9. Lado a lado ate o tempo acabar

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- Tem certeza de que está bem?- Lucius perguntou para o filho.
- Sim pai...
- Pode me chamar se precisar, ok? Não hesite.
- Estou bem, aliás, um amigo meu vem me dar apoio moral se você não se importa- Draco falou nervosamente.
- Que amigo? Zambini?
- Não, Harry Potter, ele é novo e você não o conhece.
- Potter? Achei que todos os Potters estavam mortos.
- Nao, Harry pelo menos está bem vivo.
Lucius deu de ombros e recolheu suas coisas, checando o relógio falou:
- Por mim tudo bem, desde que esse garoto Potter não se atrase.
De repente, um garoto de mais ou menos 1.75 de altura atravessa a porta da sala de quimioterapia na maior velocidade, ofegante e suado.
- O...Olá senhor Malfoy- o garoto disse tentando recuperar o fôlego- Sou o Harry... Harry Potter.
- Bela companhia Draco- Lucius falou analisando Potter de cima a baixo.
- Me perdoe pelo atraso, minha bicicleta quebrou.
O homem apenas murmurou algo e saiu, despedindo-se do filho com um afago na cabeça.
- Acho que ele não gostou muito de mim...
- Meu pai não gosta nem dele mesmo- Draco zombou.
Harry sentou-se no banquinho que ficava próximo da cadeira onde Malfoy estava, o loiro estava cheio de fios conectados ao seu braço e um cobertor estendido sob seu colo.
- Harry?
- Sim amor?- o garoto respondeu desviando sua atenção para o rosto do namorado.
- Não esqueceu de nada?- o loiro disse fazendo biquinho.
Potter logo entendeu o recado e deu um selinho rápido em seu namorado. Draco havia começado a químio a um dia, sua voz estava mais fraca do que antes, talvez efeito do remédio.
- Quer saber o motivo de ter um cobertor no meu colo?
Harry assentiu.
- Os remédios fazem com que eu sinta frio pois diminuem minha pressão sanguínea, as vezes é como se pequenos cubinhos de gelo entrassem pelas minhas veias e espalhassem-se pelo meu corpo.
Potter riu com a comparação, sabia que o processo da químio não seria fácil. Draco havia lhe dito que o seu médico preferiu cortar a radioterapia, pois, segundo ele, o corpo de Malfoy não conseguiria aguentar tamanha radiação por muito tempo.
- Não se preocupe, Hazz, eu sou sua fênix.
- Não estou preocupado Dray, sei que você irá se recuperar.
Ambos sorriam, Harry segurando a mão livre de Malfoy o tempo todo. 
Quatro semanas após o início do tratamento era possível notar a diferença do Malfoy de antes para o Malfoy de agora. Não que Draco fosse o mais musculoso e robusto dos rapazes, mas ele também não era magrelo e mirrado como estava agora. Ele mal conseguia ficar na escola, sua carga horária havia sido reduzida devido ao seu estado e ele havia sido afastado do time. O humor de Draco era incontestavelmente péssimo.
- Você precisa comer algo- Lucius falou- Por favor meu filho.
Draco suspirou exausto e levou uma colher da sopa para a sua boca, a reação foi imediata, ele se curvou e vomitou no balde ao seu lado.
- Me desculpa pai- ele disse com os olhos marejados- Eu tentei, de verdade.
Lucius olhava para cima tentando evitar que lágrimas caíssem de seus olhos enquanto acariciava a cabeça de Draco e murmurava "está tudo bem filho" na tentativa de acalma-lo.
- Seu amigo Harry vai vir aqui hoje, pedi para que Dumbledore o liberasse.
- Não deveria ter feito isso pai, ele precisa estudar.
- Você precisa se animar Draco, não aguento mais te ver andando como um fantasma triste pela casa.
- Se considerarmos as circunstâncias, em breve eu serei um fantasma flutuante e não ambulante- o garoto disse tentando amenizar o clima.
O pai deu um tapinha leve na cabeça do filho.
- Não fale esse tipo de coisa, você vai melhorar! Agora suba, vá tirar essa camiseta vomitada e tomar um banho. Não se esqueça que amanhã teremos uma consulta especial para ir.
- O senhor não precisa ir trabalhar?- contestou Draco.
- Não vou te deixar sozinho, da última vez que fiz isso encontrei você desacordado no meio da sala. Seu amigo deve chegar em meia hora, se ele não se atrasar de novo.
