Capítulo 19 - Flora

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Tocava naquela tulipa enquanto olhava o céu nublado. Estava no jardim do hotel e não era ainda nem seis horas da manhã, acordara cedo porque não consegui dormir desde a cena confusa de ontem à noite. "Eu só posso está em mais um dos meus flashbacks" pensei comigo mesma. Pensei que ninguém estava acordado até ver a Sunny se aproximando.

- Hei, acordei e não te vi na cama. Porque levantou cedo?

- Pensando em algumas coisas.

- Coisas na quais se referem à ontem?

- Sim...

- Mas está mais que explicado. Os filhos da Silvia morreram e estão no mundo real porque ainda tem missões a cumprir. Por que isso te deixa confusa?

- O fato de eles terem machucado só o Richard, e não você.

- O Richard deve ter tentado se defender. Talvez os garotos quisessem dar uma de bad boys e bateram para o Richard ficar com medo.

- O fato da menina também, ela quer entrar aqui dentro. Mas por que ela quer entrar em um lugar como esse? O que aqui tem de importante?

- Você sabe como criança é curiosa, você tem uma filha... Ela deve querer saber do que todo mundo tem medo nesse hotel.

Nós ficamos caladas e a Sunny ria de lado para mim, ela olhava as tulipas que estavam plantadas e eu via o sol saindo de trás das nuvens naquela manhã fria e silenciosa.

- Mas se você quer tanto saber, vá em frente. - Disse ela direcionando o olhar para o portão principal do hotel onde a garota estava. - Ela olha para nós como se soubesse de algo.

A menina estava nos observando de longe, andando de um lado para o outro com os braços cruzados. Sua face era de duvida, era semelhante a minha quando eu queria lembrar-me de algo e ficava encarando aquilo para buscar em meu cérebro. Andei pela trilha de pedra entre o jardim do hotel, indo em direção ao portão principal. Ela não se assustou quando eu cheguei, era como se ela já esperasse por aquilo.

- Oi... - Eu disse tirando o meu cabelo do rosto enquanto o vento o trazia para frente. - Meu nome é Emmy e o seu?

- Eu sou a garota que gosta de pessoas diretas.

- Gosta? - Disse abrindo o portão e passando por outro lado ficando em frente a ela e cruzando os braços. - Por que você quer tanto entrar aqui?

- E por que você quer tanto saber disso?

- Vamos dizer que eu sei o que você quer saber.

- E o que eu quero saber?

- Vai me dizer que você não quer entrar no hotel para saber de algo?

- Não. - Ela riu. - Perdeu um ponto, Kyle. Acho que até agora eu estou ganhando.

Ela ficava rindo enquanto balançava os pés e cruzava os braços. Seus cabelos curtos e negros balançavam sem rumo com o vento vindo de trás dela, a sua pele parecia que ela era uma daqueles fantasmas, branca e pálida, as veias de sua testa pareciam traços roxos.

- Se você veio aqui me dizer sobre os irmãos Gray você perdeu seu tempo, eu já sei da história deles e sei que eles são fantasmas. Eles falam comigo todas as noites.

- Como foi que eles morreram?

- Eles tinham uma casa na árvore de trás do hotel, talvez você não tenha ido lá ainda, mas todos estavam lá dentro pela noite. Eram onze horas quando eles foram e me chamaram para ir também. Eu disse que iria quando meu pai estivesse dormindo, pois ele não permitiria que eu saísse. E quando cheguei lá... - Ela abaixou a cabeça.

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