Capítulo 26

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Ricardo e Jéssica ouviram a campainha tocando. Ela quis perguntar se ele não iria atender, mas achou melhor ficar calada. Sabia que havia alguém fora da casa, vira a sombra sendo projetada pela janela do quarto de Victor. Tentou gritar, mas a mordaça estava muito apertada e a impedia de pedir por socorro. O seminarista continuava interrogando Ricardo e Miguel permanecia em silêncio ao lado, com o corpo largado em uma pequena poltrona acolchoada, apenas observando a cena. Jéssica imaginara que a qualquer momento chegaria a sua vez. O que pretendiam? Afinal Miguel já sabia de tudo o que Victor contara a ela.

- Vocês deveriam se envergonhar de serem padres! - gritava Ricardo, inconsolável. - Não honram seus juramentos sagrados? Por que não estão dando apoio ao irmão de vocês ao invés de nos prender aqui? O que acham que poderão fazer conosco?

- Nada - disse Miguel, finalmente. - Não faremos nada. Apenas ficarão aqui conosco até nos contarem tudo o que sabem. Victor contou-lhe o que estava pretendendo, não é? Diga-me, onde é o ponto de encontro daquele grupinho ridículo dele?

- Eu já disse que não tenho ideia do que está falando! - respondeu Ricardo.

- Não se faça de idiota, rapaz! Minha paciência já está no limite! Não tenho mais tempo a perder! Coloque-os na sala vermelha, Carlo. Agora! - ordenou ao jovem.

Carlo segurou nas cordas amarradas aos punhos dos dois e fez com que se levantassem. Prendeu os braços de cada um atrás do próprio corpo. Jéssica fazia força para escapar enquanto Ricardo mantinha-se firme e procurava se mostrar calmo e forte. O rapaz puxou as amarras levando-os em direção ao corredor. Em seguida, passou pra trás, deixando-os à sua frente, de maneira que pudessem enxergar a porta no final da circulação sendo aberta por Miguel. Carlo continuava a empurrá-los, mas quando chegaram bem perto, Ricardo pôs os dois pés na parede ao lado da entrada. Carlo não conseguiu contê-lo e Miguel veio tentar ajudá-lo, mas Ricardo acertou um coice nas costelas do homem. "Deus me perdoe!" disse ele ao perceber que estava agredindo um padre. Miguel dobrou o corpo sentindo fortes contrações no estômago. Ricardo firmou o pé na entrada novamente, mas Miguel levantou-se e agarrou um dos pés, impedindo-o de usar a manobra mais uma vez. Um estrondo enorme vindo da saleta frontal os assustou. Miguel empurrou os dois, mais que depressa para dentro do quarto vermelho, mas já não teve mais tempo de escondê-los.

O detetive olhava abismado para a cena que ocorria diante dos seus olhos. Perguntara a Jéssica aonde iria ao sair do hospital e ela lhe dissera que iria até a casa paroquial buscar algumas batinas e uma bíblia para o padre. Ele lhe avisou que não deveria andar por aí sozinha, mas ela disse que levaria o amigo consigo. Não mentira. Com certeza não estava escondendo nada das autoridades. Ele confiava nela. E agora se deparava com uma cena bizarra daquelas? Por que os padres iriam querer prender uma moça que estava prestando favor a um de seus irmãos? Michael quase não acreditou nos seus olhos, esfregou-os com medo de que fosse uma alucinação. Mas não era. Carlo estava segurando as pontas das cordas que prendiam as mãos dos dois como se fossem gado e ele os estivesse encaminhando para o abate. Miguel agarrava-se em um dos pés de Ricardo que se debatia fortemente, tentando se libertar. Atrás daquela confusão toda, apenas uma parede vermelha de veludo borrava o cenário, dando uma aparência sanguinolenta àquela cena de horror.

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