Survive Or Love [Love And Monsters]

Trouxa

Queridos leitores, se ainda existirem botas na época de vocês, por favor... Apreciem essa obra que fizeram há muito tempo. Se não fosse por um desses meus pés estariam em carne viva, o terreno não ajuda em nada, e minhas botas estão tão gastas que podem se desmanchar a qualquer momento.

Clyde segura seus binóculos olhando para a floresta abaixo de nós, eu e Joel estamos nos arrastando para chegar até eles, observo Minnow usar uma tinta, ou batom, não faço ideia do que seja, para fazer uma marca no cacto, faz dois círculos, um maior e um pequeno dentro dele.

Me jogo na grama respirando fundo, meu pulmão não aguenta uma caminhada como essa. Não riam de mim, eu estava em um abrigo!

— Ótimo. Foi um bom exercício. — Joel diz, ofegante.

— Sim... Com certeza. — balanço a cabeça, ele levanta a mão e nós fazemos o nosso toque.

— É uma menina não é? — a voz de Clyde é alta, me esforço para não revirar os olhos.

— É, é uma menina. — Joel confessa com os ombros caídos.

— E porque você veio com ele? — coloca as mãos na cintura me observando. Eu sacudo os ombros. Na verdade não sei o que responder, talvez eu poderia dizer: "Ah, apenas cuidando para que ele chegue vivo para a sua namorada" ou "Desistindo de mim mesma para ajudá-lo a ser feliz".

— Eu? Apenas passear. — digo de forma bem casual, foi bem convincente.

— Sei. Um saiu de uma colônia segura pra ir pro litoral por uma garota que não vê desde os 17 anos? E a outra saiu apenas para passear? — é, não foi convincente...

— Sei o que está pensando. Sei que parece loucura.— Joel diz e eu me levanto, cansando dessa conversa. Eu estou evitando pensar sobre isso, quero apenas me iludir que isso tudo é apenas uma aventura entre amigos e que eu não vou perdê-lo.

— Não parece uma loucura. É uma loucura. — Joel está me olhando, e a gente se encara por um momento. Aquele sentimento que nunca desaparece se intensifica nessas horas, e eu tenho que desviar o olhar para não deixar transparecer. Estar apaixonada pelo melhor amigo não é fácil, ainda mais quando ele é um bundão.

— Ah sei lá. Se visse nossa conexão, entenderia. Voltamos a nos falar pelo rádio há algumas semanas. — suspirou. — E ainda é igual. É tudo mágico e gostoso. Ela também me ama, vamos recomeçar se onde paramos.

Ouvir isso dói.
Mas sinto inveja também. O que a Aimee tem de tão especial? Ela deve ser uma garota incrível... Linda e com todas as qualidades que eu não tenho. Com certeza.

— Ainda é igual. — ele continua.

Minnow que está com sua besta arrumando uma de suas flechas, me encara com um sorriso acolhedor. Será que a garota está me entendendo? Será que estou fazendo muitas expressões que estão me entregando? Será que ela lê meus pensamentos?

Ela não pode chegar perto desse livro. De forma alguma.

— Já ouviu falar em "tarefa de bobo"? — Clyde ri um pouco, sua risada é rouca, parece que fumou durante toda a sua vida. Minnow oferece sua besta para Joel e aponta para os círculos que desenhou no cacto, ele concorda e se posiciona para atirar.

— Tarefa de bobo. — aponto para Joel e dou risada. — seu bobo.

— Sou, e daí? Sou um idiota por acreditar no amor verdadeiro? — fico sem palavras. Eu que sou idiota por estar aqui com ele, acho que essa é literalmente a definição de idiota.

— Não, é louco por estar aqui sem saber se virar. E você também, Ohana. — ele faz com que me encolha novamente, não estou gostando nada dessa conversa. — Vocês não sabem sobreviver...