Survive Or Love [Love And Monsters]

Chuva

A tenebrosa floresta foi deixada para trás após termos conseguido atravessá-la sãos e salvos. Foi tão bom quando Joel acertou o monstro e Garoto e eu corremos até ele, senti um medo enorme, mas Joel me salvou.

Meu coração palpitou mais forte quando ele deu um beijo em minha testa, não queria me soltar por nada, e é óbvio que eu não queria que ele me soltasse. A sensação de ser amada é muito boa. Eu sei que ele me ama apenas como amiga, mas já é alguma coisa... Não é?

— Ohana, olha! — Joel cutuca meu braço e aponta para o céu. — São nuvens escuras. Acho que vai chover.

Há um conjunto de nuvens pretas acima de nós, parece que estão bem pesadas. Não acredito que vou ver chuva depois de anos.

— Temos que procurar um lugar para passarmos a noite. Não é bom ficar sob as estrelas hoje. — ele concorda e começamos a apertar o passo.

— Você sente falta do abrigo? — Joel pergunta depois de um tempo, não demoro muito para responder.

— Não. — ele franze o cenho e sei que devo me explicar. — Sinto falta dos nossos amigos, não do abrigo. Tínhamos proteção e conforto, mas... — observo a minha volta e sorrio de leve. — Não tínhamos essa vista todo dia.

— Tem razão. Nós ficamos presos por muito tempo. Confesso que o medo me prendeu. — diz mexendo na manga de sua camisa, ele sempre faz isso. — Eu ainda sinto medo, isso é indiscutível... — ri um pouco. — Mas não tanto, eu paralisei um pouco no pântano, vi imagens do dia em que perdi meus pais, me senti fraco. Não podia deixar isso acontecer com você e com Garoto. Eu tinha que fazer alguma coisa, e quebrei uma barreira enorme para conseguir levantar e acertar a centopeia.

Sorrio. Admitir isso é muito legal da parte dele, Joel podia se fazer de forte e dizer que apenas estava tonto por conta da queda... Mas ele falou a verdade, somos amigos há anos e essa é uma das qualidades que mais admiro nele.

— O medo nos impede de fazer muita coisa. Nós deixamos de fazer algo, só por não nos sentirmos seguros, e eu sei que isso é algo que devo melhorar em mim. — confesso... Tipo falar para o meu melhor amigo que gosto dele há anos.

— Temos que tirar todos os bloqueios da nossa mente, todos os receios. Temos que nos livrar de todos, sem exceção. — ele mexe as mãos enquanto fala.

— E como vamos fazer isso?

— Toda vez que sentirmos medo, falaremos em voz alta. Vamos admitir, pelo menos um para o outro. Fechado? — ele estende sua mão para mim e eu a aperto.

— Fechado. Aposto que você vai admitir mais vezes que eu. — pisco.

— Disso eu não tenho dúvidas. — começamos a rir.

Descemos um pequeno morro regado por diversas plantas igualmente pequenas, são de cores diferentes, mas o verde escuro predomina, é tão fascinante como o mundo mudou em sete anos... A natureza ficou mais saudável. Isso é claro. Nós humanos não fomos cuidadosos com o nosso próprio lar. As vezes fico pensando que esse apocalipse foi uma forma que o universo planejou para restaurar a Terra. Se isso é verdade, foi um plano surpreendente.

Se alguém estiver lendo esse livro, obviamente a raça humana ainda não foi extinta – mesmo que merecesse, sem ofensas, somos da mesma raça –, cuidem bem do nosso lar, não façam como nós do passado. Não cometam os mesmo erros.

— E cara, eu me surpreendi com o final daquele filme, não esperava que fosse aquilo. — Joel diz empolgado, estamos conversando sobre filmes a horas e acho legal como eu e Joel sempre temos algum assunto. Nós nos conhecemos a muito tempo para saber de tudo um sobre o outro, mesmo assim nossas conversas nunca acabam. Vou sentir falta disso. — Achei que a mulher dele estava o traindo.