Queridos leitores do futuro, confesso que estou um pouco envergonhada pelo "show" que dei hoje mais cedo... Foi um momento de vulnerabilidade, entende? Eu não vou me culpar, mas só de lembrar tenho vergonha. Fico pensando nas pessoas que me viram correndo com o rosto vermelho de tanto chorar, espero que Cap não tenha me visto, seria muito mais constrangedor.Agora estamos começando a festa, todos estamos em um círculo comendo um pouco e bebendo a cerveja que o próprio Cap faz. Ele é realmente habilidoso, ainda não me servi, pois estou sem fome, acho que ainda estou acostumada com a regra "os dois não", então não sinto fome como antes.
Lanço alguns olhares para Joel e as vezes consigo pegá-lo me olhando também. Não falei com ele, estou o evitando. Fiquei chateada com tudo que ouvi e não estou nem um pouco disposta em falar com ele.
— Quatro anos, depois do Ágata. HMAS Brisbane. Primeiro turno. — Cap está contando uma de suas histórias, é engraçado como ele fala enquanto mexe no seu colar. — Fui a primeira pessoa a vê-lo pulando o muro. Um lagarto gigante. Acionei o alarme... Tarde demais. Perdemos 1032 vidas naquela noite. Os que sobreviveram foram para o mar. Digo, não se enganem, mas já perdemos essa guerra, certo? Não há espaço pra humanidade na terra. Mas lá? Temos uma chance.
Franzo a sobrancelha, não gosto de pensar que perdemos uma "guerra", os animais de sangue frio só estão assim por erro dos próprios humanos. Ser amiga de Clyde e Minnow me ajudou a vê-los de outra forma. Tudo isso foi uma evolução e temos que aprender a viver com isso.
Joel levanta a mão.
— Eu tenho... Desculpa, tenho uma questão. Eu e Ohana sobrevivemos sete dias na superfície. Se conseguimos, qualquer pessoa consegue, literalmente.
— Obrigada, Joel. — reviro os olhos. Ele me olha um pouco mais confiante e continua sua fala.
— Talvez tenhamos uma chance de lutar e, sabe, recuperar o nosso mundo.
— Eu tenho um plano, e se tiver um melhor, sou todo ouvidos. — Brooks diz, e noto um pouco de zombaria na sua voz. — E ficarei do seu lado.
— Querem ouvir meu plano? — Joel pergunta sem jeito. — É que... Eu não tenho nenhum.
— Ei, é minha culpa. Não quis te colocar no centro das atenções. — me sinto desconfortável com essa conversa, concordo com Joel, nós sobrevivemos à superfície, então realmente qualquer um consegue, seguindo regras básicas é claro. — E... A Aimee contou que você faz uma sopa ótima. E é ótimo no rádio. Preciso de um especialista de comunicação. Alguém pra ensinar o Rocko a cozinhar.
As pessoas riem. Me sinto mal por Joel.
— Vocês tem um rádio? Quero falar com a minha colônia. — Joel pede. Aimee o leva e eu fico tentada a segui-lo, também quero falar com o pessoal do meu abrigo, estou com saudades deles.
Depois de mais uma história de Brooks, já estou entediada demais, então decido ir até a torre de rádio que Aimee me instruiu o caminho. Chego devagar para tentar escutar o que Joel fala.
— Eu estava muito errado. — diz Joel.
— Ela vai te entender, mas deixe-a respirar um pouco, você sabe como Ohana é, se estressa mas perdoa rápido. — ouço a voz de Tim e reviro os olhos. Como podem falar isso de mim?
Dou um passo e faço barulho para que Joel saiba da minha chegada, ele olha para trás enquanto entro na sala. Ele oferece um sorriso para mim.
— E esse Cap está dando em cima dela mesmo? Não deixa, cara... Marca território, mostre pra ele...
— Ok, certo, já entendi. — Joel interrompe Tim quase batendo no rádio e eu finjo não notar o que acabou de acontecer. — Ohana está aqui.
— Oi, Ohana? Ah meu Deus. — é Kala quem fala, sorrio e me aproximo da mesa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Survive Or Love [Love And Monsters]
FanfictionOlá leitores do futuro! Esse é um livro sobre a vida de uma sobrevivente após o apocalipse - no caso eu. Não sei se vai ser tão interessante... Mas vou escrever porque é o único passatempo que tenho aqui, além de limpar o abrigo subterrâneo onde vi...