Alguém Para Dizer Bom Dia

3

// TRÊS //

Eu soltei uma gargalhada tão abrupta que cuspi um pouco da água que estava sendo engolida.

"Você não está entendendo a gravidade da situação!" Johanna exclamou, perecendo estar tentando segurar a risada também.

"Meu... Deus!" Consegui falar por entre as risadas. "Ela realmente abaixou o vestido?"

"Agora imagina, uma senhora de quase setenta anos, abaixando o vestido e logo depois as roupas de baixo!" Ela estava com os olhos um pouco mais arregalados que o normal. "Na frente do meu chefe! Tinha que ter visto a cara que ele fez!"

Ela voltou a rir e eu me juntei. Nós duas estávamos gargalhando há uns vinte minutos por causa da senhora que fez o maior show na festa da empresa de Johanna na noite anterior. Tínhamos acabado de ver Eurotrip e quando chegou a parte da praia de nudismo, quando os velhos correm atrás dos principais, Johanna começou a rir muito, mais do que o normal para uma cena como aquela, então eu tive que perguntar e ela contou tudo. Isto é, quando ela conseguia um tempo entre as gargalhadas. Pouco tempo depois, nós duas estávamos rindo como loucas.

O almoço já tinha passado fazia horas e ficamos no sofá o dia todo; Johanna de ressaca da noitada que tinha tido com os amigos, depois da festa da empresa e eu em clima de cama, sem nem ter tirado a roupa que havia dormido - eu precisava de um banho urgentemente.

"Vou sair com um cara hoje." Minha irmã disse, do nada.

Assenti. "Com quem?"

"O nome dele é Hank. Nos conhecemos ontem na festa; ele é super legal." Johanna disse logo antes de sorrir.

Algumas horas depois ela foi para o quarto se arrumar e às nove da noite ela passou na minha porta para se despedir. Ela tinha ficado quase duas horas tentando me convencer a sair de casa mas como a bagunça que eu era, só de pensar em fazer algo louco naquela noite me dava arrepios nos braços.

"Não vai sair hoje?" Ouvi uma voz vindo de fora do meu quarto. Nem precisava ouvir mais para saber que vinha do vizinho indesejado.

Respirei fundo e fui até a janela; Ele, mais uma vez, estava agachado no chão, com os braços apoiados no batente, sorrindo para mim. Quem visse pela primeira vez poderia até achar que era um sorriso doce. Coitados.

"À que dou a desonra da sua presença?" murmurei, mais para mim mesma, mas ele com certeza conseguira ouvir, tanto que soltou uma risada e resolveu ignorar.

"Pelas suas roupas da noite passada posso deduzir que também não vai sair hoje." Ele comentou, humor em sua voz.

"Cuidado, Colbie, assim pode parecer q você está me perseguindo." Avisei e um sorriso lutou para aparecer.

"Não me chama assim, docinho." Ele ordenou. "Não tem graça observar sua vida, aposto que olhar pela minha janela é muito mais interessante que olhar para a sua."

Bufei. "Claro, se você gosta de toda essa coisa de nudismo e ninfomania."

Ele soltou uma risada. "Estou sentindo uma desaprovação quanto ao meu estilo de vida..."

"Sentiu certo."

Hunter apoiou o queixo nos braços cruzados no batente da janela e pareceu pensativo.

"O que está pensando?" Quis saber, sentando-me no chão também, para ficarmos com as cabeças no mesmo nível.

Ele deu de ombros. "Tentando entender; porque você não se diverte, não se joga."