Capítulo 15

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Cole voltou do banheiro, trazendo uma toalha úmida. Era bobagem ficar constrangida depois que acabaram de fazer amor, mas quando ele começou a limpar entre suas pernas o restante do seu gozo, ela sentiu o rosto enrubescer e descobriu que não conseguia olhar para ele.
Ele sorriu com indulgência, claramente notando seu desconforto.
– Pode se acostumar, querida. É meu dever, e meu privilégio, cuidar de você. Satisfazer suas necessidades, mesmo as mais íntimas.
Quando terminou, jogou a toalha para o lado e voltou para a cama. Lili não hesitou quando ele a puxou para si; ao contrário, se aninhou em seus braços e soltou um suspiro de satisfação, deixando a cabeça descansar no ombro dele.
– Foi maravilhoso, Cole – ela murmurou. – Eu não fazia ideia.
Ela pôde sentir quando ele sorriu e virou a cabeça para ver se estava certa. Os olhos dele estavam cheios de ternura e... alegria? Ele parecia estar extasiado, satisfeito, contente. Seu sorriso era preguiçoso e um pouco convencido. Arrogância lhe caía bem, e ele bem sabia disso.
– Eu fazia uma ideia de que seríamos ótimos juntos – ele disse. – Deus sabe como sonhei com esse momento! Graças a Deus, a realidade superou em muito até mesmo minhas fantasias mais ousadas.
Levantando-se um pouco, Lili se escorou no peito dele para que pudesse vê-lo melhor. A mão dele estava sobre a dela, como se ele simplesmente precisasse tocá-la. Lili gostou da conexão, da intimidade de ser abraçada após fazer amor. Ela tinha se sentido tão sozinha por tanto tempo que agora se deliciava com o fato de não estar mais só.
Tinha alguém com quem compartilhar as coisas. A vida. Estava imaginando muito à frente, mas não conseguia parar de pensar que o melhor ainda estava por vir e que cada dia seria melhor que o anterior.
– Deve ter sido horrível para você – falou, preocupada. – Não consigo imaginar querer alguém por tanto tempo e pensar que era impossível.
Ele acariciou o rosto dela, segurando o queixo enquanto o polegar roçava sua pele.
– Valeu a pena esperar por você, querida.
Ela sorriu.
– Fico feliz que pense assim. Espero que não mude de ideia. Estou... gostando disso, de nós.
Não vou mentir: ainda estou me acostumando com tudo, mas parece que é a coisa certa.
Com a mão na nuca dela, ele a puxou para junto de sua boca. E a beijou com fome, sua língua penetrando fundo. Quente, molhada, uma ternura extraordinária.
– Isso nunca vai acontecer – disse, asperamente. – Não vou mudar de ideia e, se depender de mim, você também não vai. Você está presa a mim agora e será preciso tudo o que tem, e mais, para se livrar de mim. Sou um filho da mãe persistente e não desisto do que quero.
Nunca.
Ela encostou a testa na dele, as respirações dos dois se misturando.
– Fico feliz que me queira. Faz com que me sinta especial e faz tempo que não me sinto assim para alguém. Tenho estado muito só. À noite, deitada na minha cama, eu sofro. Odeio isso.
Ele a puxou para seus braços e passou a mão em seus cabelos, beijando o topo de sua cabeça enquanto, com a outra mão, massageava seu braço.
– Também tenho andado só, querida. Mas os dias de solidão acabaram. Temos um ao outro agora.
Ela balançou a cabeça e bocejou generosamente, tanto que sua mandíbula estralou com o esforço.
Relaxando um pouco seu abraço, Cole estendeu a mão por cima dela até o criado-mudo. Ela o olhou de forma inquisitiva quando ele pegou uma faixa longa de cetim.
Sem dizer uma palavra, tomou o pulso dela e o amarrou, dando um nó. Checou se estava apertado o suficiente, inserindo um dedo entre a faixa e o pulso. Aparentemente satisfeito, amarrou seu próprio punho, de modo que ambos estavam presos pelos pulsos.
– De vez em quando, vou amarrá-la na cama. Outras vezes, como hoje, vou amarrá-la a mim.
– E se eu tiver de levantar para ir ao banheiro? – ela deixou escapar.
Dash sorriu.
– Você vai me acordar para que eu possa libertá-la. Mas de jeito nenhum, a menos que envolva sua segurança, você pode tocar nas amarras que coloquei aqui.
Sabendo que este era o primeiro e verdadeiro teste da sua submissão, ela concordou em silêncio. Os olhos dele demonstravam aprovação e ele se curvou para beijá-la novamente.
