// UM //
Uma semana passara rápido demais; muito mais depressa do que eu esperava. Mal havia chegado na cidade e a escola já ia começar na manhã seguinte. Eu não ia mentir, tal pensamento me dava medo. O fato de que seria julgada por qualquer um que passasse por mim, a aluna nova, era um tanto preocupante. Até porque, eu não era perfeita e havia muita coisa em mim que poderia ser facilmente julgado. E mesmo se eu fosse, de fato, perfeita, as pessoas ainda assim arrumariam algo para criticar. Porque assim que adolescente era, todos com um pequeno potencial para ser o sucessor do próprio Lucifer.
Não via meu vizinho há vários dias; embora não que eu estivesse reclamando. Nem sabia como encará-lo depois do nosso não-tão-agradável encontro no Café. Eu só não conseguia entender como ele tinha ficado tão à vontade com o fato de eu tê-lo visto nu e, como se isso não fosse o suficiente, tendo relação sexual numa posição pouquíssimo confortável. Talvez o fato de eu não vê-lo mais com tanta frequência fosse por eu deixar a persiana a maioria do tempo completa ou parcialmente fechada. Porque se dependesse dele, seria como se estivéssemos no mesmo quarto; aquele menino não tinha nenhum senso de privacidade. Por mais que olhar para ele fosse agradável para os olhos, não conseguia ver a situação toda como algo bom - no mínimo meio esquisita.
Depois da grande entrevista da Joanna, uma semana antes, ela tinha conseguido um emprego numa dessas empresas grandes de publicidade; era um cargo baixo por enquanto, como secretária de algum dos chefes, mas para quem acabou de terminar a faculdade era realmente impressionante. Graças a sua nova agenda, de manhã ela saía um pouco antes do que eu sairia para ir par a escola e chegava um pouco antes das oito horas, dando tempo de jantar e descansar comigo na sala antes de ir para a cama.
Quando acabei de arrumar meu material todo na mochila, me joguei na cama e mandei uma mensagem para Heather.
Eu: Estou morrendo aqui sem você. Amanhã é o primeiro dia, me deseje sorte xx.
Heather: Não preciso nem desejar nada, com certeza vão todos te amar. Te amo, saudades x.
Falar com ela de algum jeito me confortava; assim que desliguei o celular, me virei para a parede e caí no sono logo depois.
++++
As manhãs eram sempre as mais difíceis num dia de escola. Não era a aula chata de física avançada nem as intermináveis horas tendo de ouvir o professor mais chato murmurando sobre o livro que tínhamos que ler. Era este momento que matava; ter de levantar numa hora que mal havia clareado na rua.
Com um suspiro levemente dramático, me levantei e desliguei Don't Look Back in Anger do despertador do meu celular. Eu tinha que lembrar de trocar a música antes que não conseguisse mais ouvir a minha preferida sem sentir vontade de jogar o celular pela janela.
Me arrumei rapidamente, com um short jeans claro e uma blusa de alça e renda branca. Peguei uma barra de cereal e minha mochila e antes de sair de casa, coloquei uma jaqueta sob os ombros. Ainda era o final do verão mas de manhã cedo ainda era meio frio. Peguei uma maçã verde e fechei a porta.
Como a maioria dos prédios em Nova York, o nosso não tinha elevador, então eu tinha que subir e descer cinco andares de escada sempre que precisasse sair ou chegar no apartamento. Era um tanto cansativo mas depois de uma semana fazendo isso todos os dias, eu estava começando a me acostumar; tinha a impressão de que não me incomodaria mais depois de um curto período de tempo.
No caminho para o metrô eu agradecia por já ter usado algumas vezes, para quando chegasse no primeiro dia eu não me sentisse completamente perdida. Tentei fazer o caminho a pé um dia que passara apenas descobrindo a cidade, exatamente como uma turista, mas eram dezessete ruas até o NYPHS e por mais que conseguisse correr tal quantidade de ruas, chegar suada todos os dias para a aula não era algo que eu queria. Sem contar que pegar metrô na cidade era a tarefa mais fácil possível. Tinha uma estação na esquina do meu quarteirão e uma a duas ruas de distância da escola e não precisava fazer nenhuma baldeação; eu não podia reclamar.
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Alguém Para Dizer Bom Dia
Novela JuvenilHailey é uma menina pouco inocente mas controlada e pé no chão. Teve um namorado ou outro durante a infância mas sua última relação foi a que marcou. Um incidente durante um de seus encontros com seu namorado da época acabou levando-a a uma mudança...