Capítulo 6

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— Não se martirize, filha. Eles já haviam ido embora antes de você apresentar suas conclusões sobre o codex. Mas, deixe-me terminar. Onde estávamos? Ah sim, quando os enviados de Roma descobriram os livros daqueles que até então haviam sido considerados índios, ordenaram imediatamente que todos fossem destruídos, sob a alegação de que os rituais de sacrifícios humanos descritos em tais livros eram conspirações demoníacas e que não poderiam ser passados para as futuras gerações para evitar a continuação das práticas não católicas. “O bispo de Yucatán, D. Diego de Landa, ordenou a apreensão e a queima de centenas de volumes de livros, chamando isso de um ato de fé; além disso, determinou que a utilização daquela escrita demoníaca seria punida com a morte. Esse mesmo bispo quando retornou à Espanha, escreveu um relatório intitulado Relacion de las Cosas de Yucatán, em 1566, para justificar sua ação repressiva. Informou que os livros continham descrições de cerimônias diabólicas e sacrifícios humanos. O relatório ficou esquecido até 1863, até ser descoberto pelo sacerdote Charles Etienne Brassuer, que era interessado nas culturas pré-colombianas. Salvaram-se apenas quatro livros da destruição, três conhecidos há muito tempo e um que apareceu após a Segunda Guerra Mundial. Do que restou da produção literária, sobressai o Popol Vuh, livro sagrado, que contém numerosas lendas, considerado um dos mais valiosos exemplos da literatura indígena.”.

— Posso fazer apenas uma perguntinha?

— É claro, fique à vontade.

— Como podem os espanhóis ter encontrado e destruído a civilização por inteiro, se a história nos conta que os maias desapareceram mais ou menos no ano 600 d.C.? Ao que me consta, os espanhóis só chegaram por volta de 1523, estou certa?

— Ninguém sabe explicar ao certo o motivo, mas as antigas cidades dos maias foram abandonadas por eles. Alguns dizem que as guerras e invasões seriam a causa da sua saída, outros, que o modo de vida sedentário teria esvaído o solo e acabado com a agricultura, obrigando-os a mudar-se para continuar com seu cultivo primitivo, causando novo esgotamento do solo e seu consequente e rápido abandono. Essa e outras informações ficaram perdidas para sempre com a destruição das escrituras maias. Como eles conseguiram adquirir tamanho conhecimento em astronomia e matemático, também é um fato o qual não conseguimos explicar.

— Não estou entendendo, Victor. Você está me dando uma aula de história completa sobre a cultura dos maias, mencionou uma profecia, um erro nos cálculos temporais, mesmo sabendo que eu não acredito em nenhum ponto de vista religioso. Onde pretende chegar com tudo isso?

— Eu preciso da sua ajuda, Jéssica.

— Da minha ajuda? Mas para quê? Você não está pensando em me tornar uma tradutora de textos antigos, não é mesmo? Será que está com seu trabalho tão atrasado que quer que me mude para o México para ajudá-lo? — riu ela, brincalhona.

— Não, eu não quero que se mude comigo para o México. Na verdade eu preciso de dados mais precisos sobre as alterações das datas sugeridas pelo codex. Também gostaria de saber mais sobre as explosões solares que mencionou na sua palestra. Imagino que isso seja um dos sinais de que a profecia está se realizando.

— Quer dizer que os antigos maias conseguiram prever as explosões solares sem ao menos um telescopiozinho? Queria ser competente como esses caras!

— É mesmo impressionante, você não faz ideia do quanto. Não só as explosões solares que você tem observado desde 2003, mas também o aquecimento global, o derretimento das geleiras e calotas polares, as guerras e até o colapso financeiro mundial estava previsto. A profecia fala do final de um ciclo solar, que eles acreditavam ser o quinto. Eles aceitavam a teoria de que quatro antigas civilizações haviam habitado a terra antes deles. “A primeira era teria sido destruída pela água, depois de chover sem parar, coincidindo com o mito do dilúvio. O segundo mundo teria sido destruído pelo vento e o terceiro pelo fogo.O quinto mundo, o que nós vivemos hoje, de acordo com as profecias do rei-profeta maia Pacal Votan, será destruído pela fome, depois de uma chuva de sangue e fogo.” Em minha opinião, a inundação que destruiu a primeira civilização é o próprio dilúvio da nossa Bíblia Sagrada.  É incrível como tudo se encaixa e como tudo faz sentido perfeitamente. Se você comparar com as profecias de Nostradamus, por exemplo, ou com as de São Malaquias, verá que as datas que você encontrou, quando convertidas ao nosso calendário atual, são muito próximas. Chegam a coincidir.

— Desculpe, Victor, mas nunca tive o hábito de analisar antigas profecias. Nem ao menos sei como funcionavam esses outros calendários, além dos que estudei na universidade e agora do codex. Mas, diga-me em que posso ajudá-lo? Você mencionou precisar da minha ajuda, mas confesso que até agora não vejo como poderei ser-lhe útil. Quer que eu o ajude a calcular as datas, é isso?

— Pode ser que sim, embora já tenha feito isso milhares de vezes, junto com o grupo de estudiosos dos quais lhe falei. Já revisamos e tornamos a revisar as traduções, bem como os cálculos temporais. A conclusão é sempre a mesma.

— Então, diga-me, em que posso ajudá-lo?

— Você terá que acreditar na profecia se quiser me ajudar e mais, terá que acreditar que ela ainda irá se concretizar, ainda neste ano. Precisamos encontrar o portal deixado pelos maias e libertar a humanidade.

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