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Ana Narrando:

Não, ele só pode tá de brincadeira.

Eu: Como assim?- falei nervosa.

Coringa: É sério, mina. Quem é tu?- tentou ficar sentado na cama sem sucesso. As lágrimas já começavam a escorrer pelo meu rosto. - A gente se conhece? - coloquei a mão na minha boca pra não escapar o grito de desespero que eu queria soltar.

Xxx: Você acordou, querido? Vou chamar o doutor. - me assustei com a enfermeira na porta. Ele apenas assentiu. Comecei a andar de um lado pro outro. Deus, por favor não. Ele é o pai do meu filho.

Eu: Você se lembra do Noah?-perguntei num fio de voz. Ele pareceu pensar e depois negou. Meu mundo terminou de cair.

Vi que o Doutor estava entrando no quarto, aproveitei a deixa e me tranquei no banheiro. Encostei na porta e escorreguei até o chão. Como isso aconteceu? O tiro dele não foi na cabeça.

Passei alguns minutos chorando. Quando consegui me acalmar, levantei e lavei o rosto. Me olhei no espelho, estava acabada, tanto por fora quanto por dentro.

Menor: Já ia arrombar essa porta, pensei que tinha morrido. - falou assim que me viu, ele estava ao lado do Henrique.- Ele me disse que não sabe quem você é, eu sinto muito.- baixou a cabeça. - Mano, você se lembra pelo menos do teu herdeiro?

Coringa: Filho? Eu tenho um filho?- olhou incrédulo pro Menor.

Menor: Sim, ele é fodidamente fofo, coisa mais linda. O moleque vai fazer muito sucesso quando crescer. - riu.

Eu: Ele se lembra de você? - Menor assentiu dando de ombros.

Coringa: E quem é a mãe?

Menor: Ela. - apontou pra mim no mesmo instante que o Doutor entrou.

Doutor: Fiquei sabendo da confusão e estava na minha sala tentando entender o que aconteceu. Peço que vocês me acompanhem até minha sala para que eu possa explicar a situação à vocês. Quanto à você Senhor Verdelho, recomendo que descanse, acabou de acordar. Não vou lhe estressar com isso agora. Sua saúde está ótima e pelo que vejo é uma pessoa muito amada, esses dois não saíram do seu pé enquanto estava apagado, não tem com que se preocupar. - abriu a porta esperando que eu e Menor passássemos. Ele fez um toque com o Menor e acenou para mim. Sorri sem mostrar os dentes e saí. Quero o pai do meu filho de volta, comecei a chorar novamente.

Estávamos sentados à frente do médico, não conseguia parar as pernas de tão nervosa que estava.

Doutor: Então, como o tiro do senhor Verdelho foi no tronco e não atingiu nenhum órgão pensei que ele não teria sequelas. Porém, esqueci que quando ele levou o tiro caiu e bateu a cabeça. - suspirou. - Por tanto, ele está sofrendo de amnésia retrógrada. A amnésia retrógrada é caracterizada pela incapacidade de acessar lembranças anteriores ao momento que se produziu a lesão na memória. O período de tempo afetado pode ser muito variável, gerando o esquecimento de alguns dias ou da vida toda. É importante ter em mente que as síndromes, transtornos e lesões que causam esse tipo de amnésia não afetam a capacidade de criar novas memórias.

Também se encontram intactos outros tipos de memória, como a implícita processos automáticos como mudar a marcha do carro -e a procedimental - uma memória motora, como andar de bicicleta. - as lágrimas saíam mais depressa a cada minuto que passava. - Ela é causada por uma lesão no tecido cerebral. Mais especificamente, no cérebro, ela pode ser ocasionada por lesões no hipocampo, nos gânglios da base ou no diencéfalo. Como a lesão dele foi bem leve, o risco de morte é zero, daqui a pouco ele poderá estar em casa também. Pelo que conversei com o senhor Felipe,(Menor), ele provavelmente esqueceu dos últimos dois anos. Sinto muito.- olhou pra mim, apenas assenti. Saímos da sala e o Menor me abraçou, fiquei chorando alguns minutos no seu ombro.

Menor: A Gaby tá lá na minha mãe, vai pra lá, toma um banho, come alguma coisa, descansa... me apertou forte. Nos despedimos e peguei o Noah que tava dormindo do lado do Henrique e  fui para o morro.

Fiz tudo que o Menor recomendou mas no automático, não prestava atenção no que acontecia ao meu redor nem no que estava fazendo.

Gaby: Você tem que dormir, amiga.- disse enquanto me fazia cafuné. - Vou pegar um comprimido de melatonina pra você. - saiu e eu virei pra o lado encontrando meu bebê que dormia sereno, nem imaginava que o pai não se lembrava dele.

Tomei o comprimido, a Gaby voltou a fazer cafuné e perdi a consciência aos poucos até apagar.

complexo do alemãoOnde histórias criam vida. Descubra agora