Vitoria
Depois de descobrir quem é Raj, com as pistas nada delicadas de Cristal juntei as peças, eu jamais acreditaria em algo assim, mas aquelas pessoas no aeroporto realmente pareciam doentes, esse castelo tão antigo, os moradores daqui todos parecendo que vivem no passado, foi bizarro, mas acabei acreditando nessa teoria, se passaram poucos dias que ele me deixou, hoje estou enjoada, já vomitei algumas vezes, minha cabeça está zonza, não sei o que tenho e não tem pra quem pedir ajuda aqui, se amanhã eu estiver pior chamarei a Cristal e o Dan, eles estão longe, mas podem me ajudar a chegar em um médico, Dan deve saber onde o irmão mora e o que fazer, afinal deve ser tão velho quanto Raj. Aquela menina entra pelo quarto, Snow a odeia, ele sempre se coloca à minha frente chiando pra ela, mas hoje ele a atacou, ela chutou ele e o jogou na parede, mesmo zonza e com dor eu fui pra cima dela, não posso aceitar alguém atacar meu filho assim, ela pode não entender o português, mas puxão de cabelo ela entende.
Ela se desprende de mim, pega uma faca e aponta pra mim, fica gritando coisas que eu não entendo, fico implorando para que ela me deixe em paz, mas ela vem pra cima de mim e crava a faca em minha barriga, tenho certeza de que irei morrer, é muito sangue. A porta é aberta
Raj
Mas que merda da porra que Tom se meteu, agora eu vou ter que deixar Vitoria aqui no castelo pra ajudar meu irmão caçula mal agradecido, quando recebi o seu chamado fiquei tão puto que deixei Vitoria sozinha, logo agora que tinha me acertado com minha bela dama... a quero muito mais do que a tive ontem, eu esperava passar a noite com ela, e não arrumando uma passagem pra encontrar aquele moleque, conseguir um voo da Europa para o sul da África em tempo recorde não é tão fácil assim, juro que Tom vai morrer pelas minhas mãos se não estiver realmente em problemas
Saio deixando ordens explicitas para aquela serviçal cuidar de Vitoria, estarei de volta em uma semana, quero que ela cuide de tudo, Vitoria tem como entrar em contato comigo por aquele tablet que emprestei a ela, vou comprar um pra que seja só dela, vi que ela é básica nos gostos, mas gosta de acessórios então vou pegar algumas daquelas capinhas pra enfeitar o aparelho. Meus seguranças iriam até a cidade buscar os mantimentos necessários para o mês e toda a lista de compras que ela fez pra aquela bola de pelos chata.
Três dias depois estou voltando pra casa, apesar de sério o problema de Tom não era difícil de resolver, aproveitei para comprar mais algumas coisas pra minha Vitoria, tão pouco tempo com ela e já me sentindo assim... me sinto vivo pela primeira vez em séculos, algo além do jogo de ganhar dinheiro despertou meu interesse. Chego no castelo e como sempre está quieto. Desejo ver Vitoria, ando rápido até sua porta e escuto
- Não, por favor não faz isso – O que tá acontecendo?
- Você deve morrer, o mestre é meu sua puta suja, por sua causa ele não me enxerga, quando ele voltar e me ver com suas roupas ele vai ver o quanto sou bonita e vai me querer.
- Eu não entendo o que você diz, me deixe viver.... vou embora, faço qualquer coisa
- Não adianta gritar, ele é meu, tenho tentado te matar desde que chegou, o veneno parece não funcionar, ninguém aqui vai te defender
Além disso ouço murmúrios de súplica da Vitoria, não aguento e entro no quarto, vejo sangue por todo o lado, fico irado, tiro aquela fedelha de cima de Vitoria e a mato com minhas próprias mãos, olhando em seus olhos
- Sua bactéria insignificante, você jamais seria alguém nesse castelo, pensou que poderia ser como ela?
Aperto com força seu pescoço que se parte, a jogo no chão e observo Vitoria, a maldita a apunhalou na barriga, pela hemorragia sei bem que ela atingiu a aorta abdominal, ela tem poucos minutos de vida
- Raj... eu não quero morrer, não agora
- Não vai... apenas aceite
- Aceitar?
- Ser minha
- Já sou
Assim ela começa a delirar, sem pensar muito pego a faca que quase a matou e corto meu pulso, enfio na boca dela e a forço a engolir meu sangue. Aos poucos o corpo dela se recupera e ela acorda, preciso terminar o ritual - no meu caso eu a deveria praticamente matá-la antes com alguma de minhas doenças e meu sangue salvá-la, mas ela quase morreu de hemorragia, acho que vai dar certo - com um pouco do sangue ainda em minhas mãos retiro minha coroa que escondo em meu couro cabeludo e meu arco e flecha que estão no braço direito, divido minha coroa, formando assim duas coroas mais finas e delicadas. As pedras de ouro branco encrustadas nela se dividem ao meio, ficamos com coroas idênticas, coloco-as em nossas cabeças, o arco e a flecha estão entre nossos corpos, a beijo sentindo a ardência de agora nossos símbolos entrarem em nossas carnes, dói, ela grita e desmaia. A levo para a banheira, tiro todo o sangue de seu corpo vendo a marca tatuada em seu braço direito assim como agora está no meu braço esquerdo, mostrando que as armas só funcionarão com nossas mãos unidas, a coroa se escondeu entre seus longos cabelos escuros, vejo uma bolinha de pelos branca entrar pela porta, ela me assusta ao pular no meu colo olhando de mim para ela preocupado – Ela vai ficar bem garoto, ela vai ficar bem – ele pula no parapeito da janela nos olhando com atenção e quieto. Assim que termino de limpar seu corpo, a enrolo em um roupão e a coloco deitada em minha cama, para segundos depois aquele felino pular em sua barriga e ficar fazendo carinhos com as patas e um barulho estranho na garganta. – Já entendi, cuide dela enquanto arrumo a bagunça, não a deixe sair daqui.
Ele me olha como se tivesse entendido e eu saio me perguntando em que momento gatos se tornaram meus aliados? Volto para o quarto dela e tenho nojo, tenho vontade de matar ainda mais. Pego o corpo daquela maldita e saio arrastando pelos cabelos ao longo dos corredores parando no salão de entrada
- Venham todos aqui agora
Pouco a pouco após meu grito vejo esses vermes chegando e me olhando com medo, a mãe da menina (ou pelo menos eu acho que seja) começa a chorar e quer se aproximar do corpo, é segurada pelas outras mulheres. Decido falar de uma vez
- Essa garota pensou que podia matar a minha mulher, que fique bem claro a posição dela aqui, ela não é nenhuma bruxa como dizem, mas saibam que um fio de cabelo dela vale mais do que a vida de qualquer um de vocês entenderam? – vejo cabeças balançando em concordância – Se mais alguém aqui tiver a vontade de fazer qualquer coisa contra ela responderá a mim, e com toda certeza não serei misericordioso, pode enterrar, queimar, jogar do precipício esse estrume aqui, não me interessa. Quero o quarto de Vitoria limpo até o anoitecer.
Dizendo isso saio em direção a minha mulher no nosso quarto.
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Irmãos Cavaleiros
RomanceQuatro irmãos criados junto a humanidade, imortais - ou quase - cada um com seu poder e responsabilidade, a muitos anos decidiram tirar férias e se esconder vivendo entre as pessoas comuns. Todos tem seu cálice, mesmo aqueles que nunca o desejaram D...