– Tente dormir um pouco, querida. Farei o café da manhã amanhã quando acordar.
Ela se aninhou de encontro ao peito dele, mas pelo jeito que os pulsos estavam amarrados, era forçada a olhá-lo. Sem saber o que devia fazer com sua mão ou se podia até mesmo mexê-la, deixou que ele a pegasse e a colocasse entre eles.
Cole pediu que ela dormisse, mas, mesmo estando satisfeita e contente, o sono não vinha.
Sentia uma letargia sonolenta no corpo, de um jeito que não sentira mais desde que seu marido fizera amor com ela.
Tinha jurado não trazer Brett para este relacionamento. Não era justo, como também era injusto comparar os dois homens. Para ambos.
Além disso, nenhum era melhor que o outro. Eram apenas... diferentes. Achava as diferenças fascinantes. Cole era o segundo homem com quem fazia amor e, mesmo assim, tinha tido sorte nas duas experiências. Dois homens viris, de fazer o coração parar de bater de tão lindos.
Havia sido amada pelo primeiro, e por Cole? Não tinha certeza se ele estava apaixonado por ela. Com certeza estava atraído e a desejava. Tinha sido bem direto a esse respeito.
Ela queria que ele a amasse?
A pergunta de um milhão de dólares. A resposta automática seria não. Não queria que ele a amasse porque não queria amá-lo. Parecia horrível pensar assim, mas tudo o que ela queria era não sentir mais a solidão que teve de aturar depois que Brett morreu. E quem sabe se isso não era apenas uma conquista para Cole? O fruto proibido?
Não era impossível imaginar que era um desafio para ele. Não, ele não tinha tomado nenhuma atitude em relação à atração que sentia. Teve honra e não a pressionou depois que Brett morreu. Ao contrário, esperou. Mas durante esse tempo, essa fixação poderia ter se transformado em uma simples necessidade de vencer.
Cole era um homem acostumado a conseguir o que queria. Era cruel nos negócios, Brett muitas vezes notara. Chegara a admitir que, se não fosse por Cole, a empresa não seria o que era agora. Brett reconhecia que ele próprio não tinha coração para ser implacável. Mas Cole?
Lili estremeceu, percebendo que a dominância sempre esteve presente na personalidade dele. Ela não tinha se dado conta disso até agora. Nunca tinha prestato tanta atenção nele.
Primeiro, o vira como alguém que não aprovava seu namoro e, depois, como um amigo. Nunca como um dominador, um macho alfa lindo de morrer. E nunca chegou a imaginar que estaria em seus braços, amarrada a ele depois de fazer amor.
Cole mantinha o braço livre sobre a cabeça dele e vagarosamente correu os dedos pelos cabelos dela, enquanto a olhava nos olhos. O abajur não tinha sido apagado ainda, e Lili podia ver cada traço do seu rosto.
Ela passou a língua pelos lábios, seus pensamentos voltados para a conversa que tiveram mais cedo, sobre Jensen Tucker. Sabia que não tinha o direito de perguntar o que queria saber.
Cole não devia nada a ela quando o assunto eram os negócios que tinha com Brett.
Sim, Brett tinha deixado uma porcentagem dos negócios para ela, mas não podia palpitar em nada. Recebia parte dos lucros, mas ficara claro que ela não mandaria em nada. Talvez algumas mulheres se sentissem insultadas com este arranjo, mas Lili não tinha vontade – nem conhecimento – para ajudar no gerenciamento dos negócios do marido.
Estavam em boas mãos. Cole era o melhor. Tinha confiança absoluta que ele manteria a empresa lucrativa.
– Posso pedir uma coisa? – Lili perguntou baixinho.
Ele franziu a testa, percebendo insegurança nela.
– Pode me pedir qualquer coisa, querida.
– Eu gostaria de conhecer Jensen. Isso não quer dizer que me oponho à substituição de Brett ou a que ele se torne seu sócio, mas gostaria de conhecê-lo. Vou entender se disser que não. Nem tenho uma razão muito plausível para querer conhecê-lo antes que ele assuma.
– Claro que pode – Cole disse gentilmente. – E não precisa se justificar para mim. Vou convidá-lo para tomar uns drinques aqui em casa ou, se preferir um lugar mais público, podemos sair para beber. Você é quem sabe.
Então ela percebeu que Cole estava deixando que ela escolhesse tornar ou não o relacionamento deles público ao sugerir que se encontrassem num bar. Se se conhecessem na casa dele, ficaria óbvio que estavam juntos.

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