CAPÍTULO 5 A VOLTA DE UM FANTASMA PASSADO

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Passou-se uma semana desde o dia em que os dois enterraram tio Gaudard, fizeram isso na árvore sozinha que ficava no descampado, Olivia acho que seria o lugar ideal e mais belo para deixar o falecido tio.

Apesar disso, não se sentia nem um pouco melhor. Passou a semana toda sem falar nada, nem interagia com Astra, na verdade, passava a semana toda com o olhar perdido. Astra ficou com todo o trabalho para si e fez se reclamar de nada, sabia pelo que a amiga estava passando. Mas como elfos morriam tão pouco, não sabia lidar muito bem com a situação, na verdade, ele nunca havia presenciado uma morte na vida.

— Você não vai comer nada?

Ela nada respondeu.

O menino fez uma cara desapontamento. Não queria incomodar a amiga, mas ficava cada vez mais preocupado. Olivia não fazia nada durante toda a semana, tinha até perdido um pouco do peso. Astra, tornou a trabalhar e a situação durou mais alguns dias. Em uma das noites ele se pôs ao lado dela.

— Você sabe que pode contar comigo, não é? Eu queria dizer umas coisas só... Sabe... Seu tio. — A menina se pôs a apontar para ele com seu olhar morto — Ele cuidou de você, e te amou sabe. Eu ainda tenho dúvidas sobre tudo que aconteceu, mas conhecer você. Eu tenho que te agradecer imensamente. Eu estava com tanto medo e sozinho naquele dia... Você me salvou. Sabia sempre que por mais que seu tio não esteja mais aqui fisicamente, ele está aqui — o garoto pegou a mão dela e botou no peito dela — Foi por isso que estou dizendo isso agora, foi isso que ele lhe deixou, a sua bondade e seu amor estão no seu coração e é isso que você emana.

A menina abriu levemente a boca, de alguma forma, estava surpresa com as palavras de Astra. Ela mordeu os lábios inferiores com força até que saísse sangue. Lágrimas fortes correrão pelo seu rosto e ela pôs se a chorar no peito do menino enquanto ele acariciava seus cabelos.

— Eu sinto tanto a falta dele. Ela dizia. — Eu sinto tanto a falta dele...

E por lá ficaram até que tudo fosse posto para fora.

Quando a lua estava ainda alta, eles ouviram um bater na porta. Astra foi com certa apreensão até lá, abriu e lá estava uma figura a quem não via a algum tempo, lá estava Elasalor e lentamente ele disse.

— Olá irmãozinho.

As pupilas do menino diminuíram, a luz bruxuleante das velas fazia as duras sombras no rosto de Elasalor parecerem temerosas, seu olhar naquele momento era como Astra nunca sentira antes, era ameaçador, digno de um assassino. O seu próprio irmão o deixava completamente amedrontado.

— E pensar que eu demorei esse tempo todo para te encontrar e você estava bem debaixo do meu nariz.

O menino não responder e nem que quisesse seria capaz.

— Papai está muito furioso com ele, nós vamos voltar para casa agora. Venha comigo.

Elasalor se afastou da porta esperando que o irmão viesse junto como lhe fora ordenado, mas isso não foi o que aconteceu, Astra estava cabisbaixo murmurando.

— Você não me ouviu? Venha logo.

— Não vou...

— Não teste minha paciência, eu também estou extremamente furioso com você. O maldito do Elendir ainda quis defendê-lo. Patético.

— Não vou...

— Se você não se mover daí agora eu vou ter que lhe trazer a força.

— EU NÃO VOU VOLTAR PARA LÁ COISA NENHUMA!

O semblante de Elasalor pareceu mais mortífero ainda com aquelas palavras.

— Seu... Insolente...

A jornada de AstraOnde histórias criam vida. Descubra agora