12. Ansiedade

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Naquela manhã, Malfoy levantou apressado e correu em direção ao banheiro, colocou tudo que havia comido ontem para fora.
- Draco? Você está bem?- perguntou Lucius batendo na porta.
O rapaz murmurou um "aham" como resposta e logo foi escutado o barulho do chuveiro. Draco odiava aquilo, a quimioterapia havia afetado tudo nele, especialmente o estômago; por isso ele estava tão pálido, não conseguia segurar os alimentos por muito tempo. Lucius corria atrás de uma solução feito louco, estava disposto a pagar qualquer coisa que pudesse aliviar os sintomas do filho, infelizmente não existiam métodos que pudessem diminuir a quantidade de vezes que Malfoy vomitaria ou se sentiria tonto e nauseado.
- Sabe filho, meu pai as vezes me dizia que frutas cítricas poderiam ajudar nos sintomas da químio.
- Achei que ele não tinha nem tentado a químio...- comentou o garoto olhando desanimado para o prato de laranjas e abacaxis a sua frente.
- Ele tentou por dois meses, mas já era tarde e aquilo só prolongaria seu sofrimento... Então ele desistiu...- o homem pigarreou antes de continuar- Coma as frutas, talvez melhore. Temos também gelatina e iogurte, para aliviar a sensação de boca seca.
Draco riu fraco, os olhos cheios de lágrimas e um sorriso bobo no rosto.
- Draco?
- Obrigado pai, por tudo. O senhor está fazendo mais do que deveria fazer, obrigado.
Lucius sorriu e disse:
- Filho, cuidar de você é o mínimo que eu devo fazer como seu pai! Eu vou sempre estar aqui por você... Mas não agora, eu tenho uma reunião urgente, sua tia Andrômeda está vindo para cuidar de você.
O homem deu um beijo na cabeça do filho e saiu apressado casa a dentro. Draco fazia suas refeições no jardim, era melhor pois o cheiro de tempero e comida não ficavam presos em seu nariz por muito tempo, e, além disso, ele também podia apreciar a vista bela daquele lugar. Andrômeda não demorou a chegar, e logo foi cumprimentar o sobrinho e conversar com ele.
Na casa dos Black, Harry estava ansioso praticando uma forma de dizer para os pais adotivos que ele estava num relacionamento com Draco Malfoy, ele sabia que Sirius nao reagiria muito bem e que Remus provavelmente o faria mil e uma perguntas.
- Harry?- Sirius falou batendo na porta.
- Oi?
- O café está pronto, não demore.
Potter abriu a porta no mesmo instante e sorriu de forma doce para o padrinho, pelo menos foi o que ele pensou. Tudo que Sirius via era um adolescente com a testa marcada por uma cicatriz, nervoso, com cara de sono e extremamente ansioso.
- Você está bem?- perguntou o homem.
- Perfeitamente bem! Vamos comer?- o rapaz falou desvencilhando-se do corpo do mais velho e correndo escada a baixo.
Sirius deu de ombros e seguiu o afilhado até a cozinha.
- Então...- começou Harry- Eu estou gostando de um garoto.
Black engasgou-se com o café e olhou assustado para Harry.
- Você está?- perguntou gaguejando.
- Sim.
- Ahn... OTIMO! Estava faltando LGBT's nessa casa mesmo.
Harry riu.
- Estou falando sério- o garoto disse.
- E qual o nome dele?
- D...- quando o rapaz ia falar, o celular de Black tocou e ele precisou atender.
Harry suspirou frustrado e levantou-se, o estômago estava embrulhado e as mãos trêmulas, aquela era a maldita sensação da ansiedade.
- Podemos falar sobre isso outra hora? Preciso sair- Black disse pegando sua pasta e ajeitando o terno- Ate mais tarde, cuide da casa Harry.
O homem saiu apressado, deixando para trás um garoto perdido e estressado.

Harry: Ta aí?
Rony: O que foi?
Harry: Vou contar para o Sirius que estou gostando do Draco, quero saber qual vai ser a reação dele... Se for boa eu admito que namoro com o ele.
Rony: Cara isso é estupidez, você sabe o que o seu padrinho acha dos Malfoys!!
Harry: Então eu não devo contar...?
Rony: Eu não posso te dizer o que fazer Harry, mas no seu lugar eu não contaria...

