14. Montanha russa

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- Acha que ele vai gostar?- Hermione perguntou segurando o pequeno presente nas mãos.

- Se ele não gostar eu pego para mim!- respondeu Ginny simplista.

- Ginny, por que você usaria um broche com a bandeira bissexual nele?- perguntou Ronald.

Ginny riu e adentrou a casa dos Black, deixando o irmão e amiga para trás.

- Não entendi...- falou o ruivo.

- Pensa um pouco Ron, por que sua irmã usaria algo do tipo?- Granger disse guardando a caixinha na bolsa.

- Porque ela é... ELA É?

Hermione riu e puxou o garoto para dentro. Harry recebeu todos e o grupo sentou-se na sala para conversar e beber, pela primeira vez, Harry, não estava preocupado com a saúde de alguém e o que deveria fazer caso o pulmão de um deles parasse de funcionar de maneira repentina.

- Sua garganta está inflamada, faça um gargarejo com água e sal e logo a dor passará- disse Remus.

- Obrigada doutor- a paciente disse levantando-se e seguindo em direção a porta do consultório.

O médico estava revisando uns papeis quando recebeu uma ligação inesperada, era Lucius Malfoy, Remus não pode deixar de ficar preocupado, afinal, se Lucius estava ligando era porque Draco não estava bem.

- Senhor Malfoy?

- Black, venha para cá urgentemente- o homem disse afobado- Não sei o que há de errado com meu filho- um gemido de dor foi escutado ao fundo.

Remus nem se deu ao trabalho de responder, pegou sua maleta de emergência e saiu apressado em direção a casa dos Malfoys. Seja lá o que fosse, Draco realmente não parecia bem e, um paciente com câncer em estágio quatro nunca deve ser deixado de lado.

Black não tardou a chegar, ao entrar na propriedade encontrou Lucius inquieto e pálido.

- Onde o menino está?

- Na cama, venha- o loiro falou seguindo em direção as escadas.

A cena era deplorável no quarto de Malfoy, o garoto estava com a respiração fraca, envolto de suor e vômito, tremia dos pés a cabeça e tossia sem parar.

- Draco, preciso que sente- Remus falou aproximando-se do garoto.

Malfoy grunhiu e sentou-se, estava fraco de mais para manter-se sentado sozinho, então Lucius sentou-se atrás do filho para segura-lo.

- Respire fundo- o médico disse colocando o estetoscópio contra o peito de Draco.

O garoto obedeceu e puxou o máximo de ar que pode. Seu corpo ardia, mas ele tremia de frio, as vezes delirava chamando pela mãe, aquilo era demais pra Lucius que não conseguiu conter as lágrimas ao ouvir o garoto chamar pela mãe.

- Ele precisa ser internado senhor Malfoy, a febre está muito alta e uma convulsão e tudo que menos precisamos nesse momento.

- Claro, vamos desce-lo- Malfoy falou se levantando.

Os homens puxaram Draco pelos braços, tomando o maior cuidado possível para que ele não se machucasse, Lucius pegou o oxigênio e o colocou nas costas para facilitar a locomoção.

- Mãe...- Draco sussurrou baixinho antes de começar a tossir novamente, dessa vez a tosse era acompanhada por sangue.

- Remus?- falou Lucius desesperado.

- Tombe a cabeça dele para a frente, assim ele não vai se engasgar com o sangue e tudo que tiver que sair vai sair sem problemas- o moreno falou empurrando a cabeça de Malfoy levemente.

Aqueles sete metros nunca demoraram tanto para ser andados, a situação era assustadora.

Já no hospital, Remus encaminhou a internação de Draco e logo o menino foi para a um quarto onde ele tomaria soro e descansaria até sua febre abaixar.

Os dois homens estavam parados atônitos na sala de espera, Lucius principalmente, o homem carregava um olhar perdido e uma respiração pesada. 

- Ele está morrendo?- perguntou o loiro.

- Lentamente sim...

- Ele vai sobreviver a hoje?

- Lucius, essa é uma pergunta que eu recebo frequentemente de pais que tem filhos com câncer, e eu não conheço a resposta ainda- começou Remus- A vida de pessoas com câncer é uma montanha russa, possui altos e baixos; não é diferente com Draco. Ele provavelmente só pegou um resfriado, não se preocupe.

- Um resfriado?- o homem respondeu irritado- Meu filho tossiu sangue, vomitou sabe-se Deus quantas vezes, estava com quarenta e um graus de febre e delirando, e você me diz que foi só um resfriado?

- Resfriados causam reações mais graves em pessoas com câncer, Malfoy.

Após dizer isso, o médico se direcionou ate o quarto de Malfoy para pegar informações sobre o estado do garoto, era realmente preocupante mas Draco era forte e iria conseguir sobreviver.


Hazz <3: Oioi Dray, como você está amor? (20:45)

Hazz <3: Dray? Você está bem? (21:00)

Hazz <3: Draco por favor me responde (21:30)

Hazz <3: Por favor...

LIGAÇÃO NÃO REALISADA 

LIGAÇÃO NÃO REALISADA 

LIGAÇÃO NÃO REALISADA

LIGAÇÃO NÃO REALISADA 


Potter encarava o telefone, "Por que diabos esse arrombado não responde?" pensava aflito.

- Harry?- Ginny falou- Tudo bem?

- Não, Ginevra, nada está bem! O Draco não responde...

A ruiva abraçou o rapaz, ela sabia o que aquilo poderia significar.

- Se acalme e vem curtir com a gente, tenho certeza de que ele só deve ter dormido e esquecido de avisar.

Potter respirou fundo, a garota tinha razão, Draco já havia feito isso antes, dormir sem avisar, ele não tinha motivos para se preocupar, afinal, Lucius havia prometido avisar o garoto caso algo ocorresse com Draco. Harry e Ginny entraram novamente e voltaram a beber, dançar e conversar.

Lucius observava o filho, estava mais calmo pois conseguia ouvir os batimentos do garoto e escutar sua respiração voltando ao normal. Quando foi que tudo havia começado a dar errado? Em que momento ele havia começado a perder as pessoas que amava? Primeiro a esposa e em breve perderia o filho também. O homem começou a passar a mão pela cabeça do filho, como fazia quando ele era pequeno, sentiu o couro cabeludo ao invés do cabelo, aquilo lembrou ele de quando Draco começou a perder os cabelos novamente.

Era uma sexta-feira, o rapaz havia sido liberado da escola e estava em casa tomando banho, Draco percebeu que tufos e tufos da cabeleira platinada saiam em sua mão toda vez que ele passava ela na cabeça.

- Meu cabelo começou a cair- comentou choroso no jantar.

- Achei que eu fosse ser o primeiro a ficar careca- respondeu Lucius tentando descontrair.

Draco deu uma leve risada antes de começar a chorar, aquilo partiu o coração do mais velho, ele preferia que o filho gritasse com ele e o xingasse ao invés de chorar.

Foi ali que a ficha dele caiu, ele estava perdendo o filho lentamente e não podia mudar aquilo.

INFINITY- drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora