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// SEIS //

No sábado de manhã quando acordei Johanna já tinha saído para uma caminhada beneficente do trabalho bem cedo. Ela até havia me convidado para ir junto mas eu, atlética que sou, nunca que concordaria.

Passei na cozinha para pegar um picolé de limão e voltei para meu quarto. Arrumei minha cama e fui até o armário escolher uma roupa para trocar pelo pijama de bolinhas amarelas que estava usando.

Assim que fechei o zíper do vestido fresco, rosa bebê, que tinha colocado por causa dos mil graus a mais que estava fazendo na rua, passei os olhos pela janela e peguei Hunter olhando para mim. Mais uma vez ele tinha me visto me trocando. Não que eu tentasse tanto esconder, afinal, não seria nada que ele já não tivesse visto.

Me aproximei da janela, que estava com o vidro fechado por causa do ar condicionado, e acenei para ele, com um sorriso pequeno no rosto. Seu sorriso de resposta foi um pouco maior que o meu e ele também estendeu a mão; só que não tinha sido para acenar, como eu havia feito. Ele se levantou logo depois e trouxe para perto do seu próprio vidro dois filmes: Homem de Ferro e Homem de Ferro II. E por fim, balançou as sobrancelhas.

Sorri e assenti. Já tinha visto os dois, mas nunca seria Robert Downey Jr. demais para mim.

Corri escada abaixo com o celular e chaves nas mãos e dei apenas alguns passos até o prédio seguinte. Era quase o mesmo que o meu, mudando apenas a cor, de tijolos para concreto claro. Os dois tinham a mesma altura, por volta de dez andares e dois apartamentos por andar.

Subi até o quinto e bati em sua porta. Apenas cinco segundos depois de bater, Hunter já estava na porta, sorrindo como um idiota. Sem deixar a expressão presunçosa, estendeu os lábios num biquinho e se aproximou mais de mim.

Elevei uma sobrancelha primeiro e revirei os olhos quando decidira que não beijaria. Passei por ele e Hunter resmungou algo enquanto fechava a porta.

"Essa maratona vai começar ou não, afinal?" Perguntei, sentando no sofá.

"Vamos assistir no meu quarto, tem ar." Ele gritou, enquanto ia para a cozinha e voltava com uma bacia de pipoca.

Estreitei os olhos para ele, desconfiada e enfim resolvi levantar do sofá. "Tá, mas sem sexo para você hoje."

Hunter revirou os olhos. "Não sei se você sabe, mas não é a única coisa que eu penso." Começou. "E onde foi parar toda aquela baboseira de 'quando alguém quiser...'?"

Soltei uma risada e me joguei em sua familiar cama. "Era exatamente isso, baboseira."

"Bom saber. Próxima vez que você me ligar onze e meia da noite de uma quinta-feira, vai ouvir isso de mim." Ele deitou ao meu lado. "Vai dormir excitada. Pena que mulher não fica dura, pra você assistir ao seu próprio constrangimento."

Daquela vez não consegui segurar a risada alta e intensa que se seguira. "Tipo quando você assistiu ao seu próprio constrangimento bem no meio da aula?"

Ele estalou a língua. "Pensei que tivéssemos combinado que esse era um assunto esquecido."

Balancei a cabeça. "Nunca te daria essa satisfação."

"Me odeio por ficar excitado com você..." Ele murmurou e eu ri mais uma vez.

"Males de ser maravilhosa." Murmurei, ainda rindo.

Hunter me deu uma cotovelada tão forte que meu tronco foi jogado para o lado uns trinta graus e ele começou a rir. Semicerrei os olhos e avancei nele com as duas mãos em seus ombros. Ele estava na ponta da cama então quando o fiz, nós dois fomos demais para o lado e acabou comigo por cima dele e ele esparramado no chão de madeira. E não, não foi de um jeito fofo, que caímos um por cima do outro, com nossos lábios a centímetros de distância. Não, Hunter caiu de ombro no chão e eu caí por cima do seu corpo que estava de lado, o que fez doer mais em mim e nele também.

Alguém Para Dizer Bom DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora