Alguém Para Dizer Bom Dia

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// DEZESSEIS //

Sorri quando conseguira ouvir sua voz.

Não precisava nem prestar atenção no timbre, uma vez que suas palavras já entregavam.

"Será que todo mundo tem problema mental nesse lugar?" Começou, brigando com um pobre segurança, que não tinha culpa nenhum de o que quer que fosse a reclamação. "Deve ser a água, tenho que me lembrar de não beber da bica."

O segurança começou a balbuciar algumas palavras, um pouco abalado com a abordagem da minha amiga. Decidi não falar nada, só observei enquanto Heather aproximava o rosto do dele, com o olhar desafiador, mas o coitado não conseguiu falar mais nada.

Me aproximei um pouco e levantei um dos braços para chamar sua atenção. "Esquentadinha."

Heather arregalou brevemente os olhos para mim, e logo em seguida arrastou sua mala desajeitadamente em minha direção. Ela tinha um sorriso exagerado no rosto e estava fazendo um barulho agudo pela garganta; acho que era um som de comemoração, mas não tinha como ter certeza. Com Heather nunca se tem certeza.

"Eu não acredito que eu to na estação Grand Central." Ela exclamou aos sussurros enquanto caminhávamos para a rua.

Revirei os olhos. "Eu era tão suburbana assim, antes de vir para cá?"

Heather bateu de leve em meu ombro e tentamos carregar a mala dela de mil quilos pela calçada. Já na rua, chamei um táxi e nós duas entramos depois de entregarmos a mala para o taxista colocá-la no porta-malas.

"E o que você me conta?" Ela se virou para mim. "Da última vez que te vi, um gato saiu do seu quarto."

Tentei não sorrir, sem ter sucesso.

Eu não queria nem me lembrar dessa história, uma vez que me sentia muito mal. Desde que eu e Hunter conversamos, ficara meio que decidido que nós daríamos um tempo. Eu precisava ver no quê daria as coisas com Jason; o que, na verdade, estavam ótimas. Não havíamos feito nada além de nos beijar, mas sempre que nos víamos, não era nada mais nada menos que perfeito. Jason, ao contrário do que eu chegara a pensar meses antes, era decente.

Infelizmente, se a vida fosse fácil não seria a vida em si. Desde que o acordo de não ter nenhum tipo de relação além de amizade com Hunter havia sido feito, eu não conseguia vê-lo sem ter a irritante vontade de beijá-lo. E eu sabia que ele sentia o mesmo, já que tentava me evitar sempre que eu estivesse acompanhada; o que, para o meu próprio bem, eu estava fazendo questão de ser 24 horas por dia.

"Ele é só um amigo... pelo menos eu acho que ainda é." Confirmei sobre o 'gato' que havia dormido no meu apartamento no dia que Heather dormira lá também. "Mas, estou saindo com alguém."

Heather escancarou a boca para mim. "Hailey, eu realmente espero que ele seja ainda mais gato. Desse jeito eu não me desaponto."

Soltei uma risada e balancei a cabeça rápida e sutilmente. "Você vai conhecê-lo, claro!" Afirmei. "Na verdade, ele estava na minha festa."

Vi minha amiga franzir o cenho, parecendo confusa. "Espera, mas na sua festa você não estava com o seu 'amigo'?" Ela fez as aspas com os dedos no ar.

Balancei a cabeça, negando, e ela continuou. "Mas você foi para um quarto com ele, não foi?"

Fiz que sim e Heather cruzou os braços. "Hailey, o que está acontecendo e por que essa história está esquisita?"

Quando ela acabara de falar, o taxista parou o carro bem em frente ao nosso edifício. Considerei aquela como a brecha para eu conseguir evitar o assunto por mais algum tempo. Eu sabia que não conseguiria fazê-la esquecer, mas também não fazia questão. Claro, eu faria o máximo para não mencionar o fato de eu ter feito um trato com o diabo, mas tentaria ser o mais honesta possível. Até porque, Heather era minha amiga mais antiga.