Apesar de o céu estar sem nuvens e o sol estar bem forte, não está tão quente. A areia não é fofa como eu costumava lembrar, pinica minha mão quando encosto, e a água do mar é gelada demais para entrar quando molho meus dedos.Nada está certo, tem algo errado. Algo desconexo. Talvez esse seja o capítulo mais chato do meu livro, não estou bem, não me sinto bem... Não por fugir de um sapo gigante, ser perseguida por um Comedor, ou ser quase morta por uma formiga, rainha gobbler, centopeia ou qualquer outra coisa.
Meu coração dói.
Escrever costuma ser um alívio, mas nesse exato momento isso se tornou espinhos para mim. Cada palavra machuca, cada frase fere.
Estou em pedaços.
Ele não é meu, nunca foi. Eu não sou sua, nunca fui.
Em todos esses anos, não tive nem ao menos uma migalha e ainda assim me iludi e o pior de tudo, eu me iludi sozinha. Como posso ter caído na minha própria armadilha? Xingo quando molho a folha com uma lágrima, falei que não ia chorar. Reprimo isso.
Ok, vou tentar de novo.
Queridos leitores do futuro, tudo bem com vocês? Espero que sim.
Eu estou num momento delicado, a cada pensamento que tenho todos são sobre ele, aquele merdinha que está dormindo porque foi envenenado por sei lá o que. Droga, ele poderia ter morrido. Não posso me culpar por tê-lo deixado sozinho, ele que preferiu desse jeito, se não tivesse brigado com Garoto nada disso teria acontecido. Garoto estaria aqui e não seria tão doloroso.Porque agora estou sozinha.
Olho para trás quando escuto passos em minha direção e veio Brooke sorrindo.
— Você é bem misteriosa, sabia? — ele senta ao meu lado e eu fecho o meu caderno com força. — Gostei disso. Posso te desvendar aos poucos.
— Eu não sou misteriosa. — agradeço por não ter me permitido chorar, seria constrangedor ele me ver com o rosto inchado e nariz catarrento.
— Você vai vir com a gente, não é?
— Ir para onde?
Ele joga o cabelo para trás e olha para o mar, apontando para seu iate. Sorri o admirando.
— Vamos para o alto mar. Vou tirar todos daqui. — ele vira a cabeça para o abrigo onde as pessoas juntam suas coisas em sacos grandes, comida, roupas, alguns objetos pequenos. — Todos estão felizes em sair daqui, a terra já não é tão segura, mas o mar sim.
Franzo o cenho.
— Não acho que o mar seja tão seguro assim. Há bichos de sangue frio, não é?
— Ohana... — ele solta uma risada fraca. — Eu sou capitão há anos, sei onde pode ser seguro, onde não há muitos animais marinhos, qual passagem é melhor. Não vamos atravessar o mundo com esse iate. Mesmo antes disso tudo seria impossível fazer isso. — ri novamente. — nesses últimos três anos que fiquei no mar com os meus amigos, nunca passamos perigo.
Balanço a cabeça entendo o que ele diz, Brooks fala como se parecesse fácil tomar essa decisão, que realmente o mar é tranquilo e não cheio de armadilhas.
— Me diz que te convenci a ir comigo... Por favor. — ele bate o ombro de leve no meu e eu dou risada.
— Vou pensar e te aviso.
— Ah, Ohana... Tudo bem, eu espero. — ele levanta e me oferece a mão para me ajudar a levantar. Esticar as pernas nunca doeu tanto, acho que agora estou sentindo o cansaço da viagem. — Vale a pena esperar a resposta de uma garota que teve coragem de andar sete dias na superfície.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Survive Or Love [Love And Monsters]
FanfictionOlá leitores do futuro! Esse é um livro sobre a vida de uma sobrevivente após o apocalipse - no caso eu. Não sei se vai ser tão interessante... Mas vou escrever porque é o único passatempo que tenho aqui, além de limpar o abrigo subterrâneo onde vi...