11. Piquenique

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- Tem certeza de que pode dirigir?- perguntou Lucius.

- Absoluta!

- Só vou te emprestar porque você vai estar acompanhado- o homem disse antes de virar-se para Harry- Mas você tem que me prometer, Potter, que se algo acontecer você não vai hesitar em me chamar, ok?

- Eu prometo senhor- o moreno respondeu sorridente.

Lucius suspirou e entregou as chaves para o filho, Draco por sua vez abriu um sorriso enorme e começou a puxar Harry e o cilindro para fora de casa.

- Tem certeza de que não quer que eu dirija?

- Absoluta Harry, você já tem feito de mais por mim, me deixe pelo menos dirigir você até o campo, sim?

Potter assentiu meio contra gosto, mas, Draco era teimoso e ele sabia disso, e Harry não queria estragar aquele piquenique  e nem a tentativa de Malfoy de aliviar o peso daquela situação. Malfoy dirigia sem pressa, segundo ele "cada segundo é importante", no começo, Potter ficou preocupado com a quantia de oxigênio do cilindro mas relaxou ao perceber que Malfoy havia trago um reserva.

- Você está tenso Harry, relaxe.

- Não consigo Draco, desculpa...

Malfoy encostou o carro no acostamento e respirou fundo tentando se acalmar.

- Eu estou doente Potter.

- É perceptível.

- Quis dizer que estou doente mas não estou morto- o loiro falou irritado.

- Mas você pode...

- EU SEI!- Malfoy respirou fundo recuperando a razão- Mas pare de me tratar como um boneco de porcelana que vai quebrar a qualquer instante! Eu já estou cheio de limitações, já tenho que conviver com os olhares curiosos em cima de mim quando saio com meu pai, tenho que aguentar a preocupação excessiva de Lucius... mas eu... eu ainda sou eu, Harry. Eu ainda sou o Draco Malfoy, aquele idiota que vive fazendo piadinhas sarcásticas e pegando no seu pé, então por favor, seja só o Harry Potter. Brigue comigo quando achar necessário, faça piada da minha cabeça careca e enorme, ria das minhas piadinhas como você fazia antes do estado se agravar... Eu ainda estou aqui, meu coração ainda bate e eu ainda consigo me virar sozinho, então por favor me trate como um igual e não um doente.

- Dray...- Potter falou limpado algumas lágrimas que desciam pelas bochechas de Malfoy.

- Para Hazz, por favor, para de ficar olhando nervosamente para mim e para o cilindro, se eu disse que consigo dirigir é porque eu consigo!

- Tudo bem amor, eu acredito em você.

Draco sorriu e deu partida no carro novamente, odiava brigar com Harry mas aquela situação estava o deixando chateado. Harry por sua vez tentou não ficar encarando o cilindro e o rosto de Malfoy, o loiro estava certo, ele precisava relaxar e deixar Draco ser ele mesmo, ser o Draco além do câncer.  

- Chegamos- Malfoy falou sorridente.

O campo era lindo, era um campo de papoulas, extenso e bem verde.

- Uau- Potter falou.

- Se continuar babando desse jeito vai alagar o campo- o loiro comentou divertido recebendo uma risada do moreno como resposta- Você pega a cesta e o outro cilindro?

- Pego sim, mas como vamos nos sentar no meio desse tanto de planta?

- Vamos andar um pouquinho e nos sentar ali- Draco apontou para uma pequena colina de grama tão verde quanto os olhos de Potter.

Harry pensou em contestar o namorado, perguntar se ele conseguiria, mas sabia que aquilo o deixaria mal então só concordou e começou a caminhar atrás de Malfoy.

- Você está bem? Podemos sentar aqui se quiser...- ele comentou ao perceber que o loiro havia parado para puxar o ar.

- Não...- Malfoy respondeu ofegante- Eu consigo.

Harry percebeu que ele havia aumentado o fluxo de oxigênio, Draco pigarreou e ergueu uma sobrancelha perguntando se Harry andaria logo ou ficaria ali parado observando ele. Andaram mais um pouco e chegaram na pequena colina, agora era a hora da verdade. Draco conseguiria subir aquele montinho de terra enquanto carregava um cilindro de sei lá quantos quilos nas costas? Sua pressão baixaria devido ao calor e ao sol forte e ele desmaiaria? Harry precisaria chamar uma ambulância?

- Bem, vamos lá!- disse Draco.

Os garotos começaram a subir de vagar, Potter tentava acompanhar o ritmo de Malfoy, mas o mesmo mandou Harry se adiantar e arrumar as coisas em baixo da grande árvore que se localizava no meio da colina; como o moreno poderia negar tal pedido? Exato, não existia maneira e ele não pode, sendo assim, apressou o passo e começou a arrumar as coisas.

- Cheguei- o loiro falou ofegante enquanto sentava-se no cobertor- Falei que conseguiria.

- Não duvidei por nenhum momento- disse Harry depositando um beijo nos lábios de Draco- O que quer comer?

- Nada, não quero vomitar na sua frente e te fazer ficar nojo de mim.

- Nunca ficaria com nojo de você amor. Eu trouxe sorvete, dizem que é mais fácil de manter no estômago- o garoto falou pegando o pote de sorvete de baunilha na cesta e duas colheres.

- Como eu poderia rejeitar tamanha bondade?- Malfoy falou pegando uma das colheres da mão do namorado.

Os dois riram e começaram a comer e conversar. Falaram sobre coisas diversas, desde a escola até a família, Harry descobriu o tanto que Draco sentia falta da mãe e o quanto ele faria de tudo para ter mais cinco minutos com ela, o moreno, de certa forma, sentia o mesmo.

- Por isso te trouxe aqui hoje.

- Por que?

- Eu e ela costumávamos vir aqui aos sábados, nunca trouxe ninguém aqui desde que ela se foi... e nem mesmo antes dela ir, nem meu pai vinha aqui, era um lugar só nosso. Ela começou a me trazer aqui quando descobriu que eu estava com câncer, ela dizia que a felicidade, a naturalidade e a tranquilidade desse lugar poderia me ajudar no tratamento... errada ela não estava.

- Queria ter tido esse tipo de momento com a minha mãe...- Potter comentou triste.

Draco o abraçou e sussurrou "sinto muito" em seu ouvido, era evidente que mesmo com pouca memórias da mãe, Potter ainda sentia falta dela e a queria por perto. Talvez se tudo fosse diferente, se ambas as mães estivessem vivas, os meninos não se encontrassem e então tudo seria diferente... Não podemos e nem devemos alterar o passado, mas Malfoy daria todo o dinheiro do mundo para quem pudesse ajudar Potter a dar pelo menos um abraço na mãe.

Os garotos trocaram de assunto, comeram e ficaram deitados observando as nuvens, o momento perfeito para eles. O Harry e o Draco do futuro se lembrariam daquilo até o ultimo suspiro.

INFINITY- drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora