sua cintura e deitar a cabeça em seu ombro.

– Não é nada demais. – Suspirou.

– Não confia em mim? – Beijou uma das cicatrizes que o outro tinha nas costas.

Sim, ele confiava. Mas não tinha certeza do que diria. Era estranho, aquele sentimento de não saber o que realmente estava acontecendo. Sempre tinha o controle de tudo e agora, se sentia perdido.

– Quem é ela? – Alice sussurrou em seu ouvido.

– Como sabe que é alguém? – A olhou por cima do ombro.

– Geralmente os caras que atendo apenas querem conversar sobre suas companheiras. – Acariciou o peito nu do maior. – Quem é ela?

Mark ficou em silêncio.

– Ou ele...– A menor se afastou com um semblante sério. – É um homem?

Ou Alice sabia ler pensamentos ou Mark era transparente demais. Talvez um pouco dos dois, já que ela o conhecia como a palma da mão.

– O nome dele é Haechan. – Disse.

– E o que te incomoda? Ele não gosta de você? – Mark voltou a observar as rachaduras da parede branca. – É um dos homens do Hei? – Ele negou. – Do seu pai? – Negou mais uma vez. – E o que te impede?