- Ele só se atrasou uma vez pai!
- Não foi uma boa primeira impressão e a primeira é a que fica. Agora vá pro banho!
O garoto subiu rapidamente as escadas, parando apenas para recuperar o fôlego, e logo foi para o chuveiro.
A sensação da água quente caindo em sua pele fazia com que Draco lembrasse que estava vivo ainda e que tinha por quem lutar. Ele não poderia deixar o pai, sem ele, Lucius ficaria sem ninguém; ao mesmo tempo, ele não poderia deixar Harry que, mesmo com amigos, sofreria na sua partida.
Potter não demorou para chegar, chegou dez minutos antes do previsto, Draco o esperava ansioso no sofá ao lado de seu pai.
- Bem, acho que já vou. Potter você é o responsável, caso haja algo de errado com o Dray por favor me ligue de imediato. Juízo e se comportem!- Lucius falou antes de fechar a porta e sair em seu carro.
Os meninos se olharam sorridentes e se abraçaram, devido ao fato de que Draco já não frequentava a escola com a mesma frequência, ele e Harry não se viam mais direito. Somente nas aulas quando não podiam conversar e se tocar e nos fins de semana, esses que as vezes Draco recusava insistindo que Harry precisava ficar com seus amigos também. Harry por sua vez ficava bravo, "como ele pode me afastar num momento desses?" pensava toda vez que Draco recusava seu pedido, mas no fundo ele entendia, sabia que Malfoy fazia isso para que ele não ficasse sozinho caso Draco morresse; e Draco também precisava de um tempo com seus amigos, amigos e não namorado.
- Acha que seu pai sabe?
- Ele deve desconfiar.
- Nunca deixamos tão na cara, né?
- Bem, se ele não ouviu nenhum dos meus sussurros em seu ouvido, não.
- Então por que ele deixou um pacote de camisinhas na sua cama com um bilhete escrito "se for transar com ele, pelo menos se proteja!"?
Os meninos começaram a rir freneticamente.
- Eu adoraria usar elas com você Harry, mas não acho que eu teria fôlego para isso.
- Eu entendo amor- o moreno disse acariciando o rosto de Draco- Aliás, adorei seu brinquedinho novo, pra que serve?
- Se você estiver falando desse tubo que entra no meu nariz e que está ligado a um cilindro de oxigênio, esse é meu oxigênio portátil. O médico disse que me auxiliaria na respiração, e ele tá certo.
- Posso experimentar?
Draco riu da forma inocente como o namorado perguntou.
- Claro- ele disse retirando o cateter nasal de seu rosto e ajustando-o no de Potter- E aí?
- Faz cócegas- o moreno comentou- Mas realmente, auxilia bem na respiração.
- Eu sei- ele falou pegando de volta- Preciso dormir e fazer outras coisas com ele, e aí tem esse cilindro enorme que é um saco para carregar, mas vale a pena.
Potter sorriu em resposta antes de falar:
- Então... dia 15 é amanhã... está ansioso?
- Na verdade estou bem otimista, acho que a químio está tendo resultado.
- Sério?- o garoto sorriu- Não sabe o quão feliz eu fico com isso!
Harry abraçou Draco com força, saber aquilo o aliviava de tantas formas. Saber que Draco estava melhorando o fazia feliz de uma forma inexplicável, talvez eles tivessem mais tempo do que imaginavam.
- Pode tirar a touca Dray.
- Mas... eu to... feio- o loiro comentou cabisbaixo.
- Bobagem! Deve estar lindo.
- Estou careca, magro que nem um palito e tão branco que se eu sair no sol eu brilho, sim Harry para o padrão "cadáver" eu estou uma beleza.
O moreno deu um tapa no ombro do loiro, "como ele pode ficar fazendo piadinhas desse tipo?" pensou irritado. Malfoy suspirou e tirou a touca.
- Tarã- ironizou.
- Como eu havia dito, completamente lindo!
Potter puxou o rapaz para um beijo apaixonado. Ele não havia mentido, Draco não ficaria feio nem se quisesse, mas ele entendia a insegurança de Malfoy, olhar para uma versão fraca de si mesmo deve ser péssimo. Harry desejava que por pelo menos um segundo, Draco pudesse se ver da forma como ele o enxergava, forte e estonteante.

INFINITY- drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora