Capítulo 11

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Vitoria

Não entendo, até agora parece que estou em um filme desses de que passam durante a tarde, eu uma plebeia pobre da periferia vim parar em um castelo com um não príncipe arrogante, charmoso e lindo, que me cobriu de presentes e me colocou na torre mais alta do castelo a troco de que? De onde eu venho nada é de graça, tudo bem que estou com os quatro pneus mais o estepe arriados por ele, sem contar o embrulho que me deu no estomago nas poucas vezes que recebi algum tipo de afago dele.

Alguém bate a minha porta, é uma menina jovem, linda, extremamente branca, olhos azuis, cabelos ruivos, sardas naturais, suas vestes são simples e através dela posso ver seu corpo magro. Ela diz algumas palavras em alguma língua que sabe Deus que porra isso significa, acho que ela percebeu minha cara e dando passos para o lado me mostrou um carrinho com comida, dei o espaço e ela colocou próximo a mesa existente em meu quarto, abanou a cabeça e saiu.

Não resisto a fome e ataco, pão, queijo, leite, manteiga, tudo com aquele sabor de feito em casa, me lembrou minha infância de quando morava no sítio com minha avó no interior e ela fazia tudo, o mercado era apenas para os ingredientes, nunca comprava algo pronto, ela dizia que os dela eram melhores – e sou obrigada a concordar. Satisfeita paro pra observar melhor meu quarto, tem três portas, a que eu entrei, uma que dá acesso ao banheiro e uma terceira para um closet gigantesco equipado apenas com roupas de cama e banho, minhas malas chegaram enquanto comia, por isso resolvo desfazer uma a uma organizando tudo nesses cabides, se eu estivesse em casa lavaria tudo e deixaria o sol secar, aqui só tem neve por todos os lados, não sei bem o que fazer, resolvo ocupar minha cabeça decidindo a forma que tudo será guardado, quando termino vejo a mesma menina de antes parada na porta, ela me olha assustada e com raiva, percebo ela saindo correndo e pisando duro, algo me diz que vou ter problemas com ela ainda.

Decido tomar um banho, a água está bem quente, apesar de lá fora estar um frio insuportável, aqui é aquecido, posso ficar com roupas leves tranquilamente, mas quero conhecer o castelo, se não for pedir muito para Raj me acompanhar, não quero me sentir perdida. Por isso visto um conjunto de lingerie com cinta liga azul marinho, eu sempre achei lindo nos filmes e realmente com ele me senti gostosa, coloquei uma calça e um scarpin preto com uma blusinha branca e um casaco leve por cima, os corredores eu percebi que não tinham o mesmo aquecimento e eu sempre fui absurdamente frienta. Saio do quarto, não há ninguém no corredor, bato uma vez bem devagar na porta que Raj me indicou que seria o seu quarto. Ouço ele falar algo provavelmente grosseiro e aparentemente na mesma língua que aquela menina usou pra falar comigo. Suas feições mudam de bravo a extremamente surpreso ao me ver.

- Vitoria?!

- Me desculpe Raj, eu pensei... pensei que poderia te chamar para me mostrar o castelo, isso claro, desde que você não se importe. Se estiver ocupado tudo bem, posso voltar outra hora, sei lá – Por que eu estou parecendo uma adolescente quase gaguejando em frente a ele? Ah sim, pois esse monumento loiro está apenas com uma toalha enrolada na cintura, com gotas de água escorrendo por seu peito e eu com uma vontade absurda de engolir cada uma delas.

- Não, não tem problema algum, entre, só me espere colocar uma roupa.

O sigo para dentro, estou tão entretida com uma gotinha que está escorrendo pelas suas costas em direção a toalha que acabo trombando nele me segurando em sua cintura, armazeno seu cheio e como é o toque em sua pele nua em minha memória para tentar me satisfazer mais tarde. Ele se desvencilha de mim e segue para o closet. Me recomponho e o aguardo. Ele me mostra apenas uma parte do castelo, onde fica a biblioteca, a cozinha, a sala de jantar, onde fica a ala dos empregados, tento memorizar o caminho, gostei do lugar, mas sinceramente duvido que eu vá sair muito do meu quarto, só queria um celular pra poder ficar na internet, se bem que nem sei se aqui teria sinal... enfim, voltamos à estaca zero, ele disse que aquela empregada trará todas as minhas refeições no quarto, que não preciso me preocupar com nada e se precisar é só o chamar. Sigo para meu quarto enquanto ele estará no escritório que fica na porta de frente a minha.

Assim que entro, retiro o excesso de roupas, fico apenas com o conjunto de lingerie e boto uma camiseta grande por cima, estou com um pouco de sono devido a toda essa viagem, essas mudanças... Não posso reclamar, estou amando estar aqui, mas algo no fundinho da minha consciência me diz que eu não sairia viva desse lugar, que assim que aceitei botar meus pés aqui assinei minha prisão perpétua e ou sentença de morte. Durmo com esses pensamentos estranhos.

Acordo me sentindo vigiada, me incomoda, passo o dia olhando pela janela os flocos de neve caírem, aquela menina sonsa entra no meu quarto após bater três vezes e deixa a comida nos horários combinados, café da manhã, almoço, uma leve refeição a tarde e o jantar. Sinto seu ódio, eu não sei o porquê de tudo isso, suspeito que tenha algo a ver com Raj, mas ela é só uma menina, deve ter no máximo uns 15 anos... Acorda Vitoria, porra, no teu país tem muita menina com 15 anos que já tem filho, fogo na perseguida não é incomum na adolescência... mas novamente, que porra que eu tenho a ver com isso? Eu estou aqui certo? Nunca estive na cama dele – com exceção à quando dormimos no hotel, mas apenas dormimos mesmo, ou pelo menos eu dormi, ele quando acordei nem parecia ter encostado a cabeça no travesseiro, eu com um bafo do cão, cara amarrotada, cabelo desgrenhado e ele lá, uma pintura renascentista – Nunca nem beijei na boca desse homem, o pau dele então... nunca nem vi.  

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