Eu devo ter encarado tanto Alexis que ela não se conteve em fazer o mesmo comigo, tentei ao máximo não demonstrar meu nervosismo e adentrei minhas mãos no bolso da calça, cerrando meus punhos para tentar me segurar.Minha vontade era de agarrá-la e interrogá-la. Eu precisava de respostas e queria uma confirmação sobre eu ser louca ou não. Por mais que eu estivesse nervosa, eu não me deixava levar, eu estava com a cabeça erguida, ainda a encarando. Em um piscar de olhos, Alexis ajeitou seu headphone em suas orelhas e se concentrou em meu rosto.
De todas as reações sensatas possíveis, como por exemplo: me questionar por que eu a encarava tanto ou poderia simplesmente fugir, mas não. A garota pegou impulso na mesa para se levantar, dando passos calmos e lentos em direção a saída da biblioteca. Para me provocar mais ainda assobiava e como uma reação inesperada, agarota de arroxeados do pastel, esbarrara em mim, e por algum motivo eu não conseguira me movimentar.
Em frações de segundos, pude ver o pessoal da emergência chegando e um aglomerado de estudantes na biblioteca. O menino estava desarcodado no chão, com toda aquela minha distração com Alexis, eu não percebi que o garoto havia desmaiado.
- Afastem- se!!! Ele precisa de espaço para respirar! - o paramédico sinalizava para os estudantes recuarem. Logo me toquei que deveria ter seguido Alexis, entretanto já era tarde demais, nunca conseguiria encontrá-la naquela multidão. Arrastei-me mais para perto de onde o garoto estava, para observá-lo melhor. Eu buscava mais respostas sobre o acontecimento.
Pude ver todo os procedimentos que o paramédico fazia com o garoto - para o manter bem. Quando a criança abriu o olhos, o paramédico ligeiramente o deixou sentando e pediu para que respirasse fundo por um tempo. O garotinho passara uns dez minutos para se recuperar e a aglomeração ia diminuindo aos poucos. Senti uma pequena apertada em meu ombro esquerdo e fui obrigada a me virar com o puxão.
- Menina do céu! - reconheci a figura da Laura ali. - Eu pensando que tu era a vítima, porra! Tu adora me preocupar!
- Ah mãe! É culpa sua que não me acompanha nos lugares - fiz uma expressão divertida e era isso em mim que fazia Laura se tranquilizar.
- Mãe? "Kakakaka" - não demorou muito pra Laura começar a ironizar - Oh meu bem! Eu não acompanho nem o ritmo da minha vida, que dirá te acompanhar. - eu ri com o comentário, a sinceridade dela partia das piores situações. Nós paramos pra olhar a entrada da equipe do jornalismo e da polícia.
A repórter se direcionou ao garoto, perguntando-o se ele gostaria de dar uma entrevista sobre o acidente. A reação do menino foi olhar para as pessoas ao seu redor, como se pedisse autorização.
- Vai ter muitas perguntas? - ele perguntava coçando a sua nuca.
- Não, vai ser breve. - a repórter retruca.
- Então... tudo bem! - os equipamentos necessários foram montados em pouco tempo, posicionaram-se em seus lugares e passaram algumas instruções para o garoto. Agora, que tudo estava pronto, iniciaram a entrevista.
- Boa tarde, telespectadores! Aqui quem fala, é Mariana Silva. Estamos na escola 100%, considerada uma das melhores de todo o Brasil. Hoje tivemos uma manhã perturbadora por aqui, pois um de seus alunos poderia ter sido vítima de uma bala perdida, por sorte ela passou de raspão. De acordo com a polícia, houve uma tentativa de assalto em uma loja de joias perto do local.
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Os Adamantinos De Sangue E Neve
FantasyToda a verdade nunca é dita. Principalmente neste mundo onde há mistérios perambulando por toda parte. Há anos a humanidade vem se esforçando para descobrir o sentido da criação do mundo e o motivo da existência de todos os seres vivos. Ao longo da...