Capítulo 6

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Cole observou a torrente de emoções que passavam pelos olhos de Lili. Ela era tão expressiva! Sempre tinha sido assim, e essa era uma das coisas de que ele mais gostava nela.
Bastava olhar em seus olhos para saber qual o seu humor, se estava feliz, triste ou animada.
Ou ardendo de desejo.
Ele descobriu que essa última possibilidade era extremamente satisfatória. Lili nunca havia olhado para ele como neste momento. Sentiu-se triunfante, apesar da reação quase comedida.
Não estava esperando por isso, nem em um milhão de anos. Suas palavras confirmaram.
- Preciso de tempo para pensar... sobre isso... sobre nós - disse com a voz estremecida. - Isso é tão inesperado, Cole! Não quero tomar uma decisão precipitada, que possa fazer com que eu, ou nós, nos arrependamos depois.
Honestidade era outra coisa que admirava nela.
- Claro, não tenha pressa - ele sussurrou, e sua cabeça gritou que havia toda pressa do mundo. Ele não queria que ela pensasse sobre isso ou que desistisse. Cole não podia estragar tudo, não agora que estava tão próximo de conseguir o que sempre quis.
- Não sei quanto tempo...
Ela parou de falar, apertando suas têmporas com as mãos como se sentisse dor, antes de pousá-las no colo de novo. Ele pegou a mão de Lili e, com o polegar, massageou a pele sedosa. Que dedos finos e delicados, como todo o corpo dela! Ele não se cansava de tocá-la.
No passado, só o fizera como amigo. Com carinho, mas nada parecido com intimidade. Ambos sabiam que seu toque era íntimo agora, uma sensação da qual ele não se cansaria tão cedo.
- Não tenha pressa, querida. Mas quero que me prometa uma coisa, tudo bem?
Como ela demorou em olhar para ele, ele segurou seu queixo, num gesto tão delicado quanto sua pele.
- Olhe para mim, Lili, é importante.
Ela levantou os lindos olhos azuis, perturbados.
- Quero que leve o tempo que precisar para pensar sobre nós. Mas me prometa que não vai voltar para o The House. Não sem mim. Por nenhuma razão. Não até que isso entre nós esteja decidido. Mesmo que não me escolha, espero que não volte para lá sozinha. Não quero pensar em você nas mãos de outro homem, tocando seu corpo quando sou eu que quero tocá-la. Faça isso por mim, ao menos.
- Você está me dando um ultimato - ela afirmou, baixinho. - Quer que eu prometa que, se não escolher você, vou negar os desejos e necessidades do meu coração. Isso é justo?
- O amor não é justo - ele respondeu rispidamente, enquanto os olhos dela se arregalaram, tomados de surpresa.
Cole não deu muita importância, pois ainda era muito cedo para pedir isso, depois de tudo que havia acontecido. Ela precisava de um tempo para pensar sem que declarações de amor caíssem em cima dela - Lili não acreditaria em sua sinceridade.
- Só lhe peço uma chance. Me escolha, deixe que eu seja sua iniciação neste mundo que você tanto quer. Me dê ao menos isso. Se não for o que quer ou o que precisa, então vamos parar e reavaliar. Só preciso dessa oportunidade - exclusiva, por assim dizer. Já disse que até esqueceria minha necessidade de dominar, se fosse o único jeito de tê-la. Fiquei arrasado quando a vi entrando naquela sala comunitária e meu mundo está em parafuso até agora. Tudo o que quero é uma chance, Lili. Uma oportunidade. E não quero que volte lá. Não sem mim.
Não com outra pessoa, até que eu tenha a chance de provar que sou o que você precisa. Isso é tão errado assim?
Ela olhou para ele por um longo tempo, antes de concordar.
Cole se aproximou, beijou a testa franzida dela na tentativa de alisar as rugas que se formaram.
- Eu vou te dar tempo, Lili, o quanto você precisar. Mas não espere demais, você já esperou muito para agir. Não há por que demorar mais, já que você claramente já pensou bastante sobre o assunto. Sabe que pode confiar em mim. Espero que já confie. E isso já é melhor do que se escolhesse outro homem e melhor ainda do que aquele homem com quem entrou na sala comunitária. E sabe por que, querida? Porque me importo com você e seu prazer. O Dylan não se importa nem vai se importar. Se me der esta oportunidade, vou colocar o mundo a seus pés. Farei de tudo para ter, possuir você. Só preciso de uma oportunidade para provar isso.
O desejo nos olhos dela era sua perdição. Seu discurso comovido tinha falado diretamente com o coração dela, e Cole tinha certeza disso.
- Não vou demorar muito - ela disse com voz rouca. - Só preciso de tempo para pensar. É muita coisa. Quero dizer, eu não fazia ideia. Hoje era o dia de eu me libertar não só de Brett, mas de você também. Eu me sentia como um fardo e estava na hora de parar de depender de você, deixar que seguisse sua vida. Acho que você nem teve relacionamentos sérios durante esse tempo. A maioria das mulheres não gostaria que você largasse tudo para confortar a viúva do seu melhor amigo. Pensei que estivesse fazendo um favor para você - e para mim - quando resolvi juntar meus caquinhos e ficar de pé novamente. E agora você quer mais. Não consegui processar tudo isso e, como disse, não quero tomar uma decisão precipitada da qual nós dois podemos nos arrepender. Gosto muito de você, Cole, e acho que nunca agradeci de forma apropriada tudo o que fez por mim.
