Ana Narrando:
Tudo aconteceu muito rápido. No segundo dia que eu estava aqui minha mãe me apresentou a amiga dela aqui, que também é brasileira. Saímos, rimos, comemos, falamos mal da roupa alheia e compramos muito. Três mulheres e um bebê no meio de um shopping em liquidação, já viram né? Chegamos em casa mortos. Só deu tempo de tomar banho e falar com o Henrique antes de capotar. Aquilo fez muito bem para mim, me senti renovada.
No terceiro dia conheci o filho dela, o Caio. Ele era legal e super engraçado. Engatamos uma 'amizade', se assim posso chamar. Todo final de tarde quando ele saía do trabalho nós íamos passear no parque com o Noah. Não contei nada ao Henrique, ele ia pilhar atoa e ia ficar enchendo meu saco. O Caio nunca deu em cima de mim, nem sequer falou algo que eu pudesse levar com segundas intenções. Ele foi gentil, amoroso e carinhoso. Tudo que o Coringa não é normalmente comigo e eu sentia falta.
Só percebi que estava me encantando por ele quando o vi na festa da empresa das nossas mães. Ele estava de smoking preto e o topete penteado para trás com gel. Sabe aquele "príncipe encantado" que montamos na adolescência com nossos gostos? Ele era a personificação do meu.
Caio: A mulher mais bonita da festa chegou. disse ao se aproximar.
Eu: O poder da maquiagem.- ri sem graça.
Caio: Não de créditos à maquiagem pelo trabalho lindo que sua mãe fez.- me acabei de rir.
Ele pegou o Noah no colo e seguimos para mesa. Depois de um tempo o jantar foi servido, a comida estava divina. Logo em seguida veio a remessa de champanhe, se fosse juntar todas taças que tomei acho que daria mais de duas garrafas. O Noah dormiu e o dei para minha mãe segurar.
Caio: Me concede essa dança, senhorita? engrossou a voz e fez um gesto espalhafatoso para pegar minha mão.
Eu: Sim, senhor.- entrei na atuação com ele e rimos.
Fomos em direção à pista de dança. Ele colocou as mãos na minha cintura e eu em volta do seu pescoço. Estávamos rindo de um casal ao nosso lado que estava totalmente fora do ritmo. Quando virei para frente o rosto do Caio estava quase colado ao meu, sentia sua respiração batendo em mim.
Eu: Tenho namorado, Caio.
Caio: Interessante.- riu e não se afastou.
Fui me afastar mas ele pôs uma das mãos no meu pescoço e selou nossos lábios. Deixei rolar, não nego. Depois de alguns segundos vi que o frio na barriga tinha passado, não tinha graça aquele beijo. Ele podia ser meu príncipe encantado mas não era meu Henrique. Me afastei rapidamente. Saí em direção à mesa, nem esperei ele falar nada. Dei uma desculpa de estar enjoada a minha mãe e vim para casa com o Noah. Assim que fechei a porta a realidade bateu com tudo na minha cara. Eu trai, eu trai a pessoa que amo. As lágrimas começaram a escorrer. Coloquei o Noah na cama.
Fiquei meia hora pensando se contava ou não porque se eu não abrisse a boca ele nunca saberia mas isso não é justo e eu já fui injusta demais. Peguei o celular e foi mais meia hora para conseguir ligar.
LIGAÇÃO ON
Coringa: Oi, meu amor.- solucei.- O que aconteceu, gatinha?- ouvir a voz dele só fazia meu coração doer mais.- Ei, se acalma.
Eu: Eu... eu beijei outra pessoa.- mandei na lata, escutei sua respiração e ele desligou em seguida.
LIGAÇÃO OFF
Tentei ligar de novo mas já estava desligado. Encostei na parede, escorreguei até o chão e chorei igual uma desesperada. Meu peito doía. Por que o ser humano nunca tá satisfeito com o que tem? Por que porra eu tinha que ser fraca desse jeito? Ele melhorou por mim e olha o que eu faço. Eu estraguei minha família.
Tomei um remédio para dormir e apaguei. No dia seguinte não saí da cama, contei tudo resumidamente a minha mãe e pedi para ela não tocar mais no assunto. O Henrique bloqueou meu número como já esperava. Eu só comia, dormia e chorava no meu quarto. Minha mãe entrou no quarto batendo duas panelas com o Noah atrás se acabando de rir.
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complexo do alemão
FanfictionSou Ana, tenho 18 anos, moro desde que nasci no Morro Do Alemão. Sou Henrique mais conhecido por Coringa ou melhor O Dono Do Morro Do Alemão tenho 21 anos, comando o morro desde que meu pai morreu. Adaptada e recriada.