Potter desligou o celular, Ronald tinha razão. Sirius e Lucius tinham uma briga de anos, Black morreria se soubesse que algum Malfoy teria de fazer parte da sua vida, especialmente se fosse se relacionando com o afilhado. Como Harry falaria algo desse tipo para os "pais"? "Ola familia, eu estou namorando com o filho do cara que vocês desprezam, aliás, ele pode morrer a qualquer instante e eu posso sofrer por anos por causa disso... Mas não se preocupem, ele teve uma melhora considerável nesse meio período de tempo e agora, talvez, viva por mais tempo. É isso, quem está feliz?", aquilo estava fora de cogitação.
Harry precisava sair, precisava espairecer... Os últimos meses foram um turbilhão de emoções e reviravoltas inesperadas! Quero dizer, ele se mudou para uma escola onde não conhecia muitas pessoas além de Hermione e os Weasleys, quando chegou arrumou briga com um garoto que agora era seu namorado, namorado esse que, por coincidência, estava morrendo e não havia nada que ele pudesse fazer para evitar isso. Todos seus dias desde que ele e Malfoy começaram a namorar se resumiam em ficar preocupado com a saúde de Draco, querer notícias sobre o estado dele, ter medo de brigar com ele pois não sabe se o mesmo vai estar aqui após a briga para que Harry possa pedir desculpa, aguentar múrmuros de pessoas idiotas sobre a relação dos dois, evitar ir em festas nos fins de semana para não levar um vírus sem querer para a casa de Malfoy, e no fim do dia sentar na sua cama e chorar por não conseguir relaxar por saber que não pode fazer nada para melhorar a saúde do namorado. Era coisa de mais para um garoto de 17 anos aguentar.
- Draco?- o garoto disse ao telefone- Você está bem?
- Estou sim, quero saber de voce... não me mandou mensagem a manhã toda, fiquei preocupado.
- Me desculpe meu amor, eu só... eu só estava ocupado.
- Estou atrapalhando?
- Não!- respondeu rapidamente- De jeito nenhum, eu já terminei de fazer o que eu estava fazendo.
- Espero que esteja falando dos preparativos para a sua festa.
- Não vou fazer uma festa Dray...
- Vai sim!! Qual é Hazz, você tem que aproveitar a adolescência, daqui nove dias você já vai poder ser preso e isso é incrível!
O moreno deu risada, como Draco poderia achar aquilo incrível?
- Voce acha?
- Sim!! Aí você vai poder beber em paz e dirigir, só não faça os dois em sequência por favor- o loiro falou rindo.
- Quer me ajudar a preparar a festa?
- POR FAVOR!!! Vou pedir o carro da minha tia emprestado, me passa seu endereço e eu vou te buscar.
Potter fez o que Malfoy disse e foi se arrumar para esperá-lo, talvez aquilo ocupasse sua mente e o fizesse relaxar, afinal, nada melhor do que preparar uma festa, não é?
- Achei que você nem viria mais- comentou divertido.
- Demorou para ela aceitar meu pedido, desculpa.
- Não se desculpe- Harry disse após selar o lábio do namorado- Você teve uma ideia incrível.
Draco sorriu e deu partida no carro, eles iriam passar numa loja de decoração e veriam os produtos. Malfoy odiava esse tipo de programa desde que começou o tratamento, acontece que devido a debilitação na saúde ele tinha que usar máscaras sempre que saia para lugares poluídos ou movimentados, só sugeriu ir no centro pois sabia que talvez aquilo ajudasse Harry a se distrair.
- Vou carregar seu cilindro para você, sim?- Potter falou pegando o objeto pelas alças.
Draco nem tentou contestar, sabia que seria em vão.
Os garotos andaram por algumas lojas, evitando entrar nas mais ocupadas. Potter então percebeu que realmente as pessoas olhavam para Draco de forma estranha, algumas curiosas, outras, com nojo. Então todo aquele seu discurso sobre "pare de me ver como um boneco de porcelana" fez sentido, era difícil para Malfoy ser visto como uma doença ambulante, e agir como se ele fosse de vidro só piorava a situação.
- Vamos ver nessa daqui- Draco disse ofegante.
- Não, eu vejo e você fica sentadinho tomando um ar, prometo não demorar- Potter respondeu ao observar a feição cansada de Malfoy.
O loiro apenas concordou, ele sabia que não ia aguentar muito tempo se continuasse andando, então se sentou numa cadeira que havia ali na loja e ficou de baixo do ventilador.
O moreno andou despreocupado pela área de decoração festivas, não queria algo de mais, talvez só uns balões e uns copos diferenciados bastassem. O garoto pegou alguns pacotes de bexiga nas cores vermelha, uns talheres e pratinhos da mesma cor, e uns copos com o número 18 estampado na frente.
- Draco você está bem?- perguntou Potter.
- Sim, já pegou o que queria?- falou levantando-se.
- Aham, só falta pagar.
- Deixa que eu pago- o rapaz disse tirando a carteira do bolso.
- Não precisa...
- Nao tem problema amor, afinal, foi minha ideia comprar coisas para festa.
Harry não discutiu, seria inútil. Os dois dirigiram-se ao caixa e pagaram pela mercadoria.
Era legal fazer um programa de casal normal, sem hospitais e horas ao lado de Malfoy enquanto remédios eram injetados na sua veia.
Potter estava ansioso para ter mais programas comuns com o namorado.

INFINITY- drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora