Até seu último dia

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Os braços dele cada vez mais me puxavam em sua direção. Ele era mais forte do que aparentava.

- Venti... que tal uma brincadeira? - Precisava de um plano.

Desculpa, mas transar com um cara bêbado parecia ser bastante errado.

- Mas nessa brincadeira você deve fechar os olhos.

Ele pensa um pouco, mas logo aceita. Ele fecha seus olhos e vejo sua boca formar um beicinho. Certamente, esperava um beijo. De um modo aquilo era bastante fofo, tive que me conter para não rir.

Enquanto ele esperava pelo beijo, fiz galhos se envolverem nele o deixando imóvel. Ele olha para seu corpo amarrado e depois olha pra mim desconfiado.

- oh... você gosta desse tipo coisas...

- Sim... Adoro ver caras imóveis em baixo da minha coberta. - Cubro ele com minha coberta. - Mas sabe o que eu realmente adoro?

- O que? - Ele pergunta tendo apenas sua cabeça de fora da coberta.

- Caras que dormem rápido.

Ele faz beicinho, ele tentava fazer a cara mais torta o possível, mas nele não adiantava, nunca havia visto um bêbado tão adorável.

- Você pode dormir pelo menos ao meu lado? - Seus olhos olhavam melancolicamente para baixo.

- Certo, mas continue amarrado. Ok? - Ele sorri e vejo a movimentação dos seus pés em baixo do lençol.

Me juntei a ele na cama. Estava difícil dormir, já que as vezes ele cantarolava e nas outras ele ficava num extremo silêncio e dava pra sentir seu olhar focado em mim e depois de um tempo, cantarolava de novo e de novo...

- Você não vai dormir não? - Falei enquanto me sentava.

- Oh, te acordei?

- Se pelo menos eu tivesse conseguido dormir...

- Hehe... desculpa. - Ficamos em silêncio.

Deitei de novo. Acho que dessa vez daria para dormir. Eu juro, faltava muito pouco pra conseguir dormir, até que...

- Você pode cantar algo pra mim?

Me virei bruscamente na direção dele.

- Desculpa, desculpa... - Ele olha pra o teto, seus olhos pareciam recordar de algo doloroso.

Parando para pensar, eu não sabia ao certo quem era ele. As palavras de Morax ressoavam em minha cabeça. Cada Arconte já sofreu grandes perdas, já viu, ouviu, presenciou várias coisas. - Eu estava submersa em meus pensamentos enquanto tentava decifra-lo. - Eu não estive na guerra dos Arcontes, mas a pessoa que estava em minha frente, não só havia presenciado como também lutado.

Comecei a olhar para o teto. Não só ele... Xiao, Zhongli e até Ganyu devem ter sofrido e aguentado tudo. Zhongli possuía o costume de não se envolver com humanos, não queria se incomodar com despedidas. Xiao dizia não gostava muito de socializar, independente da raça. Ganyu sempre estava ocupada de mais pra pensar a respeito disso. Eu sempre estava tão perto deles, mas nunca perguntei sobre as histórias deles.

- O que está pensando? - Ele corta meus pensamentos.

Sem saber ao certo o que dizer, eu o abracei fortemente, como se quisesse protege-lo. Depois de um tempo eu me afastei. Os olhos dele, estavam de frente para os meus. Em nenhum momento, nenhum de nós evitou o olhar do outro. Podia ouvir pequenos chiados, a chuva havia começado lá fora. Mas isso não era muito importante, no momento. Ouço os barulho das raízes se partirem, ele começa a movimentar a sua mão em direção ao meu rosto. Ele toca cuidadosamente meu rosto, como se eu fosse feita de porcelana. Como se eu pudesse quebrar ali mesmo. Ele sorri. E foi um sorriso tão doloroso.

A Arconte | Genshin ImpactOnde histórias criam vida. Descubra agora