- Não quero mais sua gratidão, Lili. Quero você. Simplesmente, só você. E sua submissão.
Mas como disse, se por acaso não quiser isso, não precisa ser assim. Eu sacrificaria qualquer coisa para ter você.
Seus olhos se encheram de tristeza.
- Não é isso, Cole, não quero que você mude por minha causa. Isso é tão ruim quanto esperar, ou exigir, que Brett me desse o que eu sabia que ele não queria nem podia me dar.
Nunca pediria isso dele. Então, também não posso pedir que você negue quem você realmente é por minha causa.
Ele a puxou para seus braços, seus lábios encontrando e silenciando os dela. Sentia que ela se desmanchava em seu abraço, mas era só isso o que podia fazer, ou a pegaria no colo e carregaria até a cama. Ele esperou por tanto tempo! Esperou o tempo necessário para que ela estivesse pronta.
- Que tal você me deixar escolher os sacrifícios que eu faço? Você não se sacrificou por Brett? Isso é amor, querida. Você quis e precisou de algo que ele não podia dar, mas nem por isso o amou menos.
Ela ficou imóvel e se aninhou ainda mais em seus braços, colocando a cabeça sob seu queixo. Deus, eles se encaixavam. Como duas peças de um quebra-cabeça. Ele a abraçou, segurando-a, desfrutando sua presença em seus braços de uma forma que ele nunca pôde fazer.
Porque agora ela sabia o que ele sentia e estava consentindo aquela aproximação. Ela bem sabia que ele não a estava abraçando e tocando porque era apenas um amigo, mas um homem que queria seu coração e sua alma.
- E a promessa?
Devagar, ela se afastou e olhou para ele.
- Eu prometo, Cole. Só me dê um tempo para entender tudo isso. Foi um dia difícil para mim. Tudo o que planejei não aconteceu como eu esperava. Preciso entender melhor.
Ele concordou e começou a falar, mas ela o interrompeu de uma vez.
- Não quero usá-lo. Talvez fosse tudo bem usar um estranho, alguém que não significasse nada para mim. Mas não vou usá-lo, não você. Não como uma muleta ou um experimento.
Gosto muito de você. Sua amizade é muito importante.
Ele sorriu e com carinho colocou um cacho de cabelos atrás da orelha dela.
- Querida, não me importo que você me use. Desde que o resultado final seja eu ter você.
Usei todo tipo de mulher nesses últimos anos. Não me orgulho disso, mas foi assim. Elas eram apenas substitutas porque quem eu queria mesmo era você.
- Você fingia que elas eram eu? - Lili sussurrou, surpresa.
Ele concordou.
- Repito: não me orgulho disso. Mas era assim. Não podia ter você, então apaziguei minha fome e desejo com outras mulheres. Talvez isso mude o modo como me vê. É um risco que corro. Mas não vou mentir. Claro que houve outras mulheres. Pensei que nunca teria o que realmente quero, então foi o jeito que encontrei.
- Não o culpo por ter ficado com outras mulheres. Deus, como poderia? Eu estava casada.
Nem espero que você seja fiel a uma mulher que não era sua!
- Fico feliz - disse. - Porque, querida, quando você for minha, não haverá outra mulher.
Pode estar certa disso.
Lili se surpreendeu novamente. Era como se tivesse entendido tudo de uma vez. Os olhos dela se turvaram pelo choque. Seu corpo estremeceu e ela juntou os dedos para tentar esconder o tremor.
- Quero que passe a noite aqui, Lili.
Ele levantou as mãos, quando ela quis protestar. E novamente segurou seu queixo, fazendo carinhos com o polegar.
- Hoje não foi nada fácil para você, eu entendo. E não estou pedindo para ir para cama comigo. Ainda não. Hoje não. Mas fique no quarto de hóspedes. Vou me sentir melhor se você não ficar sozinha. Faço café da manhã para a gente e depois a levo para casa. E aí você terá o tempo que quiser. De manhã, marcamos um encontro. Um jantar. Sair para dançar, o que você quiser. E então você me dará sua resposta e, dependendo dela, seguimos em frente.
Ela engoliu em seco e ele percebeu sua indecisão, tentando pesar os prós e contras e assimilar tudo o que tinha acontecido.
- Fique - ele murmurou, virando a cabeça para beijá-la novamente.
Ela soltou um suspiro doce enquanto a língua dele sentia o gosto dela novamente. Beijá-la era viciante. Agora que ele o fizera, sabia que queria mais. Queria sentir o gosto do corpo todo dela. Os seios. Queria ficar entre as pernas dela e saborear cada pedaço do seu corpo de mulher. E então ele queria penetrá-la. Possuí-la de todas as maneiras possíveis. Até que ela não tivesse dúvidas de que era sua propriedade. Não tivesse dúvidas de que ele seria o último homem com quem faria amor.
- Fique - ele repetiu, depois de, com relutância, parar de beijá-la.
Lili respirou fundo e exalou, soltando os ombros ao mesmo tempo.
- Tudo bem - concordou. - Vou ficar.

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