Capítulo 1

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CRISTAL

Estou trancada a dois dias nesse quarto, eu e mais três garotas Luz, Vitória e Lotus, sou gaúcha, vim para o Rio de Janeiro desfilar como modelo, me colocaram nesse quarto sujo onde elas já estavam, disseram algo como "estamos esperando a liberação do chefe pra vocês irem pro navio" como assim? O desfile era pra ter sido ontem. Começo a me lembrar daquela novela das nove que falava sobre tráfico de pessoas. Será que caí nessa cilada?

A porta se abre, estou com medo de virem nos buscar, mas é apenas um homem machucado que é arremessado para dentro, ele está desacordado, corro até ele.

Tem um machucado grande em sua cabeça, rasgo um pedaço da minha roupa e tento limpar o machucado, a pouca luz não é suficiente pra eu ver o tamanho do estrago, mas minhas aulas de primeiros socorros terão que servir aqui. Ele respira, o sangue parece ter parado de escorrer, embora ele ainda esteja inconsciente

Horas depois ainda estou ao seu lado e as meninas dormindo num canto afastado, ele começa a resmungar e eu tento falar com ele

-Moço, você está bem?

- Não estou, mas vou ficar, ao contrário daquele desgraçado que me jogou aqui, eu só preciso... – tentando se levantar

- Por favor, fique calmo, não tem como sairmos, já tentamos, fizemos de tudo

- Nada me para menina... ai

- Sua cabeça está machucada, está voltando a sangrar

- Eu preciso.... minha balança, pegue

- Balança? Onde isso?

- No meu peito, pegue

Abro sua camisa, mas é uma tatuagem

- Como que eu vou tirar isso daqui?

- Molhe sua mão em meu sangue, com isso ela sairá

Não entendi nada, achei que ele fosse só um louco, não entendo, apenas obedeci sem pestanejar, logo tinha uma pequena balança em minhas mãos, era preta cravejada com pedras que pareciam diamantes. Havia algo errado, não havia peso em nenhum dos lados da balança e ela estava totalmente pensa, como se do lado esquerdo tivesse um peso gigante invisível

- Como que uma balança quebrada pode te ajudar?

- Com ela posso chamar meus irmãos, me ajude a sentar

Assim que o apoio sentado fico observando, ele tira alguns fios de cabelo, mais um pouco de sangue e me olha nos olhos

- Preciso do seu sangue também, o meu está fraco, faz tempo que não me alimento

- Ainda temos alguma comida escondida aqui, espere que eu pego

- Menina, não é esse tipo de comida, preciso de sangue mesmo, me permite?

Ele pega minha mão, faz um pequeno corte e retira algumas gotinhas, quando terminam de pingar toda a mistura cria um brilho, uma luz e ele diz algumas palavras estranhas, é a última coisa que me lembro de ter visto 

Irmãos CavaleirosOnde histórias criam vida. Descubra agora