Capítulo 10 - Covas no quintal

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Acordei e estava nos braços da Sunny, não tinha sonhado com nada naquele dia, apenas estava cansada e não me sentia bem com o desmaio anterior. Levantei e tirei seus braços sobre mim, fiquei sentada na cama olhando para a janela que estava aberta e balançava. Caminhei até a janela para ver o dia lindo que estava fazendo, e encostei à varanda, curvando meu corpo para baixo. Quando vi a mãe e o pai do Richard no jardim com duas pás nas mãos, cavando algo que estava em sua grama.

Fechei meus olhos para ver se a ausência de luz me deixava ver o que eles estavam procurando, mas não consegui. De repente o Richard apareceu no quarto por trás de mim me assustando.

- Oi! – Disse.

- O que está vendo? – Ele perguntou.

- Nada. Eu só estava vendo que dia lindo hoje está.

- Sim. Está mesmo, eu estava aqui perto ouvindo os pássaros cantarem.

- São lindos... Mas, você disse que morava em cima da loja.

- Sim, moramos. Mas meus pais deram uma folga e deixou algumas colaboradoras tomando conta de lá.

- Ah sim...

- Você e a Sunny... É... Namoram? – Ele perguntou.

- Não rolou nenhum pedido ainda, mas eu gosto muito de está com ela.

- Vocês não parecem gostar do mesmo sexo.

- Eu não gostava, mas o coração nos surpreende a cada minuto. Uma hora você está magoada com algo ou alguém, e depois de um tempo a gente esquece e se pergunta o porquê nós achamos que iríamos sofrer pela mesma pessoa para sempre. Quando realmente, ela vira um nada para nós.

- Estou vendo que você se magoou com alguém antes da Sunny.

- Sim...

- E você não tem como superar a dor?

Eu olhei para ele e fixei meus olhos nos seus. Era idêntico ao Jack, idêntico àquela alma que me pôs para baixo e nunca mais voltou. Mas isso serviu para me ensinar... Ensinar que quanto mais rápido as coisas são, mas rápidos elas terminam.

- Na verdade, eu não sei.

Nós ficamos nos olhando por um tempo, e eu lembrei várias coisas que aconteceram entre mim e o Jack. Ele deu um sorriso para mim e virou as costas saindo do quarto. Antes que saísse virou e me olhou.

- Eu vou tomar banho para a gente dar um passeio, me espere lá fora.

- Tudo bem. – Eu disse.

Ele saiu do quarto e eu olhei a Sunny dormindo. Olhei para a janela rapidamente e não vi os pais do Richard cavando mais nada. Desci até a sala e olhei todos os cômodos para tentar acha-los.

Fui até lá fora e vi o quintal todo cheio de buracos, me aproximei de um por um e não tinha nada neles. "Será que vão plantar árvores?" Pensei comigo mesma. Quando escutei um barulho no buraco que estava do meu lado. Virei à cabeça rápida e o observei. Uma mão saiu se segurando nas bordas e eu dei um pulo. Coloquei a mão na boca evitando que meu coração saísse. O corpo foi subindo e subindo, deixando revelar um rosto familiar. Era a Senhora Beth. Eu dei um paço para trás tentando não gritar, enquanto outras mãos saíam de todos os outros buracos fazendo os mesmos movimentos da Senhora Beth. Os corpos estavam todos brancos e com partes roxas, e se arrastavam até mim me deixando sem saída. Quando um corpo levantou a cabeça e eu vi o Raul, deduzi que todos os que tinham morrido por minha culpa estavam ali, e queriam me levar com eles.

- Tudo bem! Eu sei que não sou santa, mas vocês precisam entender que...

Os corpos pararam de se aproximar de mim, quando eles levantaram um pouco e apontaram para um lugar onde tinha uma placa na frente da casa, com um nome escrito "Florest's Home", virei para trás e os corpos tinham sumido.

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