INFINITY- drarry

19. Campo de papoulas

Na manhã seguinte, Potter acordou com o som da respiração fraca e descompassada de Malfoy. O loiro estava agarrado na camisa do namorado, tremia e por vezes parecia não ter ar; ao notar isso, Harry levantou rapidamente e checou o cilindro de oxigênio de Draco, estava quase vazio.

- Merda- o garoto sussurrou- Dray, acorda- chamou mas não recebeu resposta.

Quanto tempo ele tinha até o ar do garoto acabar? Daria tempo dele procurar por Lucius ou não? Draco ficaria bem?

Sacou rapidamente o celular e pesquisou no google como ele deveria fazer, não era tão complicado como ele achava. Feito a troca, ele aumentou um pouco a liberação de oxigênio e logo viu o loiro puxar todo ar possível, Potter suspirou aliviado e começou a distribuir beijinhos pelo rosto de Malfoy.

- Hmm... bom dia- o loiro resmungou sonolento.

- Bom dia Dray, como está?

- Cansado, mas estou bem meu amor. E você? Dormiu bem?- Draco falou esticando os braços e chamando Harry para um abraço.

- Dormi sim- Harry respondeu se aconchegando nos braços do namorado.

Os dois ficaram conversando por um tempo, cochilaram novamente e só foram levantar meio dia. Quando desceram, Lucius os olhou com reprovação e disse:

- Achei que estivessem mortos lá em cima.

- Bom dia para você também pai.

- Bom dia senhor Malfoy- Potter falou timido.

Lucius murmurou a resposta e voltou o olhar para os papéis na mesa, coisas do trabalho.

Draco serviu o café para Harry e logo sentou-se ao lado do namorado para observa-lo comer. Harry pensou em questionar se o namorado não tomaria café, mas constatou que ele estivesse enjoado e por isso preferiu não dizer nada. Draco pegou um copo de suco de limão, coisas cítricas e geladas evitavam seu enjoo. Os dois passaram o resto do fim de semana vendo filmes e retribuindo as caricias um do outro.

Conforme a semana se seguiu, Draco escreveu as cartas, uma a uma e todas a mão. Começou pela a do melhor amigo, que foi seguida pela do pai e, por fim, escreveu a do namorado. Draco pensava e pensava sobre tudo que havia escrito, aquilo talvez significasse que ele realmente estava próximo do fim...

- Estou saindo. - o garoto falou.

- Onde vai? - respondeu Lucius.

- Preciso dar uma volta...

O garoto saiu apressado, entrou no carro e seguiu para o campo de papoulas que um dia fora o "lugar mágico" dele e da mãe, onde agora ele tinha memórias com Harry.

Alguns minutos depois, Draco chegou onde queria, saiu apressadamente do carro e seguiu em direção a colina, estava exausto mas a vontade de chegar até aquela árvore era maior. Era fim de tarde, a vista era bela, lembrou-o de quando corria por ali com a mãe, sentia falta daquilo.

"Quando foi que aquela colina fiou tão distante?", pensou irritado.

Chegando no ponto desejado, o garoto se jogou na grama, as leves pinicadas faziam cócegas em seu pescoço e em sua cabeça, faziam com que ele se sentisse vivo. Draco respirou fundo e fechou os olhos, deixando-se mergulhar nos pensamentos e nas memórias; seus pensamentos iam de Harry para a sua mãe, e então, voltavam para o pouco tempo de vida que ainda tinha. Lágrimas rolavam involuntariamente pelo seu rosto, o cheiro das papoulas preenchiam suas narinas e um leve sorriso brotou no meio de seu choro.

- Quando foi que a vida ficou assim, mãe? Quando foi que eu comecei a perder ela? - falava com a voz embargada.

Draco olhou para o céu, esperava uma resposta que nunca receberia, um carinho que agora lhe faltava. Nunca havia parado para sofrer, não da forma que deveria pelo menos. Durante os primeiros três meses dede a morte da mãe, ele passou as noites em festas ocupados de mais para chorar; as coisas só pioraram conforme os dias foram passando, sua vida se resumia em somente três coisas: sexo, drogas e bebidas. Draco estava cansado e sabia disso, estava cansado de ser chamado de vazio, cansado de saber que quem chamava ele daquilo estava realmente certo! Talvez aquela fosse a primeira vez que ele chorava de verdade, havia deixado todas as suas mágoas de lado por muito tempo, chorava de vez em quando e somente quando conseguia.