•~Capitulo Trinta e Um~•

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Jéssica


No encerramento da Assembleia Kizarde, houve vislumbres de uma chateação nos rostos de meus amigos, principalmente olhares de bombas que queriam serem soltas diretamente no Imperador Lunj pelo ato de intransigência cometido contra Benjamin, um de nós.

Verity por mais que tivesse um caráter orgulhoso e não sutil, se demonstrava insatisfeita ao conversar com sua mãe, ainda que não tivesse uma relação considerável com o Magistral. No decorrer disso, Seraphina se exibiu fria, expressando que não se importava nem um pouco, o que é aceitável por assim dizer diante dos fatos.

Jagger se mergulhava em uma carapaça especialmente atordoada, desfocada, como se seu mundo tivesse desabado e destroçado em ruínas. Era evidente que o cantor tinha apreço especial pelo Magistral, tanto que o Dandium de cabelos castanho-claros não parava de tossir e se engasgar por conta do bloqueamento de xingamentos sucessivos de sua garganta, muito prováveis contra o Imperador.

Assim que vagamente, nos despedimos das pessoas e do santuário, e nos virávamos pra sair, os dois Mestre-Generais nos doaram os serviços de seus serviçais comandantes, Twunst e Rider, os quais iriam zelar os detalhes de nossa missão.

Pelo visto, a conclusão que me foi tirada, é que foi uma medida consultada e orientada de última hora do Imperador, por pura precaução, para nos espionar se realmente estamos cumprindo com nossas palavras e não estamos nos desviando de nossos preceitos, algo que me deixava fervilhando só de pensar na desenvoltura de seu sorriso maquiavélico.

Vicenzo se enrosca no meu encalço junto ao seu aroma de mulata com morango, transparecendo sua sombra no piso e eu giro no meu calcanhar, a fim de encará-lo, me mesclar no ardor de seus olhos. Seu rosto novamente está indecifrável e indiscutível, mas o enrugar de sua testa, demonstra com clareza o seu interesse em verificar o meu estado:

- Como você está? - pergunta em um tom ameno.

Sei que ele já imaginava como eu estava nas atuais circunstâncias em que um amigo meu acabara de ser indiciado a uma prisão, no entanto, eu também sabia que o guarda me fazia esta pergunta com objetivo de ouvir minha voz, fazendo questão de saber apropriadamente através de minha boca.

- Você sabe... - balanço meus ombros. -, indignada e ao mesmo tempo me sinto culpada. Benjamin não estaria preso agora, se não tivesse se encarregado de me buscar no plano dos mundanos - minha voz fraqueja.

Fico cabisbaixa, contemplando meus pés e Vicenzo, toma meu queixo docilmente em seus dedos, o erguendo frente à frente ao seu rosto, dizendo de modo franco:

- Tenho certeza que Benjamin pagaria esta pena só para te resgatar quantas vezes fosse necessário! Você é o bem que nós precisávamos, Jéssica! A nossa salvadora! Além de tudo, ele gosta de você! - Vicenzo aperta suas mãos em meus ombros, falando com força cada sílaba que se exibia em sua boca.

Por um momento sou compactada com um alívio ensurdecedor no meu coração que bombeava meu sangue contra as minhas costelas, porém sinto como se uma bolha espocasse em meu fígado, remoendo uma sensação de insatisfação e de uma dívida que eu ainda eu me sentia no direito de própria me cobrar.

- Se ao menos eu pudesse reconfortá-lo, Vi. Trocar um diálogo de pedido de desculpas. Eu juro que não tive intenção alguma de metê-lo nesta enrascada - extraio o desabafo da minha glote.

Os Adamantinos De Sangue E NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora