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// DOZE //


Na sexta-feira eu completei dezoito anos. Era um dia de, teoricamente, comemoração e eu não tinha muita coisa com a qual poderia comemorar. Meus amigos estavam estranhos comigo desde o acontecimento com Hunter no começo da semana. Falando em Hunter, ele era o único que estava me tratando normalmente, como um idiota fofo. Até porque eu enfiaria um garfo na garganta dele se não me tratasse como sempre. Eu estava errada em culpá-lo, mas era inevitável, bem no fundo de mim tinha uma faísca que ainda o considerava o responsável. Que merda.

Fui para a escola mais cedo para não precisar recusar carona de Hunter mais uma vez. Nossa relação não havia mudado em nenhum aspecto; sim, nós ainda fazíamos sexo. O que também queria dizer que hoje eu o encontraria para "comemorar" meu aniversário. Me sentia mal em não ter contado para nenhum outro amigo, mas agora não tinha mais nada o que fazer.

Desde o minuto que acordara estava decidida a fazer algo. Depois da aula eu passaria na casa de Jas e pelo menos tentaria fazer com que nossa situação se acertasse. Uma semana sem ela estava sendo bem pior do que eu poderia imaginar. Acho que ela era, sim, uma das minhas melhores amigas, afinal de contas. Eu precisava de um final de ano bom, feliz. Um Dia de Ação de Graças decente, com Heather, todos os meus amigos da cidade e Hunter. Porque ele era importante também, eu o amava.

Caminhei da estação de metrô até o quarteirão da escola e fui uma das primeiras a chegar. Meia hora antes de começar a aula. Sentei em uma das mesas externas e peguei O Diário de Anne Frank para ler, minha nova paixão. Sempre que lia, conseguia me perder completamente da realidade, porém naquela semana, fugir para o mundo de Anne estava impossível. Li algumas páginas até que desisti e peguei meu iPod para ouvir um pouco de Oasis.

O dia passou tão devagar que poderia ser confundido como uma tortura. Não vi nenhum dos meus amigos nem Hunter durante o dia. O que não era ruim, porque era exatamente aquilo que eu queria. Me escondi na biblioteca (mito para as pessoas que eu conhecia) durante todos os meus tempos livres e no almoço. Provavelmente pensaram que eu havia faltado o dia de aula. Mas a verdade era que eu não conseguiria encarar Jas ou o pessoal e muito menos Hunter, que me desejaria feliz aniversário na frente de todo mundo. Eu já o encontraria naquela noite, então ele teria tempo o suficiente para me desejar felicidades.

Enrolei um pouco no Café em frente a escola para deixar que Jas chegasse em casa antes de ir até lá. Eu estava determinada a conversar. Uma conversa real. Contaria tudo que ela quisesse para que tentasse entender minha versão da história. Contaria sobre meu passada, minha relação com Hunter e sobre a vergonha que eu sentia por aquilo tudo.

Peguei o metrô até a casa dela e bati na porta. Minha batida havia sido mais fraca do que eu gostaria graças ao meu nervosismo inevitável. Me sentia estranha por em apenas alguns meses me importar tanto com alguém que chegasse a ir até a casa da pessoa e implorar por perdão. Não era nada a minha cara, mas eu só queria que a gente voltasse a ser amigas.

Uma Jas mais velha atendeu a porta e sorri, agradecida por ter sido uma pessoa que conhecia e gostava de mim. Não fazia idéia se Jas havia comentado sobre nossa briga mas não seria eu que daria uma de mensageira do apocalipse.

"Hailey, não esperava você aqui pelo menos até segunda-feira." Ela disse, com uma voz macia, sem deixar o sorriso materno que tranquilizava qualquer um.

No entanto, por mais que tivesse surtido efeito em mim, não deixou de me fazer confusa.

"Desculpe, Sra. McCall, mas a senhora estava esperando por mim?" Franzi o cenho para ela.

Seu sorriso aumentou e ela se afastou da porta para que eu entrasse. Me ofereceu um suco e quando veio até mim da cozinha com o copo na mão, se sentou ao meu lado no sofá.

Alguém Para Dizer Bom DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora